sábado, 15 de dezembro de 2007

Olhares sobre as Relações de Poder na Sala de Aula na Óptica Foucaultiana

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A relação professor & aluno é algo extremamente intrigante. O que leva uns professores serem especialistas em educação a distância mesmo estando em sala de aula? O que leva outros a serem sedutores e capazes de provocar a inquietação de modo que os jovens são mobilizados pelo discurso e não vêem a hora daquela aula?

A resposta é simples: afetividade. Aquele professor que mobiliza e seduz o jovem para aula é educador. Reveste sua prática cognitiva em esferas procedimentais e atitudinais, tempero necessário que ativa os olhos, os ouvidos, o tato, o olfato e o paladar, conduzindo ao mundo complexo do saber.

A receita de Marx é clara: “a história da sociedade é a história da luta de classes”. Educadores e educandos em sala de aula fazem deste espaço uma microfísica do poder, repetem modelos em micro escala da práxis social arraigada nas relações interpessoais de dominação com a existência de dominantes e dominados.

Freire argumenta que só existe opressor porque aquele existe que se submete a opressão e ocupa passivamente o lugar do oprimido. Aí esta a burguesia, a oprimida no feudalismo e a opressora no capitalismo. Será este um comportamento natural ou uma construção social?

Foucault nos leva a refletir sobre a soberania, tirania, autoridade e autoritarismo nas relações de sala de aula. O professor com sede e gana de poder se coloca na mítica condição de um deus, acima do bem e do mal, ele tudo pode, não pode ser questionado em suas decisões pelos pobres mortais, que são os alunos, isto mesmo a – lunos, sem – luz.

Sob esta égide, o professor (diferente do educador) submete o aluno (diferente de educando) a um processo – Contrato social empírico que se alicerça e parametriza em subversão por meio da coação e privação, de obrigações e interdições. Se algo sob o olhar do “todo-poderoso” foge ao padrão estabelecido, que sequer fora combinado, o peso do martelo de Thor (como um justo juiz) atua e o professor exclui, expulsa de sala, suspende de aula o aluno-infrator.

Ora, o que é isso? Que escola é esta? Um sistema prisional, que não recupera e muito menos educa ninguém, disfarçado? Este direito de punir se reveste sob a ética da defesa da manutenção do controle social. Mas, que controle é este se não há contrato? Se há contrato, como ele é mediado?

É claro que defendo a ordem e a disciplina. Mas defendo também a liberdade. Sou um democrata, não um tirano, onde tudo é proibido, ou um anarquista, onde tudo é permitido.
Portanto, se faz necessário avaliar de forma sistêmica e holística as ações docentes. Não se trata de uma acusação e sim de assumir posturas e responsabilidades.

O que leva um educador a encaminhar um educando a OE/Coordenação/Direção? Será que foram esgotados todos os recursos dialéticos pelo educador de modo a encaminhar um educando somente em casos necessários e onde a manutenção da ordem em sala esteja abalada? Encaminhar alunos desmedidamente não é ação prematura e uma transferência da responsabilidade da gestão da sala a outrem?
Os limites são necessários. Todavia, é uma estrada de mão dupla e não uma via de mão única.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

OLHARES SOBRE A COGNIÇÃO

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O conhecimento é aquilo que deve ser considerado como os domínios entre as crenças e a verdade que o sujeito aprendente(cognoscente) estabelece com objeto a ser aprendido(cognoscível). O conhecimento supera as crenças porque ele é racionalmente justificado e comprovado, não se tratando de uma questão de fé. O conhecimento é crença verdadeira e justificada por meio da ciência.

O conhecimento não pode ser reduzido de forma simplista e disjuntiva a uma coletânea de informações. O conhecimento é uma construção sócio-histórica que responde às necessidades, expectativas e desejos da sociedade, não estando isolado da cultura e dos movimentos sociais de seu tempo.

A cognição explicita o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.

A atenção discrimina o processo cognitivo pelo qual a mente direciona e seleciona estímulos, estabelecendo conectividade entre eles.

A percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, obtidos pelos sentidos: visão, tato, olfato, audição, paladar, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção o ser estabelece relações entre suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. De premissas chegamos a conclusões.

Juízo é o processo que conduz ao estabelecimento das relações significativas entre conceitos, que conduzem ao pensamento lógico objetivando alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente as necessidades do momento. E julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos a fim de estabelecer uma escolha.

Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo aquelas qualidades dos mesmos que são dadas à mente através dos sentidos.

Pensamento é um processo mental que permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efetiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e idéias revela justamente a vontade deste.O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem. O pensamento é construtor e construtivo do conhecimento.

Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos humanos, e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos.

Entendidos, conceitualmente, os instrumentos que revelam a cognição é necessário compreender porque determinadas propostas didáticas não criam vínculos com os educandos. Não criam vínculos porque não tem significado e significância com seu cotidiano. Não criam vínculos porque não revelam sintonia com o momento sócio-cultural infanto-juvenil. Não criam vínculos por problemas de linguagem, que está distante, inadequada ou incongruente com sua forma de ler o mundo e, por isso, não consegue levar ao pensamento, a abstração, ao estabelecimento de juízos, ao estímulo de percepções, ao chamar e ao prender a atenção e não conecta ou estimula o registro ou a consulta à memória.

O inatismo, uma das teorias do conhecimento da educação, se revela radical e distante dos propósitos educacionais deste início de século, porque postula que as capacidades intelectuais são congênitas, podendo ser desenvolvidas pela educação. O empirismo, outra teoria, também, se revela radical e afastada das recentes postulações e estudos da psicologia da aprendizagem, pois considera o ser humano como uma tábua rasa e por isso isento de traços sociais, psicológicos, biológicos, físicos e espirituais que conformam o seu âmago.

Uma teoria com forte aceitação junto ao meio educacional brasileiro é o socioconstrutivismo ou sociointeracionismo que apresenta a somatização dos aspectos convergentes, paralelos e transversais das concepções piagetianas e Vygotskyanas valorando e explorando as perspectivas da construção do conhecimento com a amplitude óptica social e cultural dentro de uma olhar histórico, sintonizado com a realidade contextual humana local e global.

Como vai a cognição em sua aula?

sábado, 24 de novembro de 2007

MATÉRIA NA COLUNA DOS COLÉGIOS - FD


Soluções são apresentadas pelos alunos da Eterj

22/11/2007
Luciana Rosário
Buscar novas formas para resolver problemas do cotidiano, através das invenções dos estudantes. Este foi o principal objetivo da direção da Escola Técnica do Rio de Janeiro (Eterj), em Santíssimo, ao realizar a Feira de Ciências e Informação Profissional (Fecip).A abertura da Fecip foi na última quarta-feira, 21 de novembro, e contou com a presença de representantes de Furnas Centrais Elétricas, pais de estudantes e de um vereador local. Os visitantes puderam conferir os cerca de 120 projetos do ensino médio técnico e os 15 do ensino fundamental. Todos os alunos da escola técnica estão participando do evento, são cerca de 1700 jovens.O evento, que vai até sábado, 24, é aberto e a entrada é franca, mas a instituição pede que os visitantes levam uma lata de leite em pó, para ajudar na campanha "Um Natal para Todos". De acordo com o diretor da instituição, Jorge Menezes, educar pela pesquisa é uma das premissas da Eterj. "Nada melhor do que o estudante fazer a construção do seu próprio conhecimento com a mediação do professores, que vão ajudar a mostrar os caminhos. Pedimos que eles apresentem soluções para problemas do cotidiano. O interessante é vê-los buscando soluções", comentou o professor. Um dos projetos que chama atenção na Feira da escola é a "Cadeirama". Uma cadeira de rodas que pode ficar em um ângulo de até 180º para facilitar a remoção do cadeirante para a cama, ou vice-versa. "Mais uma vez, eles pensaram no problema dos acompanhantes dessas pessoas que necessitam de cadeiras de roda, como enfermeiras e familiares. Atualmente, eles precisam fazer muita força para levantar essas pessoas da cama e colocá-las nas cadeiras de roda. O projeto visa facilitar esse trabalho", afirmou o professor Jorge.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

OLHARES SOBRE O ANALFABETISMO FUNCIONAL

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Quando estou em atuação docente me assusto com os sérios problemas de leitura, escrita e de interpretação que os jovens educandos apresentam. É claro que sou sabedor que nem todos os jovens apresentarão a desenvoltura e a maestria dos escritores e dos literatos.

Entretanto, se faz necessário o domínio das linguagens em geral, e o domínio da norma culta da lingua portuguesa em particular, pois esta é encarada como uma competência básica para o exercício da cidadania no século XXI. O que me deixa perplexo é a pobreza vocabular e a inexpressiva autonomia intelectual demonstradas nos diálogos e nos escritos de nossos jovens.

A minha maior preocupação refere-se que estes jovens estão chegando com estas dificuldades ao ensino superior. Tal fato me escandaliza por um outro, a formação em nível superior de pessoas crítico reprodutivistas de um sistema. Está cada vez mais difícil encontrar seres pensantes.

