quinta-feira, 26 de julho de 2007

ESCOLA DO PROFESSOR DO SINPRO RIO

::::: 2º Semestre de 2007 :::::


:: CURSOS DE ATUALIZAÇÃO ::::::::::::::::SEDE CENTRO

Rua Pedro Lessa, 35 - 2º, 3º, 5º e 6º andares, Centro
(próximo ao metrô Cinelândia) - Tel: (21) 3262-3400


:: Estudo Errado? Olhares sobre a educação na ótica provocativa de Gabriel Pensador



Jorge Ricardo Menezes da Silva
(pedagogo; Especialista em Gestão de RH; Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente; consultor pedagógico; Coordenador Pedagógico da ETERJ).

Público-Alvo
Professores da Educação Básica, coordenadores, supervisores, orientadores pedagógicos, orientadores educacionais.

Objetivos
Interrogar as práticas educativas desenvolvidas no interior da escola a partir da perspectiva de Edgar Morin e confrontá-las com as expectativas e desejos da sociedade, de modo a que privilegiem o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos.

Conteúdos
Análise da crítica apresentada na poesia musical “Estudo Errado”, de Gabriel Pensador. Qual a escola necessária? Qual o currículo necessário? Qual o educador necessário? Análise dos aspectos filosóficos, epistemológicos, psicológicos, sociológicos e pedagógicos da educação e de escola sintonizada com as demandas da sociedade do século XXI. Modelando planos e planejamentos com os pés, as mãos , a cabeça e com a prática em sala de aula.

Dias/Horário
Segundas-feiras • 3, 10, 17, 24 de setembro, 1 e 8 de outubro • 18h30 às 20h30

Carga horária
12 h

Valor
R$ 60,00 • Sindicalizado
R$ 120,00 • Não sindicalizado
R$ 72,00 • Associado de outra entidade de professor ou professor maior de 60 anos

terça-feira, 17 de julho de 2007

ÓPTICAS SOBRE O ADOLESCENTE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


“Nossos adolescentes atuais parecem amar o luxo. Têm maus modos e desprezam a autoridade. São desrespeitosos com os adultos e passam o tempo vagando nas praças. São propensos a ofender seus pais, monopolizam a conversa quando estão em companhia de outras pessoas mais velhas; comem com voracidade e tiranizam seus mestres”.
Sócrates

A adolescência é um período extremamente conturbado da vida humana. Içami Tiba, psicoterapeuta de adolescentes, expressa sua óptica sobre esta faixa etária na poesia que se vislumbra abaixo:

Adolescente é a adrenalina que agita a juventude.
Tumultua os pais e os que lidam com ele.
Adrenalina que dá taquicardia nos pais, depressão nas mães, raiva nos irmãos, que provoca fidelidade nos amigos, desperta paixão no sexo oposto, cansa os professores, curte um barulhento som, experimenta novidades, revolta os vizinhos...
Adolescente é um deus com frágeis pés, um apaixonado que não segura uma gravidez, um atleta que busca o colo dos pais, um ousado no volante que acaba com o carro, um temerário que morre porque desconsidera o perigo, um herói sexual reprimido pela timidez, um conquistador que sofre "um branco" na hora H, alegria de sonrisal em copo de água, escuridão da casa que foi cortada a luz...
Difícil é lidar com ele, porque
ele não se entende com o próprio corpo e ainda é ridicularizado pelos seus próprios colegas.
ele quer resolver os problemas do mundo mas se atrapalha com simples questão de matemática.
ele prefere a certeza de não estudar do que arriscar a sua inteligência numa prova escolar.
ele nem bem se mete a arrumar o seu quarto mas lava e lustra o carro como um joalheiro
ele se indispõe contra os outros em defesa de seus pais que ele mesmo maltrata.
ele fuma maconha empunhando a bandeira da ecologia
ele é rebeldemente sociável e seguramente instável
ele ri com lágrimas, enquanto chora com gargalhadas
ele brinca de brigar
ele vive com sonhos e projetos de um vir a ser
porque
O adolescente é pequeno demais para grandes coisas, grande demais para pequenas coisas.


