segunda-feira, 8 de junho de 2009

OLHARES SOBRE A ESCOLA COMO ESPAÇO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O novo padrão imposto pela emergência das tecnologias de gestão da produção industrial tem provocado substanciais transformações nas estruturas e relações sociais. A emergência do modelo oriental de administração da produção de bens e de serviços encurralou o modelo ocidental, pois este é baseado no modelo cartesiano, que enxerga a relação homem e trabalho como uma ligação disjuntiva que se dá pela cognição e/ou motricidade, desprezando-se a afetividade e as relações inter e intrapessoais.

Contraposto a este movimento e com forte posicionamento dentro dos mercados internacionais ascende a partir da década de 80 e marca a década de 90 de século XX, os modelos transcendentais e espiritualistas dos orientais que demonstram eficácia e eficiência no comprometimento do trabalhador com o trabalho a partir da visão integrada e sistêmica que este tem do próprio trabalho e de suas funções vitais nos processos produtivos.

Com a ruptura das fronteiras geográficas transpostas pela telematização criou-se um único mercado, o global, e estas mudanças exigem uma nova organização do trabalho e conseqüentemente das relações sociais.

Esta situação crítica pressiona modificações substanciais nos processos educativos. O homem produtivo do início do século XXI requer competências e habilidades laborais diferentes daqueles que atuavam nos processos de repetitivos para reprodução de bens e de serviços que modelados pelo Fordismo/Taylorismo impunham a racionalização e divisão do trabalho, um cartesianismo cruel, disjuntivo e alienante, e a educação, como um aparelho ideológico do estado, reproduzia fielmente este modelo.

O modelo requerido para laboralidade na contemporaneidade exige capacidade de abstração, criatividade e inventividade, compreensão da interdependência entre os fenômenos, comprometimento com a qualidade, capacidade para o trabalho em equipe, flexibilidade, polivalência, dentre inúmeras características que nutrem a formação da cidadania crítica e consciente.

A forma mais adequada de atrelar o educando do ensino médio a envolver-se com o compromisso com a aprendizagem é o afronte, o desafio, o enfrentamento de uma situação-problema. Este parâmetro proporciona ao educando lidar com a as adversidades, com a diversidade sociocultural, com as pluralidades ideológicas, com o exercício da dialética e com o desenvolvimento da liderança.

O educando do ensino médio regular possui idade média de 16 anos e de acordo com as características psicossociais desta faixa etária há uma busca pela independência moral próprio da formação da personalidade humana, período pertinente aos conflitos de concepção de mundo e forma de encarar a vida, tempo de auto-afirmação, e a escola que funciona dentro de modelos estabelecidos, reprodutora de dinâmicas sociais caducas que não tem a observância que a sociedade está numa encruzilhada paradigmática e mantêm-se atrelada as estruturas curriculares dicotômicas que não respeitam a dinâmica dos tempos, um Procusto da contemporaneidade.

Parafraseando Ferreira Gullar “caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão” temos como indicações receituárias que apresentam norteadores para as bússolas do magistério as contribuições de Paulo Freire, Demerval Saviani ,Pedro Demo e de Gaudêncio Frigotto.

Freire (1999) discorre que não há pesquisa sem ensino e ensino sem pesquisa. Através de seus escritos revela nas entrelinhas que o ato pedagógico antes de qualquer premissa é uma ação que exige rigor metodológico, isto é, requer por parte do educador comprometimento com o ensino e com a aprendizagem, não se tratando simplesmente de transmissão de conteúdos e sim da mudança de comportamentos, objetivo precípuo da educação. Portanto, exige fundamentação nos princípios da pedagogia, da psicologia, da sociologia e epistemologia.

Saviani (2002) afirma que o ponto de partida e o ponto de chegada são a prática social passando pelos momentos da síntese precária, esta entendida como a articulação entre os conhecimentos preliminares e as experiências do educando, da problematização, tratando-se de questões que devam ser resolvidas no âmbito da prática social, pela instrumentalização, da dotação de ferramentas cognitivas e culturais, da transformação de saberes em conhecimentos, finalizando com a catarse, com a assimilação na vida prática dos conceitos a fim do enfrentamento de situações-problema, do domínio das linguagens, da compreensão de fenômenos naturais e sociais, da construção de argumentação e da elaboração de propostas de intervenção da realidade, conforme preconiza a lei 9394/96 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM.

Demo (2000) postula que o contato pedagógico somente acontece, quando mediado pelo questionamento reconstrutivo. Caso contrário, não se distingue de qualquer outro tipo de contato. Dentro de suas perspectivas este questionamento reconstrutivo conduz ao pensar e não ao reproduzir superando o modelo tão somente memorístico e vislumbrando o modelo das aprendizagens significativas, condutora da emancipação sociopolítica e da formação da cidadania crítica.