Os moldes de uma educação que se baliza na superficialidade da conceituação, que não se aprofunda na discussão, que não corrige erros de posturas comportamentais, que não ensina a viver e conviver em sociedade, está cada vez mais gerando ilhas e acentuando tribalismos.

Esta é a forma mais perversa de exclusão que se tem promovido. Estatisticamente, os índices que satisfazem os organismos internacionais e as linhas de financiamento para a escola pública brasileira se elevaram quantitativamente. Escolas têm sido dotadas de recursos materiais, Internet, recurso multimídia como se os equipamentos fossem responsáveis pela educação de nossos jovens. Como se tal ação isoladamente agregasse qualidade ao trabalho educativo.

A educação se constitui pela presença de educador e educando, onde o primeiro, não como douto ou dono do saber, mas como mediador, atua de forma a contribuir para o desenvolvimento humano nas esferas cognitivo, psicomotora e afetiva, de forma eqüilátera e harmônica. É preciso, salutar e necessário se investir no professor.

Diante dos fatos, como lidar e combater a perversidade que intitula e não garante a qualidade da formação. Mais uma vez a solução está com o educador. Somos nós que devemos promover as maiores revoluções que a sociedade urge. Não podemos mais nos calar, porque senão estaremos fadados à escravidão moral e intelectual. Bertold Brecht nos indica em poesia:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
É PRECISO AGIR

Até quando permitiremos que sejamos violentados, violados, vampirizados e ainda assim nos mantermos inertes diante de políticas públicas que aniquilam a juventude e acentuam ainda mais os abismos sociais criando uma geração de alienados que servirão apenas como serviçais cibernéticos numa sociedade que prima pelo conhecimento (saber fazer e saber agir) e não pela informação (saber).

Que país é este? Que governo é este? Que nação é esta? Que sociedade é esta? Que escola é esta? Que educador é este?

A educação é a chave da revolução e o educador é o chaveiro.
Eu acredito nisso. E você?

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

OLHARES SOBRE A INTELIGÊNCIA HUMANA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A inteligência humana é uma incógnita. Tal questão encerra incontáveis estudos e pesquisas sobre a cognição humana. Para ficar claro cognição é o ato de aprender, de adquirir conhecimentos. Esta é a esfera de atuação do educador nos planos do aprender a aprender, do aprender a fazer, do aprender a ser, do aprender a viver e a conviver.

O aprender a aprender se reveste do conhecimento da própria cognição, de quais os mecanismos empregamos no ato de conhecer, de captar, integrar, elaborar e expressar conteúdos e capacidades.

O aprender a fazer se nutre das habilidades e dos hábitos agregados a motricidade humana, que é conectada a uma rede de hierarquias e mecanismos neurais que mobilizam processos mentais que conduzem as ações biofísicas.

O aprender a ser, a viver e a conviver se alimenta do auto conhecimento, o oráculo de Delfos revelava a mais de 2500 anos; “Conhece-te a ti mesmo que as portas do conhecimento se abrirão para ti”. Sob esta égide postula-se que o pleno entendimento das potencialidades e das dificuldades, suas e de outrem a fim de lidar com seus próprios conflitos e administrar suas emoções.

Piaget entende a inteligência humana como uma construção qualitativa e quantitativa de processos cíclicos de cognição que partem da assimilação-acomodação continuadas por meio de estimulação aos desequilíbrios que conduzam ao equilíbrio, uma dialética nos planos neurais e psicológicos que rumam para a apreensão de novas competências nos planos laborais e atitudinais.

Gardner parte da premissa que a inteligência é a mobilização de sete veículos que formam a teia da cognição humana. Tal premissa reconhece a genialidade musical de Mozart, a inventividade cinestésico-corporal de Pelé, a visão lógico-matemática de Einstein, a amorosidade de Madre Teresa, a espiritualidade de Dalai Lama e até o fatídico talento lingüístico de Adolf Hitler. Pessoas talentosas, expoentes em suas inteligências. No caso de Hitler, sua admirável força pelas palavras, imposição vocal e vocabular que arrastou multidões, sem ética alguma, num total desprezo pela vida humana e humanidade.

Golemam discorre sobre a imperativa necessidade da administração da emoção nos planos interpessoal, de sua relação com os outros, e intrapessoal, de sua relação com você mesmo. A este fenômeno ele denomina inteligência emocional.

A construção do conhecimento na sala de aula na contemporaneidade não pode estar desconectada destas premissas, pois a psicologia da aprendizagem é um importante parâmetro para que as aprendizagens se concretizem. No dicionário prático de pedagogia a inteligência é definida como a capacidade de solucionar problemas. Para solucionarmos problemas devemos acionar nossos conhecimentos e atrela-los ao plano ético do relacionamento humano no sentido de que a solução não vá de encontro com os interesses coletivos interferindo de forma nociva na comunidade em que se vive.
Educar é complexo mesmo...

sábado, 6 de outubro de 2007

OLHARES SOBRE A ÉTICA DOCENTE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Ainda me assusto com o quanto nossas almas estão impregnadas com o discurso do tempo da ditadura. Quando é para julgar aqueles que não exercem poder sobre nós, o peito enche-se de ar e como donos da verdade temos um parecer consolidado.

Entretanto, quando é para emitirmos nossos pareceres a respeito de nossos pares ou sobre instâncias superiores o medo e o titubeio assaltam e dominam nossa e nosso moral e suavizamos o discurso.

Tal comportamento se reveste sob a égide da ética. Todavia, eu indago se o corporativismo é ético? Se vender a dignidade para manutenção do emprego é ético? Desrespeitar o educando e seu direito a uma aula com qualidade com respeito a sua individualidade é ético?

Todas as questões supracitadas tem morada no plano moral, em nossas crenças e valores, nas magnitudes que parametrizam nossos comportamentos e nos conduzem ao conviver, ao ser, ao viver e ao agir.

Na escola, onde a educação nos aspectos cognitivo, social e moral se consolida vivemos um dilema conforme ilustremente discorre o Prof Paulo Meksenas:

A moral, ao constituir-se como um fenômeno que regula a vida social e que julga o agir considerado correto ou errado, coloca a questão da tensão/conflito que se estabelece entre o sujeito e a esfera social. Nesse ponto da discussão, podemos afirmar que o indivíduo define-se pela sua capacidade de pensar; julgar e querer, levando-o a posicionar-se frente ao mundo e frente aos outros: compreendendo; escolhendo e desejando. Por outro lado, essa tríade afirma-se na sua relação com uma outra: de contexto; de organização do trabalho; de história, isto é, emerge no campo das necessidades; da produção e reprodução da materialidade humana e, ainda, constitui-se como ações no mundo. Tais ordens estão em tensão porque nem sempre o compreender; o escolher e o desejar coincidem com as delimitações inerentes ao contexto; à organização do trabalho e à história. Trata-se do velho conflito indivíduo – sociedade e em meio a tal, os prepostos da moral modelam as escolhas individuais frente às necessidades sociais.

Nossa leitura nos leva a crer que este conflito entre o interesse individual e o coletivo manifestado se reveste do comportamento egocêntrico em busca da auto-afirmação da ideologia singular, das dificuldades em entrar em comunhão com aquilo que faz parte do cenário político e ideológico da instituição que escolhemos atuar.

Cada instituição tem seu projeto pedagógico e estes projetos têm opções políticas, ideológicas, epistemológicas por fim filosóficas que se alinham com as percepções de seus gestores e pares (coordenadores, orientadores e professores).

Viver em democracia é isto. Entender que há um mosaico. Que este mosaico pode ser reconstruído. Contudo, para o bem da coletividade a crítica ao plano escolar deve se dar no fórum específico e a sala de aula devem privilegiar a aula e não se transformar em um palanque de promoção pessoal do “eu poderia fazer se as condições fossem”.

Sou simpático ao pensamento marxista e entendo que a história da sociedade é a história da luta de classes. Só no posso concordar com posturas alienadas e comportamentos panfletários fora de época. Em minha humilde interpretação creio ser mais salutar a soma de esforços para solução conjunta dos problemas do exercício da docência do que ficarmos falando com quem não pode resolver nossos problemas.

O que me assusta é ter que lidar com pessoas onde os limites entre o dever ético e a mentira têm prismas diferenciados. Atualmente Renan Calheiros é o vilão do momento, os outros já foram esquecidos. Todos têm uma avaliação a respeito de sua postura. Afirmam que ele foi antiético e que por falta de decoro deve ser punido com a perda do mandato.

Um profissional de educação que mente, omite, altera dados, falta com a verdade, falta indiscriminadamente ao trabalho, não participa das atividades educacionais, é “corpo presente” nos conselhos de classe e reuniões pedagógicas, não cumpre o planejamento combinado é tão antiético quanto os condenáveis que estão no congresso nacional. O que os distancia é a esfera de atuação se estivesse lá fariam o mesmo.

A honestidade é uma magna virtude do campo profissional do educador, trata da responsabilidade para com o trabalho e com o serviço que presta a sua instituição e a sociedade. Trair este princípio é conspirar contra a sociedade, é conspirar contra si mesmo e contra a humanidade.

Pode parecer agressivo este olhar, mas, em nome da ética, tem certas coisas que precisam ser visualizadas de uma maneira mais crua e desnudada. Há muitos melindres no educador, precisamos nos despir deste falso código de ética que nos oprime. Não devemos proteger quem não mereça nossa proteção.