Ao compararmos o discurso de Sócrates com a argumentação de Tiba observa-se que potencialmente as duas interpretações não se distanciam qualitativamente, mesmo que eqüidistantes em 2500 anos, e em realidades sociais, culturais, econômicas, científicas e espirituais bem diferentes.

Tal fato revela uma simples questão, em nosso humilde ponto de vista, que o adolescente é marcado pela efervescência hormonal manifestada no biológico revelada na puberdade. Que esta manifestação hormonal cria uma busca incessante pela independência, fato comum a qualquer outro animal.Que esta busca pela autonomia gera conflitos com os laços da ética vigente.

O que ocorre é que existem parâmetros sociais que modelam comportamentos esperados e que conseqüentemente tolhem as vontades e a expressões comportamentais transgressoras próprias desta faixa etária e que vão de encontro com o que o adolescente espera e daí para uma manifestação de rebeldia e indisciplina, seja ativa por verbalização ou agressão física, seja passiva por ignorar regras de conduta ou o discurso do mantenedor e fazer aquilo que lhe convém, o que se revela nocivo ao ambiente escolar, em específico, e a sociedade em geral.

Adolescentes precisam de liberdade, porém com disciplina. Esta combinação é necessária e salutar na construção das relações humanas, sejam interpessoais, sejam intrapessoais. Combinação é a palavra de ordem, combinação por dialética, pela discussão democrática da ordem, pela apresentação do que é necessário ao convívio social e não por imposição de normas, sem democracia. Não adianta pregar Piaget e praticar Pinochet.

Outro fato é que as escolas para adolescentes costumam ser chatas e monótonas. São chatas e monótonas porque não os afetam, não criam laços de afetividade, de respeito, de significado, de protagonismo, próprios para esta faixa etária.

Estamos no caminho certo? Precisamos pensar e repensar a práxis?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

OLHARES SOBRE AS FEIRAS PEDAGÓGICAS

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A organização de Feiras Pedagógicas constitui-se como proposta que visa essencialmente para aproximar a Escola de sua Comunidade Discente. Esta é uma aposta que merece atenção na escola de ensino médio que deseja realizar de fato tratamento contextual e interdisciplinar nos conteúdos que deverão ser transformados em saberes pelos educandos. Trata-se de investir em educação plena para o presente e para o futuro de forma a integrar de forma sistêmica todos os envolvidos nos processos educativos.

Tal postulação remete-se as propostas de Freire e de Freinet. FREIRE (1996) nos submete a idealizarmos processos educativos que superem a educação bancária, baseada na transferência de conhecimentos. Suas indicações demonstram que o caminho a ser percorrido pela escola em seus processos formais de educação é o da criação de possibilidades para produção e construção do conhecimento, aqui entendemos que um caminho salutar para o desenvolvimento das potencialidades do educando e construção do conhecimento dentro da tríade cognitiva/procedimental/atitudinal é por meio da produção de projetos de trabalho intermediados por educadores na condição de orientadores de projeto.

FREINET (2000) argumenta a urgência de uma educação com funções vivas e construtivas da pedagogia do trabalho. Tal pensamento nos faz trilhar por caminhos que tendem a vislumbrar processos educativos que vão além da fragmentação proporcionada pela multidisciplinaridade, que chamou de migalhas:

“O trabalho em migalhas”, diz um autor...
Só há migalhas na nossa vida de educadores. Nem sequer conseguimos reuni-las, o que, aliás, seria inútil, pois migalhas de pão espremidas e enroladas nunca dão mais do que bolinhas, boas apenas para servir de projéteis nos refeitórios.
Migalhas de leitura, caídas de uma obra que ignoramos e que têm gosto de pão que ficou ressecando nas gavetas e nos sacos.
Migalhas de história, umas bolorentas, outras malcozidas, e cujo amálgama é um problema insolúvel.
Migalhas de matemática e migalhas de ciências, como peças de máquinas, sinais e números que uma explosão tivesse dispersado e que nos esforçamos para montar, como um quebra-cabeça.
Migalhas de moral, como gavetas que mudam de lugar, no complexo de uma vida de infinitas combinações.
Migalhas de arte...
Migalhas de aula, migalhas de horas de trabalho, migalhas de pátio de recreio...
Migalhas de homens!
Perigos de uma escola que alinha, compara, agrupa e reagrupa, ausculta e avalia essas migalhas.
Urgência de uma educação que evita a explosão irreparável e faz circular um sangue novo na função viva e construtiva da pedagogia do trabalho.
(Freinet, 2000, p.38)


A produção de projetos de trabalho como instrumento de construção de conhecimentos valoriza a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, pois o conhecimento é sistêmico, holístico e interrelacional, diferente do tratamento que comumente é dado nas escolas. Nesta perspectiva, o olhar sobre este processo é socializado pelas argumentações de MORIN (2003) que estabelece como premissas o pensamento complexo e a indicação de uma educação que tem como função básica a construção de uma cidadania mundial, balizada em um sentimento de planetarização da humanidade.
Portanto, o ensino médio que se destina ao preparo para a vida deve ter tratamento pedagógico que congregue um processo interativo entre o aprender a aprender, o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a ser, o aprender a conviver, o aprender a viver e a laboralidade, reforçando a vida em sociedade e o mundo do trabalho.

terça-feira, 10 de julho de 2007

OLHARES SOBRE A PEDAGOGIA CENTRADA NO ALUNO DE CARL ROGERS

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A proposta de Carl Rogers é apresentada como integrante da linha humanista da psicologia. "A pedagogia centrada no aluno" é uma apreensão da teoria, também Rogeriana, sobre personalidade e conduta da “abordagem centrada na pessoa”.

É alicerçada no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus processos de construção e organização pessoal da realidade, que conforme observa Morin em seu pensamento complexo se estrutura em uma conjuntura de fatores biológicos, físicos, psicológicos, sociais e espirituais, em uma teia inter-relacional.

O professor em si não transmite conteúdos, ministra assistência a aprendizagem, contribuindo para que o educando construa um olhar congruente aos saberes administrados, sendo um facilitador de aprendizagem.

Para Rogers, podem-se identificar três tipos gerais de aprendizagem:

· Cognitiva -que resulta na memorização de fatos e conceitos do ser que aprende, relativa ao desenvolvimento de competências laborais, ao saber.

· Afetiva -que revela-se por meio das manifestações interpessoais e intrapessoais, nos sinais internos ao indivíduo se manifestando em forma de prazer e dor, de satisfação ou descontentamento, de alegria ou ansiedade, relativa ao desenvolvimento de competências atitudinais, ao saber viver, ao saber ser e conviver.

· Psicomotora -que manifesta-se por meio respostas motrizes adquiridas por meio da cognição ou latente na afetividade, relativa ao desenvolvimento de competências procedimentais, ao saber fazer.

A abordagem Rogeriana é estruturalmente humanística e objetiva a aprendizagem pela pessoa "inteira"; uma aprendizagem que engloba os três focos gerais: cognitivo, atitudinal e procedimental. Trata-se de uma pessoa em construção e não de um aluno, que etimologicamente significa um ser sem luz, que sairá do mundo das sombras para o mundo da luz pelo parto do professor, uma doce ilusão.

Esta visão é extremamente desconexa com o sentimento de planetaridade que emergiu pós-globalização econômica com o advento dos processos de alfabetização ecológica encaminhada por Capra. Segundo este pensador é preciso reorientar o modo como os seres humanos vivem e educar as crianças e os jovens para que atinjam suas potencialidades. Esta visão e ação têm de ser vistas e abordadas no contexto dos sistemas: familiar, comunitário, ecológico e político, de forma local, mas, também, global.