Frigotto (1995) parte do princípio que na escola, os processos educativos não podem ser inventados e, portanto, não dependem de idéias mirabolantes, megalômanas de gênios que dispõem de planos ou fórmulas mágicas. Depende de uma construção molecular, orgânica, pari passu com a construção da própria sociedade no conjunto das práticas sociais.

Portanto, dentro das premissas previamente apresentadas, é cabível ao trabalho escolar mobilizar o efetivo docente a conceber e realizar estratégias pedagógicas onde a aprendizagem dialógica seja o fio condutor para todas as etapas do processo pedagógico.

Para haver propostas de intervenção na realidade é necessário que a escola, como instituição que promove a socialização dos saberes construídos pela humanidade, seja gerida dentro das perspectivas fundamentadas pela pedagogia histórico-crítica postulada por Saviani onde o trabalho educativo começa e termina no campo das práticas sociais.

Neste olhar sobre as estratégias de ensino-aprendizagem, os jovens deverão ser mobilizados a problematização, a expressar suas idéias, crenças e conhecimentos a respeito de uma temática eleita por eles mesmos. Um aspecto pertinente e congruente a esta fase é o trabalho em equipe, como forma de exercício da dialética, respeito às diferenças e a diversidade ideológica e cultural, bem como elemento que visa superar a postura egocêntrica e individualista, visto que estimula o respeito às vivências e aos saberes individuais.

Este processo educativo é um embrião pedagógico de educação científica e tecnológica, uma vez que predispõe o educando a vivenciar ambiente próprio do ensino superior e do mundo laboral, simultaneamente, conectando aspectos aparentemente divergentes, porque revela-se holístico e complexo, ao invés de ser cartesiano e disjuntivo.

Por isso, o ensino médio com base na educação técnica/profissional se torna imprescindível na atualidade, pois ao mesmo tempo é capaz de conduzir-se pelas veredas do discurso racional próprio da ambientação universitária assim como é o espaço para desenvolvimento das competências cognitivas, procedimentais e atitudinais sintonizadas com a laboralidade, atendendo as disposições da lei 9394/96 que discorre que os fins da educação nacional são o desenvolvimento pleno do educando, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o mercado de trabalho.

domingo, 31 de maio de 2009

OLHARES SOBRE OS PRINCIPIOS DA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA NO ENSINO MÉDIO

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Praticamente, em toda comunidade, seja urbana, suburbana ou rural, existe uma escola. Este binômio nem sempre se traduz numa equação somativa, isto é, escola e comunidade não costumam ser parceiras no processo educativo. O que fica notório é que o universo da escola é um e o da comunidade é outro.

Contudo, a escola é o ambiente ideal para satisfação dos anseios e desejos de melhoria das condições de vida de uma comunidade. Em uma escola atuam especialistas em humanidades e ciências naturais que podem e devem contribuir com a implantação de idéias para melhoria da qualidade de vida das comunidades que a cercam.

Portanto, na escola, além do desenvolvimento da cognição e da conscientização, pode haver a promoção e a mediação de atividades de intervenção na realidade que reflitam a agregação de hábitos e atitudes, formação de valores, construção de cidadania crítica e comprometimento com a qualidade da vida humana.

Segundo Gutierrez e Prado (1999), as descobertas do novo paradigma científico proporcionam mudanças significativas na visão de mundo. A concepção Cartesiana-Newtoniana tem sido superada pelo paradigma ecológico e holístico que se traduzem em uma nova forma de encarar a vida.

Ressalta-se que esta forma de enxergar a realidade ainda não chegou a escola, pois em geral a pedagogia tradicional é o fio condutor da filosofia pedagógica das práticas escolares. Tal fato se revela um agente nocivo ao desenvolvimento de novas mentalidades pelo fato da necessidade de posturas adequadas ao nosso tempo histórico que devem vislumbrar ações proativas no âmbito da ecologia natural, social e humana e a pedagogia tradicional valoriza a educação bancária, como argumenta Paulo Freire, que estimula a individualismo e a formação de “papagaios”, que se reduzem a repetir os fragmentos daquilo que lhes fora ensinado.

A harmonia ambiental por meio das relações da sociedade com o meio ambiente na formatação atual tem proporcionado a agressão e o esgotamento dos recursos naturais. Isaac Newton enuncia em sua terceira lei para os fenômenos naturais da Mecânica que toda ação tem uma reação de mesma intensidade e sentido contrário, isto implica a conclusões prévias que a natureza e o planeta tem reagido a todas estas agressões. Não de forma mecânica, como propôs o célebre cientista, mas de forma sistêmica, inter relacional, de uma forma não vislumbrada pelo pensamento cartesiano-newtoniano, porque a natureza deste pensamento é reducionista e disjuntivo.