Os educadores, como qualquer outro ser humano que atua em outros planos profissionais, são passíveis de erros. Só não podemos permitir que se perpetue em nome de baixos salários, sob o véu das condições inadequadas para o exercício do magistério, comportamentos negligentes e irresponsáveis que denigrem nossa imagem e comprometem nossa nobre missão de educar.É ético lutar por boas condições de vida e de trabalho, isto alimenta o moral do educador. Para ter este moral devemos agir sob a luz da moral, sobre o alicerce transcendente da autonomia intelectual, no plano ético. Você crê nisto?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

OLHARES SOBRE O ABSENTEÍSMO NA ESCOLA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Escola é lugar de gente, gente que estuda, que trabalha, que se socializa. Escola se faz com gente. Gente que se compromete com a educação plena, gente que promove a difusão dos saberes construídos ao longo da história da humanidade, gente que humaniza e hominiza, que atua no plano da educação moral, que dissemina hábitos e atitudes que contribuem para as atividades sociais e laborais.

Por estarmos em uma instituição educativa em tempos de globalização econômica e de planetarização filosófica e comportamental, parâmetros advindos do toyotismo impregnam nossas práticas e a retórica da gestão escolar, dentre os quais podemos citar: o comprometimento, a postura pró-ativa, a capacidade de administrar recursos e processos ao longo do tempo.

É fato que seres humanos estão mergulhados em um mundo onde problemas em sua teia da vida biofísica, social, psíquica e espiritual podem comprometer a qualidade do serviço desenvolvido pelo profissional da educação.

Entretanto, apelo para que o compromisso profissional deva ser relevante na opção do docente em se ausentar do ambiente escolar devido aos prejuízos decorrentes da ausência de um professor.

A falta do professor ocasiona problemas operacionais e pedagógicos. Problemas operacionais porque algumas turmas terão sua rotina escolar alterada e há uma reação em cadeia, porque para suprir uma ausência outros professores são mobilizados para dar cobertura àquela falta.

Problemas pedagógicos porque o planejamento curricular se vê comprometido devido à redução de encontros com os educandos e com isso há um enxugamento do conteúdo a ser desenvolvido. Vale ressaltar que um número elevado de faltas pode comprometer a qualidade da formação oferecida pela instituição. E tal magnitude em uma escola que prima pela qualidade é um forte indício de ineficácia de seu projeto educativo.

O termo absenteísmo é empregado para designar as faltas/atrasos dos profissionais no processo de trabalho, seja por falta ou atraso, devido a algum motivo interveniente.
Ter colaboradores nem sempre significa tê-los atuando durante todos os momentos do horário de trabalho. As faltas/atrasos dos profissionais ao trabalho ocasionam distorções quando se refere ao volume e disponibilidade ou atraso de trabalho. Essas ausências são as faltas ou atrasos ao trabalho. O absenteísmo é a principal conseqüência. O oposto do absenteísmo é a assiduidade. Está relacionada com o tempo em que o profissional está desenvolvendo suas atividades laborais.

O absenteísmo ou ausentismo é a freqüência ou duração de tempo de trabalho perdido quando os colaboradores não vão ao trabalho. O absenteísmo constitui a soma dos períodos em que os colaboradores se encontram ausentes do trabalho, seja ela por falta ou algum motivo de atraso.

Portanto, solicito ao educador que ao optar por faltar que verifique a amplitude de sua ação e a contribuição de seu ato em relação à qualidade educativa que nos comprometemos a efetivar quando escolhemos sermos professores.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

OLHARES SOBRE A DISPRAXIA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Muito se tem produzido a respeito dos aspectos cognitivos referentes ao desenvolvimento humano no que se refere à aprendizagem de fatos e conceitos, ao desenvolvimento do raciocínio lógico. Infelizmente, tem-se esquecido ou relegado ao segundo plano um parâmetro tão importante à cognição quanto a leitura, a escrita, a interpretação, o calculo e a organização do raciocínio, que é a linguagem corporal, a cinestesia, a motricidade humana.
A motricidade é uma das atividades que caracterizam os animais, permitindo-lhes tanto ajustar sua postura em função de suas necessidades de relacionamento com o mundo, como se movimentar neste mesmo mundo, buscando condições favoráveis e confortáveis para explorar o meio que o cerca. Para gerenciar estas atividades, o cérebro emprega os dados obtidos por meio de seus sistemas sensoriais. Por este motivo, existe uma íntima associação entre o desenvolvimento da motricidade e da capacidade de sensório-motora. Logo se observa uma estreita ligação entre a psique e as respostas motoras, há inteligências envolvidas, conforme postulações de Gardner.
Neste sentido, a psicomotricidade e a educação psicomotora, que é desenvolvida na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental é que é banida do segundo segmento do ensino fundamental e do próprio ensino médio, se reduzindo a atividades desportivas nas aulas de educação física, se traduz como o desenvolvimento holístico do ser humano por meio dos movimentos e conduz a redução de dificuldades e de distúrbios de aprendizagem. Assim, a educação psicomotora investe em ambientes que estimulem as vivências corporais, ou seja, buscando retirar o educando da zona de conforto, mexe com os esquemas mentais, proporciona estímulos que contribuem para a assimilação e a acomodação de novas ações motoras que são organizadas pelo uso do raciocínio.
No que se refere ao desenvolvimento de atividades laborais, uma dificuldade de aprendizagem que se revela é a dispraxia. O prefixo dis tem significado etimológico que revela a anormalidade, enquanto que a práxis tem sentido etimológico da ação, do labor, da operação. Portanto, a dispraxia é um transtorno nas aprendizagens espacial e cinestésica-corporal, pois a lateralidade, a organização do espaço, o desenvolvimento de atividades motoras finas criam habilidades e competências cognitivas.
Este fato contribui para o fracasso escolar. Há desvios no desenvolvimento humano que criam limitações para que o educando atinja a fase de operações concretas. Há uma perturbação do esquema corporal. Quando a dispraxia é no olhar, além das perturbações perceptivas, há dificuldades de postura e de equilíbrio físico.
O que fazer? Este questionamento é pertinente, pois cada reflexão que fazemos deve contribuir, também, para o saber fazer pedagógico. São em atividades de jogos cooperativos, construção de mosaicos, escultura, pintura, montagem de cartazes, recorte e colagem que constituem laboratórios de observação das dificuldades motoras dos educando de modo a encaminharmos soluções no âmbito escolar ou clínico com especialistas se necessário. O único cuidado é não banalizar.

domingo, 9 de setembro de 2007

Matéria no CREA RJ em Revista

Dando rodas
à imaginação


estudantes da escola técnica do Rio de Janeiro inventam carrinho de
bebê automatizado e ganham prêmio em exposição do CeFet/RJ


Quase nenhum pai se conforma:
ver aquele equipamento ou aquele
brinquedo tão sonhado pelo filho e
tão caro ao cofre familiar acabar completamente
desmontado ou virar uma
geringonça de "design inovador" ou
utilidade inimaginável.
Mas por trás da aparente destruição
pode estar, mesmo que inconscientemente,
a curiosidade de uma mente
que busca ir além dos efeitos do brinquedo,
procurando as causas, inventando
novas possibilidades.
Certamente essa descrição caracteriza
muitos dos alunos vencedores
da EXPOTEC, exposição organizada
pelo Centro de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca (CEFET)
e que mostra a produção em ciência
e tecnologia de alunos de cursos de
educação profissional de nível técnico
do estado.
O projeto experimental do CBAXP –
um carrinho de bebê automatizado com
rodas dispostas em triângulos para evitar
transtornos na hora de subir escadas
ou calçadas – de um grupo de dez
alunos do curso de mecânica da Escola
Técnica do Rio de Janeiro (ETERJ), é
uma demonstração de como o estímulo
à pesquisa e à prática podem ajudar a
resolver problemas do cotidiano.
Para a aluna Daniele Lucas Macieira,
participante do projeto, foi inesperada
a vitória na exposição. "Não esperávamos
ganhar. Nós pensávamos
nosso projeto como uma coisa simples,
se comparado a outros projetos
participantes. Foi realmente uma surpresa",
afirma.
Mas como no ditado "é nos menores
frascos que se encontram os
melhores perfumes", é também das
idéias simples que nascem as grandes
soluções.
Para o professor Jorge Ricardo
da Silva, Coordenador de Projetos da
ETERJ, toda boa idéia é simples. "No
caso do CBAXP, os alunos imaginaram,
inicialmente, utilizar um acionamento
eletro-eletrônico para as rodas do carrinho.
Depois, eles concluíram que não
seria necessário. Bastava um sistema
mecânico de rolamento para o funcionamento
imaginado. Nem sempre para
a melhor solução é preciso usar tecnologia
de ponta. Isto diminui o custo de
produção e, conseqüentemente, o preço
final para o consumidor", esclarece
Jorge Ricardo. F (V.M)


UNINDO A TEORIA À PRÁTICA

Situada na Zona Oeste da cidade
do Rio de Janeiro, a ETERJ aplica um
importante método educacional para
o ensino técnico: a pesquisa. A participação
nas atividades dos laboratórios
para projetar, gerenciar e fabricar é disciplina
obrigatória para todos os alunos
da escola, que possui os cursos técnicos
de mecânica, eletrônica, eletrotécnica
e informática industrial, todos devidamente
registrados no Crea-RJ.
O estímulo à procura de soluções
para os problemas do cotidiano foi
uma forma que a escola encontrou de
unir a prática à teoria e ao interesse
dos estudantes. "A educação profissional
é uma porta de ascensão para a
maioria dos alunos que procura o ensino
técnico. Com a prática, eles exercitam
a teoria aprendida e se tornam
protagonistas de seu próprio conhecimento",
define o professor.

