terça-feira, 15 de janeiro de 2008

OLHARES SOBRE OS PRINCÍPIOS DA REALIDADE E DO PRAZER FREUDIANOS NA SALA DE AULA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Freud dispensa apresentações, mas é claro que não posso me furtar em discorrer algumas considerações sobre ele. Considerado um expoente da psicanálise por seus estudos sobre a psique humana sua abordagem sempre provoca discussão sobre questões polêmicas do funcionamento da mente.

É justamente esta linha que me inquieta e mexe literalmente com meus esquemas de entendimento sobre a inteligência humana. Quero satisfazer minha imperante curiosidade de como o ser humano aprende, como entendemos as questões mais simples e as mais complexas, de como somos motivados a aprender.

Ora, esta é uma questão extremamente objetiva para quem quer de fato educar. É sabido que para que possamos ensinar é preciso que o educando queira aprender, ele precisa estar motivado. O simples fato de ele estar na sala de aula não garante o aprender, e isto nós já sabemos.

Também, sabemos que os conteúdos ministrados não são administrados a colheradas na forma de xarope. O cenário deve ser favorável, deve estimular. O educador deve ser ator, cenógrafo e contra-regra de modo a criar um clima afetivo ao desenvolvimento humano que quer proporcionar com os saberes que serão socializados. Isto não quer dizer que tudo tem que ser fácil.

Lembro que nós educadores somos pelo menos uma tríade. Por vezes somos o penhasco a ser escalado, em outras a corda que possibilita a escalada e em outros momentos a mão amiga que ajuda a tracionar o escalador.

Somos facilitadores e, também dificultadores, aqueles que contribuem na construção da personalidade humana, aqueles que tiram o educando da condição de coadjuvante para protagonista da edificação de sua própria existência. Esta é uma das exigências da construção da autonomia. O meu famoso DTJ – dá teu jeito, faz parte, concordam? Só não pode ser um DTJ sem orientação e mediação pedagógica, as estratégias precisam ser combinadas.

Esta postura tira o aluno da zona de conforto, da acomodação, da passividade. É justamente este desconforto que cria o desequilíbrio que conduzirá o educando ao pensar, ao agir, a mudança de comportamento, ao fazer, objetivo maior da educação.

Precisamos admitir que o desejo e a sedução fazem parte do cotidiano da sala de aula. O educador tem papel incisivo na edificação do desejo de saber do educando. Não a permissividade, não a tirania e sim a coerência e ao bom senso.

Nossos educandos estão impregnados pelo princípio do prazer, das respostas imediatistas, da impulsividade sendo regulados pelos nossos instintos, pelo id, muitos de nós também. Isto em uma sociedade onde impera a permissividade e a banalização de direitos sem a equidade com os deveres e com a ética, fato que conduz a comportamentos nocivos sob a óptica da sociabilidade.

O principio da realidade se estrutura nas relações interpessoais, na descoberta de nossas limitações, e se parametriza na assertativa que meu direito termina onde começa o direito de outrem. É a ação do superego sobre o ego, de nossas crenças acomodadas em nossa psique sobre nossas atitudes.O desafio é esse. Entender o complexo cenário da mente humana e daí estruturarmos estratégias para dialogar com nossos jovens.
Vai encarar?