Neste sentido, a visão expressa por Rogers tem forte identidade com a ecologia humana que é uma hipótese sobre a convivência, a ética e a condição humana. A meta da ecologia humana é restabelecer e religar os seres humanos uma capacidade de conviver em plena harmonia e desenvolver qualitativamente suas potencialidades de forma individual, coletiva e planetária, com êxito na vida e no meio ambiente natural ou construído.

Precisamos partir para práticas educativas mais conexas com atualidade, pois, senão, teremos uma escola cuja estrutura física é do século XXI e a epistemologia pedagógica é advinda da escolástica do século IX.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

OLHARES SOBRE VISITAS DE ESTUDO NO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO:REVISITANDO A PEDAGOGIA FREINET

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Centros de pesquisas, museus, hospitais, florestas, sítios, parques temáticos, instituições de ensino superior e empresas devem fazer parte de visitas de estudo a alunos de educação básica. Vale ressaltar que visitas de estudo são ferramentas cognitivas que estimulam de forma singular e complexa a aprendizagem dos conteúdos ministrados em sala de aula, além de proporcionar o desenvolvimento de competências laborais tais como o trabalho em equipe, liderança, domínio da norma culta da língua portuguesa, responsabilidade e cumprimento de metas e prazos.

Estas visitas têm, ainda, o intuito de estabelecer um diálogo entre Ciência & Tecnologia & Meio Ambiente, tratamento acadêmico holístico que visa desenvolver o pensamento sistêmico com forte dose de ecoeducação, que vai além das fronteiras da conscientização, buscando promover aprendizagem de hábitos e atitudes, ferramenta necessária para educação do profissional do século XXI.

Morin (2003) enfatiza que a missão da escola na era planetária é fortalecer as condições de possibilidade da emergência de uma sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos com a construção de uma civilização planetária. Neste sentido, a Pedagogia Freinet se demonstra instrumento eficaz e eficiente na socialização de saberes sociais e valores necessários ao convívio humano: a cooperação, a comunicação, a documentação e a afetividade.

A cooperação parte da premissa que todo trabalho desenvolvido em equipe reúne ingredientes dialógicos que proporcionam a compreensão e o respeito à pluralidade de idéias na tomada de decisões.
A comunicação refere-se a socialização dos saberes, empregando as linguagens verbal e não-verbal, de maneira a integrar os diferentes pontos de vista visando a superação do espírito disjuntivo, reducionista e fragmentador presente no pensamento mecanicista que permeia as ações humanas.
A documentação tem como objetivo o registro das experiências e experimentações realizadas na construção dos conhecimentos realizadas de forma empírica que deve valorizar o uso de mapas conceituais para posterior formatação em relatórios de projeto de pesquisa nos limites da metodologia do trabalho científico.
A afetividade é componente nutrido pela relação entre os educandos entre si, exigindo respeito mútuo, e entre eles e o objeto de conhecimento, reconhecendo que conteúdos devem transformar-se em saberes para a vida prática por meio de vínculos cognitivos.
A escola e os educadores têm sido impelidos a tomar lugar no aprendizado sistêmico e não no ensino dos conhecimentos formais somente, sem a responsabilidade de educar plenamente e proporcionar condições para o desenvolvimento de habilidades e meios para que os jovens possam traçar a sua independência.
Em síntese, a escola de ensino médio que está dissociada do projeto de vida dos adolescentes, que não dá condições para aplicar a aprendizagem curricular no planejamento de suas vidas não cumpre suas funções sociais.

domingo, 8 de julho de 2007

OLHARES SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO EDUCANDO

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Uma pergunta inquietante é esta: quem sou eu? A grande verdade é, sem a pretensão de ser absoluta, a busca de respostas sobre nós mesmos. Tal questionamento é um objeto subjetivo, pois, certamente não somos a imagem refletida no espelho, somente. Somos substantivo, por definição, por termos um nome próprio, onde o próprio remete a idéia de propriedade, dando um caráter de individualidade ao próprio ser. Paradoxalmente surgem os adjetivos, que nos atribuem qualidades em função de incontáveis parâmetros: aspectos biofísicos, psicológicos, sociais e espirituais, na teia da complexidade humana, como propõe Morin.