Olhares Sobre a Politização do Educando do Ensino Médio

por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Em virtude de incontáveis escândalos que causam indignação popular, seja no cenário político local, regional ou nacional, o questionamento das posturas das lideranças instituídas deve se dar, sobretudo nas urnas e na politização de nossos jovens, eles precisam compreender o raciocínio político que rege atitudes de desgovernança, da ausência crítica de planos políticos sócio-ambientais, para progredirem em ações cidadãs, na busca incessante e persistente por melhorias estruturais no bairro, cidade, estado e país onde vivem.
Consideramos que a escola de ensino médio deve ser uma escola para jovens, e entende-se uma escola para jovens como sendo aquela em que eles tenham vez e voz, onde haja o espaço para o questionamento e a discussão, para a reformulação do pensamento, para a construção empírica e racional dos saberes, para a intervenção na realidade, para a transgressão e para a mudança, para criação coletiva e individual da consciência moral, crítica e cidadã.
No âmago desta perspectiva MORIN (2003) enfatiza que a missão da educação para a era planetária é fortalecer as condições de possibilidade de emergência de uma sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos com a construção de uma civilização planetária. Este comprometimento a que Morin se refere se constrói por meio de uma educação que supere modelos propedêuticos e que revelem forte ligação com a contemporaneidade. A politização do jovem por meio da educação visa torná-lo consciente de seus direitos e deveres políticos a fim de que intervenha com protagonismo na teia social em que está inserido.
Os problemas estruturais das comunidades são muito semelhantes, eles se revelam em função de inúmeros parâmetros formados por problemas de ecologia natural, revelados pela degradação ambiental dos recursos hídricos, por meio do lixo, da ocupação desordenada, por problemas da ecologia social ocasionadas pela desestruturação familiar, população de rua, desemprego, analfabetismo, habitação inadequada, tráfico de drogas e a violência, e por problemas de ecologia humana formados pela dependência química, abuso infantil e problemas psíquicos. Discutí-los de forma sistematizada é função social da escola, principalmente das instituições de ensino médio.
Atrelar esta discussão ao cenário político agrega o valor de que a conscientização se construirá em contexto real e não em um plano imaginário ou singular, desvinculado da realidade.Para tanto, a escola deve promover debates de modo que a dialética estabelecida entre os jovens, como representantes da comunidade local, e pessoas que ocupam aos cargos eletivos seja formador de opinião nas duas faces deste tabuleiro de xadrez, tanto nos jovens que poderão opinar, questionar e discutir idéias partidárias, quanto nos políticos que terão oportunidade de compreender os anseios juvenis e contribuir, desde que eleitos, para redução dos hiatos das políticas públicas para inclusão adolescente.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

OLHARES SOBRE O ATO DE APRENDER

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O aprender é uma das mais significativas ações humanas. Pelo aprender somos capazes de desenvolver nossas potencialidades de modo a expressá-las por meio do desenvolvimento de competências, habilidades, hábitos e atitudes.

O ato de aprender é algo intrigante e, no meu humilde ponto de vista, atividade que necessariamente precisa ser visitada pelo educador que deseja ensinar de forma a contribuir com a transformação dos comportamentos cognitivos, afetivos e psicomotores.

Faz-se importante o entendimento de diferentes ópticas que visitam a aprendizagem humana. A epistemologia genética de Piaget é um importante receituário na formatação de concepções a respeito da construção do conhecimento por parte do educando. Ela parte da premissa que a aprendizagem se constitui por meio de estímulos que causam desequilíbrio nos esquemas cognitivos de modo a provocar a acomodação e posterior assimilação dos saberes.

Um outro olhar sobre o ato de aprender, ainda, sob a óptica piagetiana refere-se à questão da maturidade bio-psicológica em função das faixas etárias. Na idade escolar do ensino fundamental, crianças entre seis e doze anos estão no estágio das operações concretas, caracterizado pela manipulação de saberes de forma palpável e observável. Os adolescentes apresentam características do estágio das operações formais fato que permite a hipotetização na construção de argumentação e elaboração de propostas.

Outra visão altamente importante no que se refere ao ato de aprender é ligada à gnose, isto é, como se dá a percepção dos saberes. Existem incontáveis teses que fundamentam este fenômeno da psique humana.

A linha observada por Dunn estuda que a percepção humana atua no estilo de leitura, na forma ou formas latentes em que o ser humano percebe o mundo, se de forma visual, auditiva ou cinestésica.

Outra linha refere-se aos estudos de sobre a dominância cerebral conforme estudos de Gregorc, da forma como se organizam as informações na mente. Se o educando tem sua percepção balizada pelo hemisfério direito (intuitivo e criativo) ou pelo hemisfério esquerdo (lógico e linear).

A leitura de Gardner a respeito da inteligência estrutura a mente como uma teia relacional entre diferentes inteligências que estabelece uma mediação entre os fatores biológicos, cognitivos, psicológicos e sócio-culturais envolvidos no ato de aprender e na construção da própria aprendizagem.

Dado ao exposto, confere-se ao ato de aprender uma leitura complexa de ser entendida. O educador como facilitador da aprendizagem deve ter consciência de seu papel na condução de um processo de ensino efetivo de forma que a aprendizagem como objeto e objetivo do ensino ocorra, de modo a agregar valor à formação humana nas perspectivas intelectual, moral, afetiva, atitudinal conduzindo ao saber, ao saber fazer, ao saber ser, ao saber viver e ao saber conviver.

Ensinar dá trabalho, isto é fato. Entretanto, o resultado é motivador e não há dinheiro que pague a satisfação pela superação do cumprimento do dever docente, simplesmente. É a sublimação do professor que de fato transformou-se em educador.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

ESCOLA DO PROFESSOR DO SINPRO RIO

::::: 2º Semestre de 2007 :::::


:: CURSOS DE ATUALIZAÇÃO ::::::::::::::::SEDE CENTRO

Rua Pedro Lessa, 35 - 2º, 3º, 5º e 6º andares, Centro
(próximo ao metrô Cinelândia) - Tel: (21) 3262-3400


:: Estudo Errado? Olhares sobre a educação na ótica provocativa de Gabriel Pensador



Jorge Ricardo Menezes da Silva
(pedagogo; Especialista em Gestão de RH; Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente; consultor pedagógico; Coordenador Pedagógico da ETERJ).

Público-Alvo
Professores da Educação Básica, coordenadores, supervisores, orientadores pedagógicos, orientadores educacionais.

Objetivos
Interrogar as práticas educativas desenvolvidas no interior da escola a partir da perspectiva de Edgar Morin e confrontá-las com as expectativas e desejos da sociedade, de modo a que privilegiem o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos.

Conteúdos
Análise da crítica apresentada na poesia musical “Estudo Errado”, de Gabriel Pensador. Qual a escola necessária? Qual o currículo necessário? Qual o educador necessário? Análise dos aspectos filosóficos, epistemológicos, psicológicos, sociológicos e pedagógicos da educação e de escola sintonizada com as demandas da sociedade do século XXI. Modelando planos e planejamentos com os pés, as mãos , a cabeça e com a prática em sala de aula.

Dias/Horário
Segundas-feiras • 3, 10, 17, 24 de setembro, 1 e 8 de outubro • 18h30 às 20h30

Carga horária
12 h

Valor
R$ 60,00 • Sindicalizado
R$ 120,00 • Não sindicalizado
R$ 72,00 • Associado de outra entidade de professor ou professor maior de 60 anos

terça-feira, 17 de julho de 2007

ÓPTICAS SOBRE O ADOLESCENTE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


“Nossos adolescentes atuais parecem amar o luxo. Têm maus modos e desprezam a autoridade. São desrespeitosos com os adultos e passam o tempo vagando nas praças. São propensos a ofender seus pais, monopolizam a conversa quando estão em companhia de outras pessoas mais velhas; comem com voracidade e tiranizam seus mestres”.
Sócrates

A adolescência é um período extremamente conturbado da vida humana. Içami Tiba, psicoterapeuta de adolescentes, expressa sua óptica sobre esta faixa etária na poesia que se vislumbra abaixo:

Adolescente é a adrenalina que agita a juventude.
Tumultua os pais e os que lidam com ele.
Adrenalina que dá taquicardia nos pais, depressão nas mães, raiva nos irmãos, que provoca fidelidade nos amigos, desperta paixão no sexo oposto, cansa os professores, curte um barulhento som, experimenta novidades, revolta os vizinhos...
Adolescente é um deus com frágeis pés, um apaixonado que não segura uma gravidez, um atleta que busca o colo dos pais, um ousado no volante que acaba com o carro, um temerário que morre porque desconsidera o perigo, um herói sexual reprimido pela timidez, um conquistador que sofre "um branco" na hora H, alegria de sonrisal em copo de água, escuridão da casa que foi cortada a luz...
Difícil é lidar com ele, porque
ele não se entende com o próprio corpo e ainda é ridicularizado pelos seus próprios colegas.
ele quer resolver os problemas do mundo mas se atrapalha com simples questão de matemática.
ele prefere a certeza de não estudar do que arriscar a sua inteligência numa prova escolar.
ele nem bem se mete a arrumar o seu quarto mas lava e lustra o carro como um joalheiro
ele se indispõe contra os outros em defesa de seus pais que ele mesmo maltrata.
ele fuma maconha empunhando a bandeira da ecologia
ele é rebeldemente sociável e seguramente instável
ele ri com lágrimas, enquanto chora com gargalhadas
ele brinca de brigar
ele vive com sonhos e projetos de um vir a ser
porque
O adolescente é pequeno demais para grandes coisas, grande demais para pequenas coisas.


