sexta-feira, 29 de junho de 2007

O Ensino por Projetos no Ensino Médio: Espaço para Educação pela Pesquisa

Prof. Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


O ensino médio é caracterizado por ser uma etapa propedêutica para vestibular ou preparatória para o mercado de trabalho quando for concomitante à educação profissional.
Observa-se que há um hiato acadêmico e prático na construção da identidade do ensino médio brasileiro que numa avaliação sistêmica e holística pode-se empiricamente afirmar que esta modalidade de ensino não tem atingido de forma satisfatória seus objetivos educacionais e sociais.
Como etapa que antecede a educação superior não atende as expectativas deste segmento posterior, pois os métodos e processos de ensino & aprendizagem balizam-se como via de regra na pedagogia liberal e conseqüentemente fixam-se na memorização de conceitos, fatos e fenômenos, valorizando exacerbadamente a competência cognitiva, deixando num subplano as competências procedimentais e atitudinais.
Além disso, o ensino médio costuma estar afastado das realidades do educando, fato que contribui incisivamente para um dos maiores problemas da escola atual: a indisciplina. O educando do ensino médio regular possui idade média de 16 anos e de acordo com as características psicossociais desta faixa etária há uma busca pela independência moral próprio da formação da personalidade humana, período pertinente aos conflitos de concepção de mundo e forma de encarar a vida, tempo de auto-afirmação, e a escola que funciona dentro de modelos estabelecidos, reprodutora de dinâmicas sociais caducas que não tem a observância que a sociedade está numa encruzilhada paradigmática e mantém-se atrelada a estruturas curriculares dicotômicas que não respeitam a dinâmica dos tempos, um Procusto da contemporaneidade.
Parafraseando Ferreira Gullar “caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão” temos como indicações receituárias que apresentam norteadores para as bússolas do magistério as contribuições de Paulo Freire, Demerval Saviani e de Pedro Demo.
Freire (1999) discorre que não há pesquisa sem ensino e ensino sem pesquisa. Através de seus escritos revela nas entrelinhas que o ato pedagógico antes de qualquer premissa é uma ação que exige rigor metodológico, isto é, requer por parte do educador comprometimento com o ensino e com a aprendizagem, não se tratando simplesmente de transmissão de conteúdos e sim da mudança de comportamentos, objetivo precípuo da educação. Portanto, exige fundamentação nos princípios da pedagogia, da psicologia, da sociologia e epistemologia.
Saviani (2002) afirma que o ponto de partida e o ponto de chegada são a prática social passando pelos momentos da síntese precária, esta entendida como a articulação entre os conhecimentos preliminares e as experiências do educando, da problematização, tratando-se de questões que devam ser resolvidas no âmbito da prática social, pela instrumentalização, da dotação de ferramentas cognitivas e culturais, da transformação de saberes em conhecimentos, finalizando com a catarse, com a assimilação na vida prática dos conceitos a fim do enfrentamento de situações-problema, do domínio das linguagens, da compreensão de fenômenos naturais e sociais, da construção de argumentação e da elaboração de propostas de intervenção da realidade, conforme preconiza a lei 9394/96 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM. Demo (2000) postula que o contato pedagógico somente acontece, quando mediado pelo questionamento reconstrutivo. Caso contrário, não se distingue de qualquer outro tipo de contato. Dentro de suas perspectivas este questionamento reconstrutivo conduz ao pensar e não ao reproduzir superando o modelo tão somente memorístico e vislumbrando o modelo das aprendizagens significativas, condutora da emancipação sócio-política e da formação da cidadania crítica.

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