A própria teia da complexidade nos dá a “cola” de que ao mesmo tempo em que somos individualidade, somos coletividade Esta singularidade é construída e reconstruída na pluralidade de instituições sociais onde estabelecemos relações interpessoais: na família, na escola, no trabalho, no lazer e para quem professa ideologia religiosa, nos templos.

A sinérgica teia de construção da personalidade e da identidade demonstra, ainda, a nossa capacidade de educarmos e nos educarmos. Como propõe Piaget, nosso desenvolvimento cognitivo parte da premissa que estímulos em nossos esquemas mentais nos tiram da zona de conforto, proporcionando aprendizagens. A aprendizagem é encarada como mudança de comportamento em todos os níveis da compreensão humana: cognitivo, procedimental e atitudinal. Se não há mudança de comportamentos, não houve aprendizagem, isto é fato.

Então, os principais problemas de aprendizagem estão locados na natureza dos estímulos. Estes estímulos no ensino são as mediações proporcionadas pela didática a fim de seja construída a aprendizagem. Nesta, perspectiva, as falhas da didática, por não conseguir estabelecer um cardápio atrativo e sedutor, conduzem o educando ao desinteresse, que o leva a solicitar ir ao banheiro, a estar com dores de cabeça, a criar fugas para sair da “aula marasmo”, isenta de vida e motivação.

Em situações desta natureza devemos questionar a nossa própria práxis incessantemente, de modo a identificarmos onde estamos falhando e em quais aspectos precisamos investir em estímulos que proporcionem elevação da motivação.

Retomando nossa conversa inicial e buscando estabelecer rumos para esta prosa, queremos dizer que a identidade, revelada pelos comportamentos atribui à escola e ao professor papeis relevantes na construção da individualidade e do sentimento de coletividade presentes na personalidade juvenil.

Portanto, na escola, o educador de fato deve se constituir como um profissional capaz de entender e aplicar técnicas educativas que contribuam com esta formação individual e coletiva, sem valorizar o individualismo, para que se construa cidadania crítica e participativa, com intervenções na própria realidade, com habilidades, hábitos e atitudes. Que ao mesmo tempo este educando possa agregar novos valores, relevantes a contemporaneidade, e possua um alicerce comportamental, a fim de que não seja um barco sem rumo.