Ao compararmos o discurso de Sócrates com a argumentação de Tiba observa-se que potencialmente as duas interpretações não se distanciam qualitativamente, mesmo que eqüidistantes em 2500 anos, e em realidades sociais, culturais, econômicas, científicas e espirituais bem diferentes.

Tal fato revela uma simples questão, em nosso humilde ponto de vista, que o adolescente é marcado pela efervescência hormonal manifestada no biológico revelada na puberdade. Que esta manifestação hormonal cria uma busca incessante pela independência, fato comum a qualquer outro animal.Que esta busca pela autonomia gera conflitos com os laços da ética vigente.

O que ocorre é que existem parâmetros sociais que modelam comportamentos esperados e que conseqüentemente tolhem as vontades e a expressões comportamentais transgressoras próprias desta faixa etária e que vão de encontro com o que o adolescente espera e daí para uma manifestação de rebeldia e indisciplina, seja ativa por verbalização ou agressão física, seja passiva por ignorar regras de conduta ou o discurso do mantenedor e fazer aquilo que lhe convém, o que se revela nocivo ao ambiente escolar, em específico, e a sociedade em geral.

Adolescentes precisam de liberdade, porém com disciplina. Esta combinação é necessária e salutar na construção das relações humanas, sejam interpessoais, sejam intrapessoais. Combinação é a palavra de ordem, combinação por dialética, pela discussão democrática da ordem, pela apresentação do que é necessário ao convívio social e não por imposição de normas, sem democracia. Não adianta pregar Piaget e praticar Pinochet.

Outro fato é que as escolas para adolescentes costumam ser chatas e monótonas. São chatas e monótonas porque não os afetam, não criam laços de afetividade, de respeito, de significado, de protagonismo, próprios para esta faixa etária.

Estamos no caminho certo? Precisamos pensar e repensar a práxis?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

OLHARES SOBRE AS FEIRAS PEDAGÓGICAS

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A organização de Feiras Pedagógicas constitui-se como proposta que visa essencialmente para aproximar a Escola de sua Comunidade Discente. Esta é uma aposta que merece atenção na escola de ensino médio que deseja realizar de fato tratamento contextual e interdisciplinar nos conteúdos que deverão ser transformados em saberes pelos educandos. Trata-se de investir em educação plena para o presente e para o futuro de forma a integrar de forma sistêmica todos os envolvidos nos processos educativos.

Tal postulação remete-se as propostas de Freire e de Freinet. FREIRE (1996) nos submete a idealizarmos processos educativos que superem a educação bancária, baseada na transferência de conhecimentos. Suas indicações demonstram que o caminho a ser percorrido pela escola em seus processos formais de educação é o da criação de possibilidades para produção e construção do conhecimento, aqui entendemos que um caminho salutar para o desenvolvimento das potencialidades do educando e construção do conhecimento dentro da tríade cognitiva/procedimental/atitudinal é por meio da produção de projetos de trabalho intermediados por educadores na condição de orientadores de projeto.

FREINET (2000) argumenta a urgência de uma educação com funções vivas e construtivas da pedagogia do trabalho. Tal pensamento nos faz trilhar por caminhos que tendem a vislumbrar processos educativos que vão além da fragmentação proporcionada pela multidisciplinaridade, que chamou de migalhas:

“O trabalho em migalhas”, diz um autor...
Só há migalhas na nossa vida de educadores. Nem sequer conseguimos reuni-las, o que, aliás, seria inútil, pois migalhas de pão espremidas e enroladas nunca dão mais do que bolinhas, boas apenas para servir de projéteis nos refeitórios.
Migalhas de leitura, caídas de uma obra que ignoramos e que têm gosto de pão que ficou ressecando nas gavetas e nos sacos.
Migalhas de história, umas bolorentas, outras malcozidas, e cujo amálgama é um problema insolúvel.
Migalhas de matemática e migalhas de ciências, como peças de máquinas, sinais e números que uma explosão tivesse dispersado e que nos esforçamos para montar, como um quebra-cabeça.
Migalhas de moral, como gavetas que mudam de lugar, no complexo de uma vida de infinitas combinações.
Migalhas de arte...
Migalhas de aula, migalhas de horas de trabalho, migalhas de pátio de recreio...
Migalhas de homens!
Perigos de uma escola que alinha, compara, agrupa e reagrupa, ausculta e avalia essas migalhas.
Urgência de uma educação que evita a explosão irreparável e faz circular um sangue novo na função viva e construtiva da pedagogia do trabalho.
(Freinet, 2000, p.38)


A produção de projetos de trabalho como instrumento de construção de conhecimentos valoriza a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, pois o conhecimento é sistêmico, holístico e interrelacional, diferente do tratamento que comumente é dado nas escolas. Nesta perspectiva, o olhar sobre este processo é socializado pelas argumentações de MORIN (2003) que estabelece como premissas o pensamento complexo e a indicação de uma educação que tem como função básica a construção de uma cidadania mundial, balizada em um sentimento de planetarização da humanidade.
Portanto, o ensino médio que se destina ao preparo para a vida deve ter tratamento pedagógico que congregue um processo interativo entre o aprender a aprender, o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a ser, o aprender a conviver, o aprender a viver e a laboralidade, reforçando a vida em sociedade e o mundo do trabalho.

terça-feira, 10 de julho de 2007

OLHARES SOBRE A PEDAGOGIA CENTRADA NO ALUNO DE CARL ROGERS

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A proposta de Carl Rogers é apresentada como integrante da linha humanista da psicologia. "A pedagogia centrada no aluno" é uma apreensão da teoria, também Rogeriana, sobre personalidade e conduta da “abordagem centrada na pessoa”.

É alicerçada no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus processos de construção e organização pessoal da realidade, que conforme observa Morin em seu pensamento complexo se estrutura em uma conjuntura de fatores biológicos, físicos, psicológicos, sociais e espirituais, em uma teia inter-relacional.

O professor em si não transmite conteúdos, ministra assistência a aprendizagem, contribuindo para que o educando construa um olhar congruente aos saberes administrados, sendo um facilitador de aprendizagem.

Para Rogers, podem-se identificar três tipos gerais de aprendizagem:

· Cognitiva -que resulta na memorização de fatos e conceitos do ser que aprende, relativa ao desenvolvimento de competências laborais, ao saber.

· Afetiva -que revela-se por meio das manifestações interpessoais e intrapessoais, nos sinais internos ao indivíduo se manifestando em forma de prazer e dor, de satisfação ou descontentamento, de alegria ou ansiedade, relativa ao desenvolvimento de competências atitudinais, ao saber viver, ao saber ser e conviver.

· Psicomotora -que manifesta-se por meio respostas motrizes adquiridas por meio da cognição ou latente na afetividade, relativa ao desenvolvimento de competências procedimentais, ao saber fazer.

A abordagem Rogeriana é estruturalmente humanística e objetiva a aprendizagem pela pessoa "inteira"; uma aprendizagem que engloba os três focos gerais: cognitivo, atitudinal e procedimental. Trata-se de uma pessoa em construção e não de um aluno, que etimologicamente significa um ser sem luz, que sairá do mundo das sombras para o mundo da luz pelo parto do professor, uma doce ilusão.

Esta visão é extremamente desconexa com o sentimento de planetaridade que emergiu pós-globalização econômica com o advento dos processos de alfabetização ecológica encaminhada por Capra. Segundo este pensador é preciso reorientar o modo como os seres humanos vivem e educar as crianças e os jovens para que atinjam suas potencialidades. Esta visão e ação têm de ser vistas e abordadas no contexto dos sistemas: familiar, comunitário, ecológico e político, de forma local, mas, também, global.

Neste sentido, a visão expressa por Rogers tem forte identidade com a ecologia humana que é uma hipótese sobre a convivência, a ética e a condição humana. A meta da ecologia humana é restabelecer e religar os seres humanos uma capacidade de conviver em plena harmonia e desenvolver qualitativamente suas potencialidades de forma individual, coletiva e planetária, com êxito na vida e no meio ambiente natural ou construído.