O destino humano depende da nossa capacidade em assumir novas práticas sociais que permitam a perpetuação da vida humana no planeta. A cidadania ambiental e o desenvolvimento sustentável serão resultados das práticas pedagógicas onde estejam conjugados o contexto, os saberes e as aprendizagens significativas.

Para realização da educação necessária, a escola necessária deverá dispor dos educadores necessários, isto é, profissionais de educação comprometidos com seu papel social de transmissão da própria sociedade que estejam conectados ao mundo em que vivemos. A premissa básica para o processo educativo é que este seja democrático partindo do planejamento participativo como ação pedagógica essencial.

No planejamento da educação ambiental deve-se considerar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade como alicerces das práticas educativas. A interdisciplinaridade lida como uma rede de relacionamento entre as disciplinas que devem conspirar para a pluralidade contextual de cada fenômeno. A transdisciplinaridade deve ser encarada como a forma eco-sistêmica que cada disciplina se relaciona com o contexto.

Nas práticas educativas de educação ambiental, os conteúdos devem ser encarados como meios e instrumentos que fundamentarão toda ação de transformação da realidade e não com o fim única e exclusivamente propedêutico, que hipervaloriza a cognição e hipovaloriza a construção de hábitos e atitudes, deixando a margem o saber agir e o saber fazer.

A construção das competências cognitivas, sociais e morais que se referem ao saber fazer nos campos dos valores físicos, intelectuais e morais devem ser o objeto de avaliação da produção intelectual dos educandos e da eficiência e eficácia dos projetos juvenis na escola de ensino médio.
Atualmente, a questão ambiental é, antes de tudo, uma questão de atitudes. Os projetos de educação ambiental devem ter como premissa o comprometimento da escola e do educador com a qualidade de vida da comunidade com o desenvolvimento sustentável desta.

São incontáveis os problemas, estes são resultados de uma série de fenômenos de causa e efeito de degradação ambiental. Contudo, as medidas e ações comunitárias mediadas pela escola devem ser tomadas com o intuito de que gerações futuras e do próprio presente não sofram com doenças e com o esgotamento dos recursos naturais.

O primeiro passo para uma ação integrada entre a escola e a comunidade é o conhecer a própria comunidade, suas necessidades de saúde, condições hidrossanitárias e ambiente nos âmbitos natural,social e humano.

O segundo passo é o posicionamento da escola e de sua proposta pedagógica frente a estas necessidades e condições identificadas. O terceiro é a postura do educador que deixa de ser conteudista e memorístico e passa a ser o interlocutor dos saberes, na construção de conhecimentos significativos, partindo do contexto social e não abandonando os conteúdos, mas os organizando por projetos temáticos concebidos pelos atores do processo educativo: educadores e educandos.

Gramsci (2000) conjectura que o estudo e o aprendizado de métodos criativos na ciência e na vida devem começar na última fase da escola não devendo ser monopólio da universidade ou ser deixada ao acaso da vida prática: esta fase escolar deve contribuir para desenvolver o elemento da responsabilidade autônomos indivíduos.

Nestas observações, postulamos o papel da educação pela pesquisa e por projetos de trabalho como instrumentos facilitadores da aprendizagem cooperativa e atrelada a práticas sociais reforçando a autonomia intelectual e o preparo para vida prática. É salutar que se lembre que a cidadania não pode ser ensinada somente através do discurso. Cidadania se ensina e se constrói por meio de práticas individuais e coletivas que possibilitem o educando refletir a própria prática.

A formação acadêmica e escolar do ensino médio, como fase final da educação básica, deve instrumentalizar e municiar o educando de estruturas cognitivas, afetivas e psicomotoras de forma que ele possa viver e conviver na sociedade atual. A sociedade atual carece de atitudes, hábitos e valores que permeiem as relações humanas interpessoais e intrapessoais e a relação homem-ambiente, seja ele natural ou o construído.

Nesta escola há vida. Há vida porque há protagonismo. Esta é a escola dos meus sonhos e este é um sonho possível. Estamos juntos?

terça-feira, 5 de maio de 2009

OLHARES SOBRE A ESCOLA PARA GERAÇÃO @


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Várias perguntas vivem assolando minha alma educadora: Quem são os educandos? Como se conforma sua personalidade? Como se estrutura sua aprendizagem? Com o eles são afetados pela tecnocracia imperante das tecnologias da informação e da telematização?

Vivemos na era do gênio da lâmpada do Aladim, onde a alegoria da lâmpada mágica se identifica com o magistral computador, ligado a internet é claro, e de alta velocidade, para em que frações de segundos se tenha acesso a jogos, músicas,filmes, informações. Posso conversar com meus amigos e as altas horas. Tudo ao simples toque do indicador ao botão esquerdo do mouse.