terça-feira, 3 de julho de 2007

OLHARES SOBRE O DESENVOLVIMENTO MORAL

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva
O termo moral é derivado do latim mores, que significa relativo aos costumes. Pode ser definido também como a aquisição do modo de ser conseguido pela apropriação ou por escalas de aquisição, onde se encontram o caráter, os sentimentos, a conduta, hábitos e atitudes individuais e/ou coletivas.
Logo , o termo moral significa tudo o que se submete a todo valor onde devem predominar na conduta do ser humano as tendências mais convenientes ao desenvolvimento da vida individual e social, cujas aptidões constituem o chamado sentido moral dos indivíduos.
O desenvolvimento humano sob a óptica da moralidade é fruto de estudos de dois expoentes da psicologia do desenvolvimento humano: Jean Piaget e Lawrence Kohlberg. Piaget pauta seus estudos no julgamento moral do educando como fruto de seu desenvolvimento bio-fisico e psicológico. Conforme a mente “amadurece” há uma tendência a que o indivíduo assimile e acomode os conceitos e valores sociais passando a vivê-los no seu cotidiano. Para Piaget existem fases do desenvolvimento moral, a anomia e a heteronomia; que são superadas conforme as pessoas vão ficando mais velhas e evoluindo em suas relações, até conquistar a autonomia.
A anomia caracteriza as crianças de até um ano e meio, que fortemente egocêntricas não conhecem o que é certo e o que é errado, são incapazes de seguir normas. Neste momento, o tipo mais forte de relação que estabelecem é o de afeto pelos pais.
A heteronomia é característica do momento que surge o respeito a regras que são impostas por pessoas mais velhas, que são exteriores à criança e ditadas de forma coerciva. Por isso se desenvolve um respeito unilateral em relação ao adulto, baseado em dois sentimentos: o afeto e o medo.
No entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo.
Para Kohlberg a maturidade moral é atingida quando a pessoa é capaz de discenir senso de justiça de senso de legalidade; que algumas normas existentes podem ser moralmente erradas e devem, portanto, ser alteradas. Todo ser é potencialmente capaz de transcender os valores da cultura em que ele foi socializado, ao invés de incorporá-los passivamente. Este ponto central na teoria de Kohlberg e que representa a possibilidade de um terreno comum com teorias sociológicas cujo objeto transforma a sociedade. O pensamento pós-convencional, enfatizando a democracia e os princípios individuais de consciência , parece essencial norma da cidadania.
Kohlberg estudou o desenvolvimento da
moral e elaborou a teoria dos estágios morais, pois teve a crença que o nível mais alto da moralidade exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que as apresentadas por Piaget. Assim, segundo o autor, existem três níveis da moralidade.
O primeiro estágio é o nível pré-convencional que se apresenta pela moralidade heterônoma, onde "as regras morais derivam da autoridade, são aceitas de forma incondicional e a criança obedece a fim de evitar castigo ou para merecer recompensa" O indivíduo deste estágio, define a justiça em função de diferenças de poder e status, sendo incapaz de diferenciar perspectivas nos dilemas morais. Há neste nível um segundo estágio, o qual Kohlberg, chamou de moralidade de intercâmbio,pois inicia-se o processo de descentração, possibilitando ao indivíduo perceber que outras pessoas também tem seus próprios interesses, porém a moral ainda permanece individualista, fazendo com que estabeleça trocas e acordos.
O segundo estágio, foi chamado de nível convencional, o qual importa-se com o reconhecimento do outro e inclui dois estágios: o da moralidade da normativa interpessoal e o da moralidade do sistema social. No primeiro começa-se a seguir as regras para assim garantir um bom desempenho do papel de "bom menino" e de "boa menina", percebe-se uma preocupação com as outras pessoas e seus sentimentos. Já no segundo estágio, o indivíduo "adota a perpectiva de um membro da sociedade baseada em uma concepção do sistema social como um conjunto consistente de códigos e procedimentos que se aplicam imparcialmente a todos os seus membros.
O terceiro estágio denominado de nível pós-convencional como o mais alto da moralidade, pois o indivíduo começa a perceber os conflitos entre as regras e o sistema, o qual foi dividido entre o estágio da moralidade dos direitos humanos e o estágio dos princípios éticos universais. Neste nível, os comportamentos morais passam a ser regulados por princípios.
Como o objetivo maior da educação, segundo Edgar Morin, situada no contexto da globalização, é fortalecer as condições de possibilidade de emergência de uma sociedade-mundo. Esta seria composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos na edificação de uma civilização planetária através de cidadania participativa. Cabe a escola e aos educadores mobilizarem esforços no sentido de entender e desenvolver ações de acordo com as faixas etárias em função das características de desenvolvimento próprias. Não há engessamento, os estágios não são castas. Entretanto, há fenômenos comportamentais que precisam ser entendidos como próprios daquela fase de vida e a nós atuarmos em perspectivas de inclusão e não de segregação com práticas patrocinadas pelas cegueiras que se formam ao longo da práxis e que estruturam rotulações. Educar realmente é árdua tarefa. Cuidado é palavra de ordem. Observação é comportamento necessário ao educador comprometido com seu trabalho e com sua atuação responsável como hominizador da juventude. Para tanto, é preciso que nos hominizemos, pois para a educação moral o exemplo é o grande referencial. Conceitos tais como professor & educador e individualismo & coletividade são posicionamentos a serem refletidos e reavaliados, vocês não acham?