Precisamos partir para práticas educativas mais conexas com atualidade, pois, senão, teremos uma escola cuja estrutura física é do século XXI e a epistemologia pedagógica é advinda da escolástica do século IX.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

OLHARES SOBRE VISITAS DE ESTUDO NO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO:REVISITANDO A PEDAGOGIA FREINET

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Centros de pesquisas, museus, hospitais, florestas, sítios, parques temáticos, instituições de ensino superior e empresas devem fazer parte de visitas de estudo a alunos de educação básica. Vale ressaltar que visitas de estudo são ferramentas cognitivas que estimulam de forma singular e complexa a aprendizagem dos conteúdos ministrados em sala de aula, além de proporcionar o desenvolvimento de competências laborais tais como o trabalho em equipe, liderança, domínio da norma culta da língua portuguesa, responsabilidade e cumprimento de metas e prazos.

Estas visitas têm, ainda, o intuito de estabelecer um diálogo entre Ciência & Tecnologia & Meio Ambiente, tratamento acadêmico holístico que visa desenvolver o pensamento sistêmico com forte dose de ecoeducação, que vai além das fronteiras da conscientização, buscando promover aprendizagem de hábitos e atitudes, ferramenta necessária para educação do profissional do século XXI.

Morin (2003) enfatiza que a missão da escola na era planetária é fortalecer as condições de possibilidade da emergência de uma sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos com a construção de uma civilização planetária. Neste sentido, a Pedagogia Freinet se demonstra instrumento eficaz e eficiente na socialização de saberes sociais e valores necessários ao convívio humano: a cooperação, a comunicação, a documentação e a afetividade.

A cooperação parte da premissa que todo trabalho desenvolvido em equipe reúne ingredientes dialógicos que proporcionam a compreensão e o respeito à pluralidade de idéias na tomada de decisões.
A comunicação refere-se a socialização dos saberes, empregando as linguagens verbal e não-verbal, de maneira a integrar os diferentes pontos de vista visando a superação do espírito disjuntivo, reducionista e fragmentador presente no pensamento mecanicista que permeia as ações humanas.
A documentação tem como objetivo o registro das experiências e experimentações realizadas na construção dos conhecimentos realizadas de forma empírica que deve valorizar o uso de mapas conceituais para posterior formatação em relatórios de projeto de pesquisa nos limites da metodologia do trabalho científico.
A afetividade é componente nutrido pela relação entre os educandos entre si, exigindo respeito mútuo, e entre eles e o objeto de conhecimento, reconhecendo que conteúdos devem transformar-se em saberes para a vida prática por meio de vínculos cognitivos.
A escola e os educadores têm sido impelidos a tomar lugar no aprendizado sistêmico e não no ensino dos conhecimentos formais somente, sem a responsabilidade de educar plenamente e proporcionar condições para o desenvolvimento de habilidades e meios para que os jovens possam traçar a sua independência.
Em síntese, a escola de ensino médio que está dissociada do projeto de vida dos adolescentes, que não dá condições para aplicar a aprendizagem curricular no planejamento de suas vidas não cumpre suas funções sociais.

domingo, 8 de julho de 2007

OLHARES SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO EDUCANDO

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Uma pergunta inquietante é esta: quem sou eu? A grande verdade é, sem a pretensão de ser absoluta, a busca de respostas sobre nós mesmos. Tal questionamento é um objeto subjetivo, pois, certamente não somos a imagem refletida no espelho, somente. Somos substantivo, por definição, por termos um nome próprio, onde o próprio remete a idéia de propriedade, dando um caráter de individualidade ao próprio ser. Paradoxalmente surgem os adjetivos, que nos atribuem qualidades em função de incontáveis parâmetros: aspectos biofísicos, psicológicos, sociais e espirituais, na teia da complexidade humana, como propõe Morin.

A própria teia da complexidade nos dá a “cola” de que ao mesmo tempo em que somos individualidade, somos coletividade Esta singularidade é construída e reconstruída na pluralidade de instituições sociais onde estabelecemos relações interpessoais: na família, na escola, no trabalho, no lazer e para quem professa ideologia religiosa, nos templos.

A sinérgica teia de construção da personalidade e da identidade demonstra, ainda, a nossa capacidade de educarmos e nos educarmos. Como propõe Piaget, nosso desenvolvimento cognitivo parte da premissa que estímulos em nossos esquemas mentais nos tiram da zona de conforto, proporcionando aprendizagens. A aprendizagem é encarada como mudança de comportamento em todos os níveis da compreensão humana: cognitivo, procedimental e atitudinal. Se não há mudança de comportamentos, não houve aprendizagem, isto é fato.

Então, os principais problemas de aprendizagem estão locados na natureza dos estímulos. Estes estímulos no ensino são as mediações proporcionadas pela didática a fim de seja construída a aprendizagem. Nesta, perspectiva, as falhas da didática, por não conseguir estabelecer um cardápio atrativo e sedutor, conduzem o educando ao desinteresse, que o leva a solicitar ir ao banheiro, a estar com dores de cabeça, a criar fugas para sair da “aula marasmo”, isenta de vida e motivação.

Em situações desta natureza devemos questionar a nossa própria práxis incessantemente, de modo a identificarmos onde estamos falhando e em quais aspectos precisamos investir em estímulos que proporcionem elevação da motivação.

Retomando nossa conversa inicial e buscando estabelecer rumos para esta prosa, queremos dizer que a identidade, revelada pelos comportamentos atribui à escola e ao professor papeis relevantes na construção da individualidade e do sentimento de coletividade presentes na personalidade juvenil.

Portanto, na escola, o educador de fato deve se constituir como um profissional capaz de entender e aplicar técnicas educativas que contribuam com esta formação individual e coletiva, sem valorizar o individualismo, para que se construa cidadania crítica e participativa, com intervenções na própria realidade, com habilidades, hábitos e atitudes. Que ao mesmo tempo este educando possa agregar novos valores, relevantes a contemporaneidade, e possua um alicerce comportamental, a fim de que não seja um barco sem rumo.

terça-feira, 3 de julho de 2007

OLHARES SOBRE O DESENVOLVIMENTO MORAL

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva
O termo moral é derivado do latim mores, que significa relativo aos costumes. Pode ser definido também como a aquisição do modo de ser conseguido pela apropriação ou por escalas de aquisição, onde se encontram o caráter, os sentimentos, a conduta, hábitos e atitudes individuais e/ou coletivas.
Logo , o termo moral significa tudo o que se submete a todo valor onde devem predominar na conduta do ser humano as tendências mais convenientes ao desenvolvimento da vida individual e social, cujas aptidões constituem o chamado sentido moral dos indivíduos.
O desenvolvimento humano sob a óptica da moralidade é fruto de estudos de dois expoentes da psicologia do desenvolvimento humano: Jean Piaget e Lawrence Kohlberg. Piaget pauta seus estudos no julgamento moral do educando como fruto de seu desenvolvimento bio-fisico e psicológico. Conforme a mente “amadurece” há uma tendência a que o indivíduo assimile e acomode os conceitos e valores sociais passando a vivê-los no seu cotidiano. Para Piaget existem fases do desenvolvimento moral, a anomia e a heteronomia; que são superadas conforme as pessoas vão ficando mais velhas e evoluindo em suas relações, até conquistar a autonomia.
A anomia caracteriza as crianças de até um ano e meio, que fortemente egocêntricas não conhecem o que é certo e o que é errado, são incapazes de seguir normas. Neste momento, o tipo mais forte de relação que estabelecem é o de afeto pelos pais.
A heteronomia é característica do momento que surge o respeito a regras que são impostas por pessoas mais velhas, que são exteriores à criança e ditadas de forma coerciva. Por isso se desenvolve um respeito unilateral em relação ao adulto, baseado em dois sentimentos: o afeto e o medo.
No entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo.
Para Kohlberg a maturidade moral é atingida quando a pessoa é capaz de discenir senso de justiça de senso de legalidade; que algumas normas existentes podem ser moralmente erradas e devem, portanto, ser alteradas. Todo ser é potencialmente capaz de transcender os valores da cultura em que ele foi socializado, ao invés de incorporá-los passivamente. Este ponto central na teoria de Kohlberg e que representa a possibilidade de um terreno comum com teorias sociológicas cujo objeto transforma a sociedade. O pensamento pós-convencional, enfatizando a democracia e os princípios individuais de consciência , parece essencial norma da cidadania.
Kohlberg estudou o desenvolvimento da
moral e elaborou a teoria dos estágios morais, pois teve a crença que o nível mais alto da moralidade exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que as apresentadas por Piaget. Assim, segundo o autor, existem três níveis da moralidade.
O primeiro estágio é o nível pré-convencional que se apresenta pela moralidade heterônoma, onde "as regras morais derivam da autoridade, são aceitas de forma incondicional e a criança obedece a fim de evitar castigo ou para merecer recompensa" O indivíduo deste estágio, define a justiça em função de diferenças de poder e status, sendo incapaz de diferenciar perspectivas nos dilemas morais. Há neste nível um segundo estágio, o qual Kohlberg, chamou de moralidade de intercâmbio,pois inicia-se o processo de descentração, possibilitando ao indivíduo perceber que outras pessoas também tem seus próprios interesses, porém a moral ainda permanece individualista, fazendo com que estabeleça trocas e acordos.
O segundo estágio, foi chamado de nível convencional, o qual importa-se com o reconhecimento do outro e inclui dois estágios: o da moralidade da normativa interpessoal e o da moralidade do sistema social. No primeiro começa-se a seguir as regras para assim garantir um bom desempenho do papel de "bom menino" e de "boa menina", percebe-se uma preocupação com as outras pessoas e seus sentimentos. Já no segundo estágio, o indivíduo "adota a perpectiva de um membro da sociedade baseada em uma concepção do sistema social como um conjunto consistente de códigos e procedimentos que se aplicam imparcialmente a todos os seus membros.
O terceiro estágio denominado de nível pós-convencional como o mais alto da moralidade, pois o indivíduo começa a perceber os conflitos entre as regras e o sistema, o qual foi dividido entre o estágio da moralidade dos direitos humanos e o estágio dos princípios éticos universais. Neste nível, os comportamentos morais passam a ser regulados por princípios.
Como o objetivo maior da educação, segundo Edgar Morin, situada no contexto da globalização, é fortalecer as condições de possibilidade de emergência de uma sociedade-mundo. Esta seria composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos na edificação de uma civilização planetária através de cidadania participativa. Cabe a escola e aos educadores mobilizarem esforços no sentido de entender e desenvolver ações de acordo com as faixas etárias em função das características de desenvolvimento próprias. Não há engessamento, os estágios não são castas. Entretanto, há fenômenos comportamentais que precisam ser entendidos como próprios daquela fase de vida e a nós atuarmos em perspectivas de inclusão e não de segregação com práticas patrocinadas pelas cegueiras que se formam ao longo da práxis e que estruturam rotulações. Educar realmente é árdua tarefa. Cuidado é palavra de ordem. Observação é comportamento necessário ao educador comprometido com seu trabalho e com sua atuação responsável como hominizador da juventude. Para tanto, é preciso que nos hominizemos, pois para a educação moral o exemplo é o grande referencial. Conceitos tais como professor & educador e individualismo & coletividade são posicionamentos a serem refletidos e reavaliados, vocês não acham?