Que sensação de poder. Manipular, trocar dados, fazer trabalhos escolares tipo control C control V. E o melhor, eu acredito que aprendi, porque ludibriei o professor, ele acredita que aprendi porque entreguei o trabalho e/ou finge que sabe que eu sei o que na verdade não sei. Saber é outra coisa, saber é lidar com as informações e conhecimentos de modo a um agir mais consciente, ao conviver com a diversidade e com as adversidades.

O computador dá poder, liberdade e mesmo que tenha ferido a ética, na apropriação indevida de saberes que não construí, ninguém é capaz de mostrar tal fato, porque de fato a grande maioria dos pais e dos educadores não estão nem aí. Uns porque não sabem mesmo e outros porque não querem mesmo.

E com isso há uma desconstrução dos alicerces educacionais porque a aceitação de determinadas práticas conduzem a alienação. Na minha geração, juventude do final dos anos 80 do século passado, os trabalhos eram feitos a mão, manuscritos, quando muito datilografados. A gente tinha que ler e se quiséssemos copilar o fazíamos por meio de resumos que permitiam o uso do vocabulário próprio, flexionando a linguagem para nossa interpretação.

Claro que não sou favorável ao retorno de determinadas práticas, como por exemplo o da transcrição manual, seria um retrocesso medieval. Todavia, a leitura e a interpretação da linguagem verbal, da linguagem pictórica, da linguagem matemática, da linguagem científica com seus símbolos e signos tem sido dificultadas pela ausência de uma educação para o pensar, para a criticidade.

O computador, a lâmpada mágica, assim como a calculadora tem sido tratadas como inimigos. Quem não foi educado para usar a calculadora vai errar as contas, porque o uso da calculadora exige aplicação da lógica matemática, que se inicia no simples fato de empregar regras básicas tais como, em uma sentença primeiro multiplicação e divisão, depois soma e subtração. O mesmo se aplica ao uso dos computadores, incontáveis trabalhos escolares são passados sem regras claras, tipo indicação de recursos bibliográficos e a exigência deles na bibliografia do trabalho. Informar que Yahoo, Google e similares são sites de busca e não fontes de consulta.

Exigir redação própria, pegando no pé com aqueles termos que são colocados nos trabalhos escolares e que nós educadores de fato sabemos que eles não conhecem. Trabalhar com as recomendações da ABNT para composição de projetos de pesquisa que indicam que trabalhos científicos tipo pesquisa, sejam individuais ou coletivos, tenham cabeça, corpo e membros, isto é, introdução, desenvolvimento, conclusão, referências, citações. Enfim, que sigam a disposições normativas.

Se queremos educar em valores, devemos possuir uma práxis que conduza a uma linha de enfrentamento dos problemas de nosso tempo, este do lidar com as adversidades proporcionadas pela quimeroplastia das tecnologias na educação é um passo de suma importância para assumirmos que somos gestores de nossas aulas.

Frequentemente é dito que os educandos precisam de limites, porque estes são necessários para construção de suas personalidades, porque eles precisam lidar com as frustrações, com vitórias e com derrotas.

Combinar estratégias e cumprí-las é um parâmetro. Outro é apontar os pontos falhos na aprendizagem. Corrigir avaliações no quadro é massificação, o educador somente aponta o que é certo, muitas vezes não atinge o âmago do erro de educandos, em particular. A dinâmica pode ser diferente, tipo levantar algumas das respostas equivocadas, ler o questionamento e apontar quais elementos deixaram de ser apresentados.

Como contribuição final a representação/reflexão do bom professor, por Mary Rangel:

Acredito no valor pedagógico e social do bom professor. Ele sabe o que ensina e por isso, o faz com clareza, elucidando e exemplificando conceitos, aproveitando e articulando o saber do aluno ao saber acadêmico, utilizando formas de ensinar diversificadas, de acordo com a matéria, o aluno, os recursos, as circunstâncias, estimulando o aluno à palavra e à ação, entendo-se como forças políticas de um povo.
E porque a prática social encaminha a prática pedagógica, o “bom professor” se define como aquele que ensina conhecimento, raciocínio crítico e o valor do direito político do cidadão a “ser' e “viver” com dignidade.

Em pleno século XXI, com toda dinâmica do Orkut, do MSN, das Lan House, dos play games, do media player, da suposta manipulação do mundo e do universo sob o comando de cliques em teclados e mouses visualizáveis na tela LCD , é necessário dar mobilidade a aula.

Se a vida tem cinestesia, a escola e a sala de aula tem que ser também ambientes que apresentem características de nossos cenários sociais tais como rede de relacionamentos, ao vivo e a cores, discussão e formação de opinião, e para realizar este trabalho dialético lembremo-nos de Sócrates, que o fazia magistralmente sem lousa, sem carteiras e cadeiras na Ágora ateniense. O maior recurso multimídia é você, educador.

