segunda-feira, 5 de novembro de 2007

OLHARES SOBRE O ANALFABETISMO FUNCIONAL

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Quando estou em atuação docente me assusto com os sérios problemas de leitura, escrita e de interpretação que os jovens educandos apresentam. É claro que sou sabedor que nem todos os jovens apresentarão a desenvoltura e a maestria dos escritores e dos literatos.

Entretanto, se faz necessário o domínio das linguagens em geral, e o domínio da norma culta da lingua portuguesa em particular, pois esta é encarada como uma competência básica para o exercício da cidadania no século XXI. O que me deixa perplexo é a pobreza vocabular e a inexpressiva autonomia intelectual demonstradas nos diálogos e nos escritos de nossos jovens.

A minha maior preocupação refere-se que estes jovens estão chegando com estas dificuldades ao ensino superior. Tal fato me escandaliza por um outro, a formação em nível superior de pessoas crítico reprodutivistas de um sistema. Está cada vez mais difícil encontrar seres pensantes.

Os moldes de uma educação que se baliza na superficialidade da conceituação, que não se aprofunda na discussão, que não corrige erros de posturas comportamentais, que não ensina a viver e conviver em sociedade, está cada vez mais gerando ilhas e acentuando tribalismos.

Esta é a forma mais perversa de exclusão que se tem promovido. Estatisticamente, os índices que satisfazem os organismos internacionais e as linhas de financiamento para a escola pública brasileira se elevaram quantitativamente. Escolas têm sido dotadas de recursos materiais, Internet, recurso multimídia como se os equipamentos fossem responsáveis pela educação de nossos jovens. Como se tal ação isoladamente agregasse qualidade ao trabalho educativo.

A educação se constitui pela presença de educador e educando, onde o primeiro, não como douto ou dono do saber, mas como mediador, atua de forma a contribuir para o desenvolvimento humano nas esferas cognitivo, psicomotora e afetiva, de forma eqüilátera e harmônica. É preciso, salutar e necessário se investir no professor.

Diante dos fatos, como lidar e combater a perversidade que intitula e não garante a qualidade da formação. Mais uma vez a solução está com o educador. Somos nós que devemos promover as maiores revoluções que a sociedade urge. Não podemos mais nos calar, porque senão estaremos fadados à escravidão moral e intelectual. Bertold Brecht nos indica em poesia:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
É PRECISO AGIR

Até quando permitiremos que sejamos violentados, violados, vampirizados e ainda assim nos mantermos inertes diante de políticas públicas que aniquilam a juventude e acentuam ainda mais os abismos sociais criando uma geração de alienados que servirão apenas como serviçais cibernéticos numa sociedade que prima pelo conhecimento (saber fazer e saber agir) e não pela informação (saber).

Que país é este? Que governo é este? Que nação é esta? Que sociedade é esta? Que escola é esta? Que educador é este?

A educação é a chave da revolução e o educador é o chaveiro.
Eu acredito nisso. E você?

2 comentários:

Tribo Sacra disse...

Oi meu amigo, estou muito feliz em ver seu blog, já é um grande passo para seu livro, né? Suas publicações são maravilhosas, lindas e de um teor educacional que muitos precisam de ler e entender.
PARABÉNS, e fique certo que aqui em Itaguaí tem um cara que muito te admira e que um dia que chegar aos pés da sua sabedoria...
Abraços!
Jean Paulo

Jorge Ricardo Menezes da Silva disse...

Quem sou eu, eu nobre amigo.
Fico feliz em saber da sua leitura as minhas humildes contribuições.
Divulgue, já ajuda bastante.
Um abraço fraternal
JRMS