sexta-feira, 29 de junho de 2007

OLHARES SOBRE O PENSAMENTO SISTÊMICO E A EDUCAÇÃO

Olhares sobre o Pensamento Sistêmico e a Educação

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Eu digo que o homo sapiens é ao mesmo tempo o homo demens, capaz das maiores loucuras, até as mais criminosas, as mais insensatas. Não se pode separar os dois, porque entre os dois circula a afetividade, o sentimento, não existe racionalidade pura, até o matemático completamente dedicado à racionalidade matemática o faz com paixão.

Edgar Morin


Por vezes me surpreendo com minhas falas e ações. Em minha crença filosófica, entendendo que somos produto e produtores do meio em que vivemos, numa reação dialógica, de um ir e vir que exprime nossa realidade ao mesmo tempo convergente e divergente, paralela e transversal, antagônica e complementar, por vezes somativa e por outras subtrativa. Cito aqui como ilustração que quando fui ver Hamlet me deparei com frases prontas que havia agregado ao meu jeito de ser, de viver e conviver, antes de estar em contato com a obra de Shakespeare, tais como: “tem algo de podre no reino da Dinamarca” e “existem mais coisas entre o céu e a terra do que julga nossa vã filosofia”. Fico imaginando de onde viriam estas falas. Decerto ouvi de alguém e foi ao encontro de minha visão do mundo e das coisas, que pairou sob meu inconsciente.
Que coisa interessante é se deparar com demonstrações da complexidade humana e das múltiplas influências que sofremos e proporcionamos a outrem. Heráclito de Éfeso, reconhecidamente, tem suas razões quando afirma:

Quando um homem atravessa um rio, nem o rio, nem o homem são mais os mesmos. O homem leva um pouco do rio e o rio leva um pouco do homem.

Assim somos nós educadores, impregnadores e impregnados de valores intelectuais, morais e sociais, elementos paradigmáticos de nossas relações interpessoais e intrapessoais.
Realinhando estes comentários, a educação, como ciência que trata do ensino e da aprendizagem, é e está mergulhada nesta sinérgica mudança que se opera neste início de século, marcada por rupturas significativas no pensamento ocidental, sob a esfera de atuação das postulações de Heisenberg e seu princípio da incerteza, da teoria autopoiética de Maturana e Varela, e do pensamento complexo de Edgar Morin.
O princípio da Incerteza de Heisenberg tem como premissa que essencialmente não existe meio de medir com precisão as propriedades mais elementares do comportamento das partículas atômicas. Ou melhor, quanto mais precisamente você mensura um fenômeno – por exemplo, o movimento eletrônico -- menos precisamente você tem inferência sobre outra -- nesse caso, sua posição. Mais precisão de uma, menos precisão de outra. Em sua teoria fica claro que o determinismo e o mecanicismo proposto por Descartes é limitado à análise de determinados fenômenos naturais, possibilitando questionarmos a validade deste modelo para as ações científicas e humanas. Transpondo este pensamento para as ciências sociais, traduzimos este princípio como as lentes da física para a complexidade dos fenômenos, criação da fissura necessária para rupturas que se operaram a posteriori.
Maturana e Varela postulam a Autopoiese que quer dizer autoprodução. Os sistemas naturais, sociais e os, por fim, educativos são autopoiéticos por definição, porque recompõem continuamente os seus componentes desgastados. Trata-se de um sistema que se comporta tal qual uma cadeia alimentar, sistema modelar biológico que demonstra a relação entre matéria e energia e os fenômenos que regem a regulação da própria vida. Dr. Ian Malcolm, o caricato matemático de Jurassic Park nos diz:

A história da evolução nos diz que a vida supera todas as barreiras. A vida se espalha. Ocupa novos territórios. De modo doloroso, por vezes perigoso. Mas a vida dá um jeito. Eu não queria bancar o filósofo, mas é isso aí.


A reforma do pensamento é a bandeira de Edgar Morin, partindo das indicações de Pascal, “considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer as partes...” nos remete a idealizarmos reformas no ensino para reformar o pensamento de modo à superação de modelos ineficazes e ineficientes que visem à construção de um sentimento de planetaridade, de identidade e vínculo com a própria existência natural, social e humana.
O pensamento sistêmico não é uma colcha de retalhos, é um mosaico, produzido, reproduzido e construído por diferentes mãos e referenciais. Não há pai nem mãe do pensamento sistêmico, diferentemente do cartesianismo que fora construído num modelo patriarcal, engessado e inquestionável, acima do bem e do mal, um deus.
Na educação, espaço de reflexão e ação, não há outro rumo senão mudar o próprio rumo. Superar o divórcio entre os saberes, por meio de estratégias que valorizem a disciplinaridade, o conteúdo e os saberes construídos pela humanidade, por meio de teias relacionais como propõem a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são ações impares que contribuem para a formatação humana e a própria humanidade. O olhar necessário para ação necessária na direção e sentido necessários.

OLHARES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM OU DIFICULDADES DE ENSINAGEM?

Olhares sobre o Fracasso Escolar:
Dificuldades de Aprendizagem ou Dificuldades de Ensinagem?

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Atualmente o fracasso escolar é um grande problema para o sistema educativo face aos prejuízos econômicos e sociais que encerram tal questão. Como já versa com grande propriedade o Prof Hamilton Werneck “se boa é a escola que reprova, bom é o hospital que mata”.
O comportamento mais comum nas instituições de ensino é atribuir ao educando a “grande culpa” pelo não aprender. Em outras situações atribui-se ao educador o fato de “não saber” estimular o aprendizado. Outras circunstâncias levam os educadores a encararem o saber como muito difícil e complexo para que o aluno entenda. Em outra linha afirma-se que os instrumentos de avaliação não servem para mensurar a qualidade do trabalho escolar.
Todavia, julgo pertinente efetuar alguns questionamentos cabíveis as múltiplas interpretações dadas preliminarmente a este fenômeno social e psicopedagógico:
· Por que o educando é o culpado? Será que ele não quer nada mesmo ou não há estímulos capazes de motivá-lo a aprendizagem?
· O educador está municiado de estratégias diferenciadas de aprendizagem e é capacitado ao exercício da docência em relação aos estilos de aprendizagem dos educandos?
· Os saberes administrados na escola são construídos de uma forma academicista ou contextual? Respeitam a linguagem e o desenvolvimento cognitivo do educando?
· A verificação do rendimento escolar privilegia aspectos quantitativos (saber, saber fazer) e qualitativos (saber viver, saber ser, saber conviver) de forma equilibrada ou se trata de um saldo bancário de quanto o educando é capaz apresentar em relação à cognição única e exclusivamente?