OLHARES SOBRE O MUNDO ATUAL E A UTOPIA EDUCACIONAL


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe as à esperança posta por alguns no progresso da humanidade. A história humana sempre foi conflituosa, mas há elementos novos que acentuam o perigo e, especialmente, o extraordinário potencial de autodestruição criado pela humanidade no decorrer do século XX. A opinião pública, através dos meios de comunicação social, torna-se observadora impotente e até refém dos que criam e mantém os conflitos. Até agora, a educação não pôde fazer grande coisa para modificar esta situação real. Poderemos conceber uma educação capaz de evitar os conflitos, ou de os resolver de maneira pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos outros, das suas culturas, da sua espiritualidade.
Jacques Delors

Confesso que fiquei perplexo diante da análise estarrecedora dos “novos tempos” narrados na entrevista realizada pelo jornal O GLOBO com o traficante Marcola, líder do PCC, em 2006. Recebi o material na forma de slides de uma amiga educadora, gestora e proprietária de escola no Rio de Janeiro.

A razão da perplexidade é o da visão apocalíptica de nossa sociedade. Da nossa maneira de encarar e gerir os gargalos sociais ao longo de décadas. A grita social é de longa data. No entanto, nos fizemos de cegos, surdos, mudos e tetraplégicos, mesmo dotados de todas nossas possibilidades, porque simplesmente nos utilizamos da negação de que trata a teoria Freudiana, tentamos a todo momento não aceitar as realidades como fatos, fantasiamos o que nos perturba o ego. Marina Colasanti, diz em EU SEI, MAS NÃO DEVIA:

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.A gente se acostuma à poluição. タs salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. タ luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. タs bactérias da água potável. タ contaminação da água do mar. タ lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Os resultados de décadas de ações políticas populistas e de assistencialismo sem sérias intervenções que mantiveram centenas, milhares e agora milhões na linha marginal da sociedade estão aí. Vamos continuar negando?

Como eu não quero e nem devo me acostumar, pego minhas armas, as palavras. E digo não a negação. Entendo que não fizemos o dever de casa. Não fizemos a manutenção necessária. Não corrigimos erros históricos e muito menos planejamos ações de curto, médio e longo prazo para que nossas cidades estejam preparadas para as transformações condicionadas pelo crescimento populacional e econômico.

Um exemplo atual desta problemática é a região da Costa Verde, no litoral sul do Rio de Janeiro. O porto de Itaguaí, a Companhia Siderúrgica do Atlântico são realidades, respectivamente, em revitalização e ampliação do potencial econômico do estado. Uma ótima iniciativa. Todavia, transeuntes agonizam por horas perdidas em um trecho relativamente pequeno, de poucos quilômetros, que já poderia ter sido sanado se a ponte sobre o canal de São Francisco, há anos com problemas estruturais tivesse sido consertada.

Fora isso, além da infra estrutura física, pergunto: será que a população de Itaguaí e regiões circunvizinhas tem recebido as melhorias qualitativas sociais que devam acompanhar o crescimento econômico?

Retomando a discussão inicial, saí da perplexidade, e vencendo a letargia que me acorrentava e o desejo de enterrar a cabeça, como uma avestruz, comecei a indagar e buscar respostas para minha ansiedade. Achei um caminho, reli a entrevista e encontrei uma pseudo cultura. Vi elementos que revelavam conhecimento, mas não sabedoria.

Reencontrei no meu eu e no nós, na educação o caminho para trilharmos e construirmos uma sociedade mais igualitária, mais humana. Lembrei o exemplo do quebra-cabeças, uma inspiração de COMO CONSERTAR O MUNDO, nos escritos de Gilberto Cotrim:

Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção. De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava!
Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou-o ao filho dizendo:
Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas, depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
A princípio o pai não deu crédito as palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares.
Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
- Você não sabia como era o mundo, meu filho, então como conseguiu?- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.

Mesmo diante das adversidades que nos impõem os sistemas educacionais, deixemos ecoar no nosso ser e agir docentes o que propõe o bom e velho Sêneca que tenhamos sempre em mente que somos responsáveis pelo bem que deixamos de fazer.

Fica a lição trazida por Daniel Goleman que devemos investir na alfabetização emocional da mesma forma em que investimos na alfabetização cognitiva. Fica a lição de Richard Wolman que devemos pensar com a nossa essência humana, a conciliarmos racionalidade e espiritualidade, entendendo a nossa complexidade transcendental que não pode ser matematizada, de forma aritmética, como muitos dizem, que somos razão e sensibilidade, criando porcentagens para isso. Tal ação é reducionismo.

Utopias? Sonhos? E porque não? O mundo é aquilo que fazemos dele.

domingo, 5 de abril de 2009

OLHARES SOBRE A PERPLEXIDADE DOCENTE E A FALTA DE ATITUDES

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...


