terça-feira, 5 de maio de 2009

OLHARES SOBRE A ESCOLA PARA GERAÇÃO @


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Várias perguntas vivem assolando minha alma educadora: Quem são os educandos? Como se conforma sua personalidade? Como se estrutura sua aprendizagem? Com o eles são afetados pela tecnocracia imperante das tecnologias da informação e da telematização?

Vivemos na era do gênio da lâmpada do Aladim, onde a alegoria da lâmpada mágica se identifica com o magistral computador, ligado a internet é claro, e de alta velocidade, para em que frações de segundos se tenha acesso a jogos, músicas,filmes, informações. Posso conversar com meus amigos e as altas horas. Tudo ao simples toque do indicador ao botão esquerdo do mouse.

Que sensação de poder. Manipular, trocar dados, fazer trabalhos escolares tipo control C control V. E o melhor, eu acredito que aprendi, porque ludibriei o professor, ele acredita que aprendi porque entreguei o trabalho e/ou finge que sabe que eu sei o que na verdade não sei. Saber é outra coisa, saber é lidar com as informações e conhecimentos de modo a um agir mais consciente, ao conviver com a diversidade e com as adversidades.

O computador dá poder, liberdade e mesmo que tenha ferido a ética, na apropriação indevida de saberes que não construí, ninguém é capaz de mostrar tal fato, porque de fato a grande maioria dos pais e dos educadores não estão nem aí. Uns porque não sabem mesmo e outros porque não querem mesmo.

E com isso há uma desconstrução dos alicerces educacionais porque a aceitação de determinadas práticas conduzem a alienação. Na minha geração, juventude do final dos anos 80 do século passado, os trabalhos eram feitos a mão, manuscritos, quando muito datilografados. A gente tinha que ler e se quiséssemos copilar o fazíamos por meio de resumos que permitiam o uso do vocabulário próprio, flexionando a linguagem para nossa interpretação.

Claro que não sou favorável ao retorno de determinadas práticas, como por exemplo o da transcrição manual, seria um retrocesso medieval. Todavia, a leitura e a interpretação da linguagem verbal, da linguagem pictórica, da linguagem matemática, da linguagem científica com seus símbolos e signos tem sido dificultadas pela ausência de uma educação para o pensar, para a criticidade.

O computador, a lâmpada mágica, assim como a calculadora tem sido tratadas como inimigos. Quem não foi educado para usar a calculadora vai errar as contas, porque o uso da calculadora exige aplicação da lógica matemática, que se inicia no simples fato de empregar regras básicas tais como, em uma sentença primeiro multiplicação e divisão, depois soma e subtração. O mesmo se aplica ao uso dos computadores, incontáveis trabalhos escolares são passados sem regras claras, tipo indicação de recursos bibliográficos e a exigência deles na bibliografia do trabalho. Informar que Yahoo, Google e similares são sites de busca e não fontes de consulta.

Exigir redação própria, pegando no pé com aqueles termos que são colocados nos trabalhos escolares e que nós educadores de fato sabemos que eles não conhecem. Trabalhar com as recomendações da ABNT para composição de projetos de pesquisa que indicam que trabalhos científicos tipo pesquisa, sejam individuais ou coletivos, tenham cabeça, corpo e membros, isto é, introdução, desenvolvimento, conclusão, referências, citações. Enfim, que sigam a disposições normativas.

Se queremos educar em valores, devemos possuir uma práxis que conduza a uma linha de enfrentamento dos problemas de nosso tempo, este do lidar com as adversidades proporcionadas pela quimeroplastia das tecnologias na educação é um passo de suma importância para assumirmos que somos gestores de nossas aulas.

Frequentemente é dito que os educandos precisam de limites, porque estes são necessários para construção de suas personalidades, porque eles precisam lidar com as frustrações, com vitórias e com derrotas.

Combinar estratégias e cumprí-las é um parâmetro. Outro é apontar os pontos falhos na aprendizagem. Corrigir avaliações no quadro é massificação, o educador somente aponta o que é certo, muitas vezes não atinge o âmago do erro de educandos, em particular. A dinâmica pode ser diferente, tipo levantar algumas das respostas equivocadas, ler o questionamento e apontar quais elementos deixaram de ser apresentados.

Como contribuição final a representação/reflexão do bom professor, por Mary Rangel:

Acredito no valor pedagógico e social do bom professor. Ele sabe o que ensina e por isso, o faz com clareza, elucidando e exemplificando conceitos, aproveitando e articulando o saber do aluno ao saber acadêmico, utilizando formas de ensinar diversificadas, de acordo com a matéria, o aluno, os recursos, as circunstâncias, estimulando o aluno à palavra e à ação, entendo-se como forças políticas de um povo.
E porque a prática social encaminha a prática pedagógica, o “bom professor” se define como aquele que ensina conhecimento, raciocínio crítico e o valor do direito político do cidadão a “ser' e “viver” com dignidade.

Em pleno século XXI, com toda dinâmica do Orkut, do MSN, das Lan House, dos play games, do media player, da suposta manipulação do mundo e do universo sob o comando de cliques em teclados e mouses visualizáveis na tela LCD , é necessário dar mobilidade a aula.

Se a vida tem cinestesia, a escola e a sala de aula tem que ser também ambientes que apresentem características de nossos cenários sociais tais como rede de relacionamentos, ao vivo e a cores, discussão e formação de opinião, e para realizar este trabalho dialético lembremo-nos de Sócrates, que o fazia magistralmente sem lousa, sem carteiras e cadeiras na Ágora ateniense. O maior recurso multimídia é você, educador.

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