Não tenho pretensão alguma em apresentar respostas, meu objetivo é provocar a reflexão, mas se por um lado existe realmente portadores de dislexia (dificuldades com as palavras seja na oratória ou na escrita), de discalculia (dificuldades com os números, com os cálculos) de dispraxia (dificuldades com a motricidade) e de TDAH – transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, há, também, o exercício docente desconexo as premissas do desenvolvimento humano na perspectiva pentagramal biológico, físico, social, psicológico e espiritual, conforme proposições de Morin.
Quando coloco este ponto de vista trago a baila a execução dos planos curriculares que por vezes não respeitam os níveis estilos cognitivos e os esquemas de desenvolvimento dos educandos em face das postulações da teoria cognitiva de Piaget, da teoria psicossexual de Freud ou ao desenvolvimento psicossocial proposto por Eric Erikson e, portanto falham em sua premissa básica que é de conduzir a aprendizagem.
O Professor Celso Vasconcellos nos submete a pensarmos a superação da lógica classificatória e excludente - do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem indicando:

Devemos reconhecer que transformar a realidade é um tanto mais complexo do que parece à primeira visada de um olhar ingênuo ou voluntarista. Insistimos: não é qualquer mudança que interessa; temos constatado alterações na prática que não superam o problema fundamental da avaliação, por não estarem vinculadas a um novo projeto educacional (e social). O que está em jogo é, sobretudo, uma mudança de prática que venha acompanhada de uma mudança de concepção, em que o professor tenha uma autêntica práxis transformadora, e não uma prática diferente, contudo marcada por um caráter superficial, mimético. Nesta medida, torna-se relevante retomarmos aquilo que já está enraizado quanto à avaliação, visto que, para avançarmos, o desafio não é simplesmente construir novas concepções e práticas, mas desconstruir as enraizadas (no sujeito e nas estruturas), no caso, classificatórias e excludentes.

Em relação ao fracasso escolar, não há culpados. Mas, a responsabilidade pelo sucesso do trabalho escolar é do profissional da educação, do educador. Esta bola é nossa ou não é?
O Ensino por Projetos no Ensino Médio: Espaço para Educação pela Pesquisa

Prof. Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


O ensino médio é caracterizado por ser uma etapa propedêutica para vestibular ou preparatória para o mercado de trabalho quando for concomitante à educação profissional.
Observa-se que há um hiato acadêmico e prático na construção da identidade do ensino médio brasileiro que numa avaliação sistêmica e holística pode-se empiricamente afirmar que esta modalidade de ensino não tem atingido de forma satisfatória seus objetivos educacionais e sociais.
Como etapa que antecede a educação superior não atende as expectativas deste segmento posterior, pois os métodos e processos de ensino & aprendizagem balizam-se como via de regra na pedagogia liberal e conseqüentemente fixam-se na memorização de conceitos, fatos e fenômenos, valorizando exacerbadamente a competência cognitiva, deixando num subplano as competências procedimentais e atitudinais.
Além disso, o ensino médio costuma estar afastado das realidades do educando, fato que contribui incisivamente para um dos maiores problemas da escola atual: a indisciplina. O educando do ensino médio regular possui idade média de 16 anos e de acordo com as características psicossociais desta faixa etária há uma busca pela independência moral próprio da formação da personalidade humana, período pertinente aos conflitos de concepção de mundo e forma de encarar a vida, tempo de auto-afirmação, e a escola que funciona dentro de modelos estabelecidos, reprodutora de dinâmicas sociais caducas que não tem a observância que a sociedade está numa encruzilhada paradigmática e mantém-se atrelada a estruturas curriculares dicotômicas que não respeitam a dinâmica dos tempos, um Procusto da contemporaneidade.
Parafraseando Ferreira Gullar “caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão” temos como indicações receituárias que apresentam norteadores para as bússolas do magistério as contribuições de Paulo Freire, Demerval Saviani e de Pedro Demo.
Freire (1999) discorre que não há pesquisa sem ensino e ensino sem pesquisa. Através de seus escritos revela nas entrelinhas que o ato pedagógico antes de qualquer premissa é uma ação que exige rigor metodológico, isto é, requer por parte do educador comprometimento com o ensino e com a aprendizagem, não se tratando simplesmente de transmissão de conteúdos e sim da mudança de comportamentos, objetivo precípuo da educação. Portanto, exige fundamentação nos princípios da pedagogia, da psicologia, da sociologia e epistemologia.
Saviani (2002) afirma que o ponto de partida e o ponto de chegada são a prática social passando pelos momentos da síntese precária, esta entendida como a articulação entre os conhecimentos preliminares e as experiências do educando, da problematização, tratando-se de questões que devam ser resolvidas no âmbito da prática social, pela instrumentalização, da dotação de ferramentas cognitivas e culturais, da transformação de saberes em conhecimentos, finalizando com a catarse, com a assimilação na vida prática dos conceitos a fim do enfrentamento de situações-problema, do domínio das linguagens, da compreensão de fenômenos naturais e sociais, da construção de argumentação e da elaboração de propostas de intervenção da realidade, conforme preconiza a lei 9394/96 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM. Demo (2000) postula que o contato pedagógico somente acontece, quando mediado pelo questionamento reconstrutivo. Caso contrário, não se distingue de qualquer outro tipo de contato. Dentro de suas perspectivas este questionamento reconstrutivo conduz ao pensar e não ao reproduzir superando o modelo tão somente memorístico e vislumbrando o modelo das aprendizagens significativas, condutora da emancipação sócio-política e da formação da cidadania crítica.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Olhares sobre as Teorias do Conhecimento em Educação
Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A psicologia da educação teve e tem como principal objeto e preocupação elucidar as dúvidas que os educadores possuem no que se refere aos processos de aprendizagem e o roteiro a ser seguido de modo em que o ensino cumpra seu papel como elemento de transformação de comportamentos nas esferas cognitiva, procedimental e atitudinal, que se sintonizam com o saber conhecer, saber fazer, saber ser, saber viver e conviver, magnitudes parametrizadas pelas postulações de Jacques Delors em seu relatório da educação para o século XXI, efetuado para a UNESCO.
Deve-se ter a clareza que a educação é um instrumento amplamente utilizado como um aparelho ideológico do estado, refletindo idéias e concepções políticas da ideologia dominante e do governo. Entretanto, o educador municiado de conceitos e habilidades laborais, de uma educação balizada na didática da pedagogia histórico-crítica postulada por Saviani, tende a descortinar os véus das cegueiras da ignorância que nos fazem meros reprodutores, por vezes até críticos, mas ainda reprodutores, das ideologias dominantes que conduzem a receitas pragmáticas de educação para o não pensar, contribuindo para a formação de uma geração de alienação e vazia de significados.
Neste sentido, observar as teorias que alicerçam a práxis educacional contribui para o desenvolvimento da consciência e da ação crítica docente a fim de que elabore e realize processos educativos que permitam a construção da identidade do educando com autonomia intelectual e efetiva participação social.
As principais correntes das teorias do conhecimento que tem aplicabilidade no contexto brasileiro são o inatismo, o ambientalismo e o sócio-interacionismo.
O inatismo tem como premissa básica que as influências do meio não operam mudanças de caráter significativo no desenvolvimento humano, ou seja, o ensino, no campo da educação, interfere o mínimo na cognição do educando. Seu pressuposto racionalista caracteriza o homem como dotado de suas capacidades básicas e qualidades, identidade, personalidade, caráter, valores intelectuais, sociais e morais, conduta social e competências laborais. Por fim, de acordo com esta linha o homem nasce pronto, sendo quase desnecessárias intervenções em prol do desenvolvimento, uma incongruência sob os olhos do pensamento sistêmico e holístico.
O ambientalismo tem como crença que o homem é uma tábua rasa onde se registrarão os comportamentos desejados pela ideologia dominante. O meio e os estímulos aplicados são o condutor da formação da personalidade e da identidade. Neste modelo há fé que os estímulos são recompensados ou punidos por meio de notas, pontos, prêmios e castigos, algo que os professores desconhecem no cotidiano escolar, não é mesmo?
O sócio-interacionismo tem como pressuposto os aspectos relevantes das duas correntes citadas anteriormente valorizando os fatores internos (inatos) e os externos (ambientais) como veículos responsáveis pela construção e o desenvolvimento humano. De acordo com as concepções vygotskianas e piagetianas o conhecimento se edifica na interação do homem com suas potencialidades e o meio em que estas mediações ocorrem.
Como você vê sua práxis em sala de aula? Você é um sócio-interacionista?
A alfabetização ecológica é um compromisso que deve ser assumido pelas instituições de ensino de modo a formarmos opinião junto as novas gerações no sentido de contribuir para uma vida mais equilibrada no século XXI.
Já se passaram quinze longos anos da realização da Rio 92 e, ainda, não houve mudança efetiva nas práticas de educação ambiental nas escolas que revelam tratamento transversal, porém de forma suplementar, a uma temática vital para sobrevivência humana.
Defendo aqui um projeto de educação onde a disciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade sejam os ingredientes que temperem as açoes educativas pautadas nos "Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro" conforme propõe Edgar Morin.
Para o desenvolvimento de práticas educaticas com preocupação ecológica há de se proporcionar ao professor processos de educação continuada de modo a lhe fornecer capacitação em serviço no que se refere a mudança paradigmática do cartesianismo para o pensamento sistêmico.
Conto com os valores agregados a esta proposta de educação.

Jorge Ricardo