Claudio Humberto

Diante das adversidades vividas em nosso cotidiano, nós educadores temos duas opções: ou desistimos de vez e assistimos passivamente o ruir das estruturas sociais frente a erosão da família e a corrosão da escola, destituídas de valores sociais e intelectuais que alicercem questões básicas do convívio humano, tais como respeito, responsabilidade e solidariedade ou encaramos o problema, saindo do plano da perplexidade e mergulhamos em ações combinadas que visem contribuir com os processos de melhorias qualitativas dos cenários em que vivemos.

Precisamos assumir a realidade. Ficamos frequentemente diante da utopia de que os alunos deveriam se comportar passivamente diante da administração dos conteúdos. Atribuir a responsabilidade da gestão da sala de aula ao jovem é o mesmo que atribuir a gestão de sua casa ao seu vizinho. O problema é seu e você quer que os outros venham resolver? No máximo o que você poderá obter é orientações que te ajudem a solucionar suas questões. Não tenha plena certeza, não há verdade absoluta, construa sua verdade pois a verdade de outrem não necessariamente é a sua verdade. Cada turma tem sua dinâmica e este é um aspecto relevante. Reconstrua suas práticas diante da diversidade. As reconstrua em time, time de professores, cuidado com a arrogância:

Arrogância é um perigo porque ela altera inclusive nossa capacidade de aprender com o outro, de entrar em sintonia. Bons músicos não fazem uma boa orquestra a menos que eles tenham sintonia. E essa sintonia vem quando as pessoas respeitam a atividade que o outro faz e querem atuar de forma integrada.

Mario Sergio Cortella


Sala de aula não é ambiente de reprodução das lógicas impregnadas pela burguesia tais como submissão, autoritarismo, dogmatismo e competição. A sala de aula é ambiente que exige postura dialética porque esta é uma das exigências da contemporaneidade, do emprego da capacidade de dialogar para solucionar problemas e elaborar propostas de intervenção na realidade. Sala de aula é ambiente de protagonismo, de emergência da individualidade dentro da coletividade/diversidade, da universalidade dentro da multiversalidade.

Entretanto, o conteudismo crônico acentuado pela memorização de fatos e conceitos (saber) e a hipo valorização da aprendizagem de procedimentos e atitudes (saber fazer/saber ser/saber conviver) tem trazido a tona as ulceras de nossa sociedade. Antes a mãe fazia o papel de primeira educadora, conduzindo o infante a aprendizagem de conceitos, habilidades, hábitos e atitudes. Como a sociedade mudou, a mulher-mãe por uma questão de manutenção da saúde financeira familiar, ou de transformação do próprio seio familiar, terceiriza a educação no lar para a babá, tia, madrinha ou avó, ficamos de certa forma órfãos desta modalidade de educação, que outrora viria de casa, a das atitudes básicas.

Chegamos ao ponto que recebemos um público com altos índices de distorções comportamentais no que se refere ao relacionamento humano. Como fomos educados de forma diferente ficamos perplexos. Até então muitos de nós não saímos desta condição. Proponho aqui uma conscientização, o que deve se traduzir como a somatização da consciência mais a ação, ações corretivas, ações preventivas e ações preditivas, uma verdadeira engenharia de manutenção aplicada ao ambiente escolar, a sala de aula como espaço de transformação social.

A educação comportamental ou atitudinal deve estar revestida de educação em valores onde se estabeleça um contrato social instituído no currículo implícito ou oculto de nossas propostas pedagógicas.

O aprender a conviver tem como pilares a moralidade, a formação humana onde se busque a autonomia da pessoa como indivíduo e cidadão. Questões meta disciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares como democracia, tolerância, aceitação ao pluralismo de concepções, saber ouvir são elementos de alta importância para a hominização, a nossa capacidade de nos conduzirmos de forma afetiva e social.

Ao educador cabe o estímulo a estas práticas, senão casos como os em julgamento no Brasil e no mundo, os Nardone, o de Suzane von Richthofen, frutos da animalidade e irracionalidade humana, continuarão a martelar nossas mentes junto com este artigo da Cosete Ramos editado em 2000, como presente(de grego) dado por alguns jovens de Brasília:

O filho comete uma, duas, três pequenas faltas.
O pai sabe. A mãe e os irmãos também.
A Família se cala. A Família consente.
E lá se vão os valores familiares...
O aluno comete um, dois, três pequenos deslizes.
Os colegas sabem. Os professores e a direção também.
A Escola se cala. A Escola consente.
E lá se vão os valores educacionais...
O jovem-cidadão comete uma, duas, três infrações menores.
Os membros da Sociedade sabem.
A Sociedade se cala. A Sociedade consente.
E lá se vão os valores sociais...
- Afinal quais são os limites? Tudo é permitido? "É proibido proibir"?
- Até aonde é possível ir? Vamos experimentar novas emoções?
- Que tal beber "quentão" na festa junina da escola? Que sensação!
Tudo bem. Podemos ir em frente. Nada aconteceu.
- E agora? Como vamos aprontar? Qual a próxima emoção?
- Apostar uma "pegadinha" no carro do papai? Que liberdade!
(Nas conversas em família e com os amigos todos comentam as peripécias do
adolescente: um verdadeiro ás no volante.)
Tudo bem. Podemos continuar. Nada aconteceu.
- E hoje? Qual a emoção do dia? O que fazer para passar o tempo?
- Jogar ovos nos transeuntes? Que massa!
- Mostrar o "bumbum" pela janela do carro? Que sarro!
- Pichar as paredes do bloco? Que sacanagem com os vizinhos!
- Puxar um "baseado"? Que êxtase!
- Quebrar os "orelhões" da Telefônica? Bom também!
- Dar tiros nas placas de trânsito? Melhor ainda!
- Espancar covarde e cruelmente uma moça, com certeza "uma prostituta", que
estava na parada de ônibus? Que sensação!
Tudo bem. Podemos avançar mais ainda. Nada aconteceu.
- E nesta madrugada? É preciso uma emoção diferente, a maior de todas!
- Qual? Olha ali, um mendigo deitado, dormindo na parada do ônibus!
- Vamos comprar álcool e fazer uma pequena fogueirinha?
- Só quero ver o pulo que o cara vai dar.
Um fala. Os outros calam. Todos consentem!
UM SER HUMANO VIRA TOCHA para despertar novas emoções nunca dantes
experimentadas,
por cinco jovens da classe média de Brasília, jovens que tudo têm, em um
país no qual a grande maioria nada tem!
UM SER HUMANO VIRA TOCHA para iluminar e tornar público o rosto de jovens
que há muito tempo haviam perdido a capacidade de amar. Ou, quem sabe, jovens
que nunca haviam aprendido a amar verdadeiramente. E não sendo capazes de
amar a si próprios, como ensina Cristo, também não são capazes de amar a
seu próximo, não importando de que credo, cor, raça, ou muito menos ainda,
condição social!
O momento do martírio pegou a Sociedade adormecida.
A Família estava calada. A Família consentiu.
A Escola estava calada. A Escola consentiu.
A Igreja estava calada. A Igreja consentiu.
O Governo estava calado. O Governo consentiu.
A Sociedade estava calada. A Sociedade consentiu.
O momento do martírio acordou todos os que dormiam.
O desatino, a insanidade e a impunidade haviam ido longe demais!
UM GRITO cheio de sentimento sai em uníssono da boca do povo brasileiro.
UM GRITO comandado pelos autênticos valores da cidadania.
- Basta. Não vamos ficar calados. Não consentiremos mais.
Outro grito de razão soa claro e urgente.
Outro grito comandando a inclusão de um novo item na Agenda da Nação
Brasileira
para o terceiro milênio.
- EDUCAÇÃO DE VALORES E EMOÇÕES JÁ!!
Na Família, na Escola, na Igreja, no Governo e em toda a Sociedade.


Concluo sob o prisma de Mahatma Gandhi que nos nos indica que devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Olhares sobre os Problemas de Ecologia Urbana no Rio de Janeiro


