sexta-feira, 29 de junho de 2007

OLHARES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM OU DIFICULDADES DE ENSINAGEM?

Olhares sobre o Fracasso Escolar:
Dificuldades de Aprendizagem ou Dificuldades de Ensinagem?

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Atualmente o fracasso escolar é um grande problema para o sistema educativo face aos prejuízos econômicos e sociais que encerram tal questão. Como já versa com grande propriedade o Prof Hamilton Werneck “se boa é a escola que reprova, bom é o hospital que mata”.
O comportamento mais comum nas instituições de ensino é atribuir ao educando a “grande culpa” pelo não aprender. Em outras situações atribui-se ao educador o fato de “não saber” estimular o aprendizado. Outras circunstâncias levam os educadores a encararem o saber como muito difícil e complexo para que o aluno entenda. Em outra linha afirma-se que os instrumentos de avaliação não servem para mensurar a qualidade do trabalho escolar.
Todavia, julgo pertinente efetuar alguns questionamentos cabíveis as múltiplas interpretações dadas preliminarmente a este fenômeno social e psicopedagógico:
· Por que o educando é o culpado? Será que ele não quer nada mesmo ou não há estímulos capazes de motivá-lo a aprendizagem?
· O educador está municiado de estratégias diferenciadas de aprendizagem e é capacitado ao exercício da docência em relação aos estilos de aprendizagem dos educandos?
· Os saberes administrados na escola são construídos de uma forma academicista ou contextual? Respeitam a linguagem e o desenvolvimento cognitivo do educando?
· A verificação do rendimento escolar privilegia aspectos quantitativos (saber, saber fazer) e qualitativos (saber viver, saber ser, saber conviver) de forma equilibrada ou se trata de um saldo bancário de quanto o educando é capaz apresentar em relação à cognição única e exclusivamente?



Não tenho pretensão alguma em apresentar respostas, meu objetivo é provocar a reflexão, mas se por um lado existe realmente portadores de dislexia (dificuldades com as palavras seja na oratória ou na escrita), de discalculia (dificuldades com os números, com os cálculos) de dispraxia (dificuldades com a motricidade) e de TDAH – transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, há, também, o exercício docente desconexo as premissas do desenvolvimento humano na perspectiva pentagramal biológico, físico, social, psicológico e espiritual, conforme proposições de Morin.
Quando coloco este ponto de vista trago a baila a execução dos planos curriculares que por vezes não respeitam os níveis estilos cognitivos e os esquemas de desenvolvimento dos educandos em face das postulações da teoria cognitiva de Piaget, da teoria psicossexual de Freud ou ao desenvolvimento psicossocial proposto por Eric Erikson e, portanto falham em sua premissa básica que é de conduzir a aprendizagem.
O Professor Celso Vasconcellos nos submete a pensarmos a superação da lógica classificatória e excludente - do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem indicando:

Devemos reconhecer que transformar a realidade é um tanto mais complexo do que parece à primeira visada de um olhar ingênuo ou voluntarista. Insistimos: não é qualquer mudança que interessa; temos constatado alterações na prática que não superam o problema fundamental da avaliação, por não estarem vinculadas a um novo projeto educacional (e social). O que está em jogo é, sobretudo, uma mudança de prática que venha acompanhada de uma mudança de concepção, em que o professor tenha uma autêntica práxis transformadora, e não uma prática diferente, contudo marcada por um caráter superficial, mimético. Nesta medida, torna-se relevante retomarmos aquilo que já está enraizado quanto à avaliação, visto que, para avançarmos, o desafio não é simplesmente construir novas concepções e práticas, mas desconstruir as enraizadas (no sujeito e nas estruturas), no caso, classificatórias e excludentes.

Em relação ao fracasso escolar, não há culpados. Mas, a responsabilidade pelo sucesso do trabalho escolar é do profissional da educação, do educador. Esta bola é nossa ou não é?

3 comentários:

Unknown disse...

É difícil tecer novas indicações ou recomendações para solucionar o problema do Fracasso Escolar, mas enfatizo as já existentes. Sem a intenção de me alongar em uma lista interminável de tarefas a serem realizadas, destaco algumas que acho ser de relevância para atender às necessidades reais de uma educação de qualidade. São elas:
1.Instaurar uma política educacional legítima que destine as verbas públicas para o ensino público, com diretrizes educacionais coerentes e continuidade de implantação, evitando os desencontros das políticas governamentais;
2.alorizar o professor (salário, carreira, formação continuada), o que certamente manteria em atividade os profissionais de qualidade; e
3.Escola de qualidade para todos, com rede escolar suprida de bibliotecas, instalações adequadas e melhores condições de ensino.
Essas seriam as condições mínimas para se implantar uma escola que respeite alunos, pais, professores e que realize sua verdadeira função, a de formar futuros cidadãos.

Unknown disse...

É difícil tecer novas indicações ou recomendações para solucionar o problema do Fracasso Escolar, mas enfatizo as já existentes. Sem a intenção de me alongar em uma lista interminável de tarefas a serem realizadas, destaco algumas que acho ser de relevância para atender às necessidades reais de uma educação de qualidade. São elas:
1.Instaurar uma política educacional legítima que destine as verbas públicas para o ensino público, com diretrizes educacionais coerentes e continuidade de implantação, evitando os desencontros das políticas governamentais;
2.Valorizar o professor (salário, carreira, formação continuada), o que certamente manteria em atividade os profissionais de qualidade; e
3.Escola de qualidade para todos, com rede escolar suprida de bibliotecas, instalações adequadas e melhores condições de ensino.
Essas seriam as condições mínimas para se implantar uma escola que respeite alunos, pais, professores e que realize sua verdadeira função, a de formar futuros cidadãos.

Jorge Ricardo Menezes da Silva disse...

Concordo com suas postulações referentes ao papel das políticas DA educação. Entretanto, já há políticas demais NA educação.
Defendo que os princípios e fins da educação encerram doIS protagonistas: EDUCADOR (CAPACITADO) E EDUCANDO ( MOTIVADO).
Não adianta aparelhar a escola, tem que municiar o professor.Ele é que é o verdadeiro agente de mudanças, os recursos ajudam mais não fazem a diferença.

Um abraço

JRMS