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva
Sou morador de Paciência, um dos bairros do subúrbio da Zona Oeste desta cidade que se intitula maravilhosa. Tentei reunir aspectos que tornam uma cidade maravilhosa e tudo que consegui enxergar aqui foi passividade, descaso e problemas de gestão pública.
Passividade sim, a população se coloca sempre na condição de oprimida, mas se existem oprimidos é porque existem opressores e se existem opressores é porque alguém por uso da força se deixa oprimir. Esta força pode advir de poderes públicos e mais recentemente, também, do dito poder paralelo, que tem seus códigos e até tribunais.
Vivemos em um estado total de alienação gerado por tempos de educação alienante pautada na memorização e no registro dos saberes acumulados. Observamos passivamente, no dia 21 de janeiro, 3 horas de engarrafamento no Centro do Rio da Avenida Presidente Vargas, da frente do monumento dedicado a Duque de Caxias, na central do Brasil, a estação da Leopoldina, na avenida Francisco Bicalho, um trajeto de 5 minutos. O centro da cidade todo parado e queremos ser sede de Jogos Olímpicos...
O problema: águas pluviais, chuva, choveu forte. Entretanto, não foram chuvas torrenciais. Diante disso o que fez a população após um dia de trabalho? Buscou alternativas para retornar ao refúgio do lar. Uma reclamação aqui, outra acolá e caiu no esquecimento porque existem outros problemas.
Na segunda feira, dia 26 de janeiro foi o dia de Campo Grande e Adjacências vivenciarem o seu dilúvio em particular. Pistas totalmente alagadas, carros enguiçados, translados impedidos e horas a fio a fim do ir e vir em trajetos que demoram 15 ou 20 minutos, no máximo.
Por que o descaso? Porque incontáveis pessoas continuam sem fazer o trabalho de casa, a questão básica é educação, com a cheia do rio Cabuçu junto a rua Arthur Rios em Campo Grande, observamos expressiva camada de lixo acumulado junto as pontes e as tubulações. Quem causa o problema? A população, praticamente a mesma vitimada pelas cheias e que perdem seus pertencem quando as águas dos leitos dos rios tomam suas várzeas naturais que foram invadidas pelo homem.
Por fim, por que é um problema de gestão pública? Porque cabe ao estado e ao poder público instituído dentro das premissas da democracia gerir esta cidade, este estado e este país com dignidade. Se há problemas de ecologia social e urbana, ações de educação comunitária devem ser objeto de socialização nas escolas para os alunos e principalmente para suas famílias. Este é um aspecto.
Outro aspecto é o da manutenção da rede destinada as águas pluviais. O impacto das chuvas na Leopoldina e adjacências no dia 21 de janeiro, na Avenida Cesário de Melo e na Rua Gramado próximo ao cemitério de Campo Grande, no dia 26 de janeiro teve efeitos com elevação exponencial devido a falta de manutenção em bueiros.
A qualidade, parâmetro que deve alicerçar a produção de bens e serviços, na sociedade do conhecimento prescreve que a manutenção é estratégica para redução de custos e dos impactos causados por quebras ou defeitos. Indica-se na atualidade que as formas preventiva e preditiva de manutenção elevam a produtividade e a satisfação do cliente.
Choque de gestão? Se faz necessário. Mas, em todos os aspectos da gestão pública

OLHARES SOBRE A APRENDIZAGEM DOS EDUCADORES

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

“Não é a melhor estratégia os professores ficarem falando o tempo todo; pelo contrário, eles devem fazer a classe a contar o que sabe... É sábio educador aquele que procura desafiar a habilidade e os poderes do aluno, em vez de esforçar-se o tempo todo para dar a lição.”

Ellen White

Ensinar é transferir conhecimentos? Paulo Freire certamente e acertadamente já nos revelou uma resposta a esta questão em sua pedagogia da autonomia. Pois, se ensinar fosse transferir conhecimentos não precisaríamos de professores e da educação presencial. Os livros, as revistas, a internet, a TV são fortes instrumentos de socialização de conhecimentos. Contudo, não são ferramentas capazes de educar plenamente, simplesmente porque não são dialéticos e se não permitem o diálogo mais profundo não conferem de fato competência. Se resumem, apenas como fortes estímulos a memorização.
Autonomia. Autonomia? Autonomia, eis a questão. Realmente objeto Shakespeariano. É de suma importância para o educador entender e aplicar os conceitos na educação, neste sentido, o significado de autonomia é encontrado junto aos gregos onde autos significa por si só e nomós significa norma. Portanto, nossa leitura do termo composto autonomia reside em afirmar que este se traduz como sendo a capacidade da pessoa em tomar suas decisões balizada na ética e no principio da sociabilidade.
A grande questão é exercemos nossa autonomia? A nossa docência emprega no ensinar e no aprender a autonomia?
Se sua resposta for positiva, parabéns! Se sua resposta for negativa você não está contribuindo para a construção de uma sociedade democrática. Parece ser acusatória minha impressão neste momento, mas não o é. De fato minha argumentação é responsabilizatória. Como assim? Parto da premissa que é de responsabilidade docente a educação em toda sua multiplicidade: cognição, psicomotricidade e afetividade, que se resume no saber aprender, no saber fazer/agir, no saber ser e no saber conviver.
Se acaso não está agregado a cultura docente o trabalho autônomo, como poderá este educador disseminar autonomia? Se o educador não é empreendedor e proativo como despertar no educando estes valores?
Por estas e outras razões é tão importante a aprendizagem do educador. Educadores que dominam as múltiplas linguagens, que compreendem os fenômenos pedagógicos e psicológicos envolvidos na aprendizagem, que enfrentam as situações problema tais como salas superlotadas bem como a falta de valorização monetária e moral, que mesmo diante das adversidades tem uma argumentação pautada na utopia docente de que sua atuação contribui para melhoria qualitativa da pessoa possibilitando a hominização do homem, que ainda sim apresenta e realiza propostas de intervenção na realidade porque tem fé na vida, fé no homem e fé no que virá, são exemplos impares de pessoas que sabem o porque estamos e de estarmos aqui e fazem a diferença.
Vamos lá, a hora é essa! Porque o tempo urge e a Sapucaí é grande...