sexta-feira, 12 de outubro de 2007

OLHARES SOBRE A INTELIGÊNCIA HUMANA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A inteligência humana é uma incógnita. Tal questão encerra incontáveis estudos e pesquisas sobre a cognição humana. Para ficar claro cognição é o ato de aprender, de adquirir conhecimentos. Esta é a esfera de atuação do educador nos planos do aprender a aprender, do aprender a fazer, do aprender a ser, do aprender a viver e a conviver.

O aprender a aprender se reveste do conhecimento da própria cognição, de quais os mecanismos empregamos no ato de conhecer, de captar, integrar, elaborar e expressar conteúdos e capacidades.

O aprender a fazer se nutre das habilidades e dos hábitos agregados a motricidade humana, que é conectada a uma rede de hierarquias e mecanismos neurais que mobilizam processos mentais que conduzem as ações biofísicas.

O aprender a ser, a viver e a conviver se alimenta do auto conhecimento, o oráculo de Delfos revelava a mais de 2500 anos; “Conhece-te a ti mesmo que as portas do conhecimento se abrirão para ti”. Sob esta égide postula-se que o pleno entendimento das potencialidades e das dificuldades, suas e de outrem a fim de lidar com seus próprios conflitos e administrar suas emoções.

Piaget entende a inteligência humana como uma construção qualitativa e quantitativa de processos cíclicos de cognição que partem da assimilação-acomodação continuadas por meio de estimulação aos desequilíbrios que conduzam ao equilíbrio, uma dialética nos planos neurais e psicológicos que rumam para a apreensão de novas competências nos planos laborais e atitudinais.

Gardner parte da premissa que a inteligência é a mobilização de sete veículos que formam a teia da cognição humana. Tal premissa reconhece a genialidade musical de Mozart, a inventividade cinestésico-corporal de Pelé, a visão lógico-matemática de Einstein, a amorosidade de Madre Teresa, a espiritualidade de Dalai Lama e até o fatídico talento lingüístico de Adolf Hitler. Pessoas talentosas, expoentes em suas inteligências. No caso de Hitler, sua admirável força pelas palavras, imposição vocal e vocabular que arrastou multidões, sem ética alguma, num total desprezo pela vida humana e humanidade.

Golemam discorre sobre a imperativa necessidade da administração da emoção nos planos interpessoal, de sua relação com os outros, e intrapessoal, de sua relação com você mesmo. A este fenômeno ele denomina inteligência emocional.

A construção do conhecimento na sala de aula na contemporaneidade não pode estar desconectada destas premissas, pois a psicologia da aprendizagem é um importante parâmetro para que as aprendizagens se concretizem. No dicionário prático de pedagogia a inteligência é definida como a capacidade de solucionar problemas. Para solucionarmos problemas devemos acionar nossos conhecimentos e atrela-los ao plano ético do relacionamento humano no sentido de que a solução não vá de encontro com os interesses coletivos interferindo de forma nociva na comunidade em que se vive.
Educar é complexo mesmo...

sábado, 6 de outubro de 2007

OLHARES SOBRE A ÉTICA DOCENTE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Ainda me assusto com o quanto nossas almas estão impregnadas com o discurso do tempo da ditadura. Quando é para julgar aqueles que não exercem poder sobre nós, o peito enche-se de ar e como donos da verdade temos um parecer consolidado.

Entretanto, quando é para emitirmos nossos pareceres a respeito de nossos pares ou sobre instâncias superiores o medo e o titubeio assaltam e dominam nossa e nosso moral e suavizamos o discurso.

Tal comportamento se reveste sob a égide da ética. Todavia, eu indago se o corporativismo é ético? Se vender a dignidade para manutenção do emprego é ético? Desrespeitar o educando e seu direito a uma aula com qualidade com respeito a sua individualidade é ético?

Todas as questões supracitadas tem morada no plano moral, em nossas crenças e valores, nas magnitudes que parametrizam nossos comportamentos e nos conduzem ao conviver, ao ser, ao viver e ao agir.

Na escola, onde a educação nos aspectos cognitivo, social e moral se consolida vivemos um dilema conforme ilustremente discorre o Prof Paulo Meksenas:

A moral, ao constituir-se como um fenômeno que regula a vida social e que julga o agir considerado correto ou errado, coloca a questão da tensão/conflito que se estabelece entre o sujeito e a esfera social. Nesse ponto da discussão, podemos afirmar que o indivíduo define-se pela sua capacidade de pensar; julgar e querer, levando-o a posicionar-se frente ao mundo e frente aos outros: compreendendo; escolhendo e desejando. Por outro lado, essa tríade afirma-se na sua relação com uma outra: de contexto; de organização do trabalho; de história, isto é, emerge no campo das necessidades; da produção e reprodução da materialidade humana e, ainda, constitui-se como ações no mundo. Tais ordens estão em tensão porque nem sempre o compreender; o escolher e o desejar coincidem com as delimitações inerentes ao contexto; à organização do trabalho e à história. Trata-se do velho conflito indivíduo – sociedade e em meio a tal, os prepostos da moral modelam as escolhas individuais frente às necessidades sociais.

Nossa leitura nos leva a crer que este conflito entre o interesse individual e o coletivo manifestado se reveste do comportamento egocêntrico em busca da auto-afirmação da ideologia singular, das dificuldades em entrar em comunhão com aquilo que faz parte do cenário político e ideológico da instituição que escolhemos atuar.

Cada instituição tem seu projeto pedagógico e estes projetos têm opções políticas, ideológicas, epistemológicas por fim filosóficas que se alinham com as percepções de seus gestores e pares (coordenadores, orientadores e professores).

Viver em democracia é isto. Entender que há um mosaico. Que este mosaico pode ser reconstruído. Contudo, para o bem da coletividade a crítica ao plano escolar deve se dar no fórum específico e a sala de aula devem privilegiar a aula e não se transformar em um palanque de promoção pessoal do “eu poderia fazer se as condições fossem”.

Sou simpático ao pensamento marxista e entendo que a história da sociedade é a história da luta de classes. Só no posso concordar com posturas alienadas e comportamentos panfletários fora de época. Em minha humilde interpretação creio ser mais salutar a soma de esforços para solução conjunta dos problemas do exercício da docência do que ficarmos falando com quem não pode resolver nossos problemas.

O que me assusta é ter que lidar com pessoas onde os limites entre o dever ético e a mentira têm prismas diferenciados. Atualmente Renan Calheiros é o vilão do momento, os outros já foram esquecidos. Todos têm uma avaliação a respeito de sua postura. Afirmam que ele foi antiético e que por falta de decoro deve ser punido com a perda do mandato.

Um profissional de educação que mente, omite, altera dados, falta com a verdade, falta indiscriminadamente ao trabalho, não participa das atividades educacionais, é “corpo presente” nos conselhos de classe e reuniões pedagógicas, não cumpre o planejamento combinado é tão antiético quanto os condenáveis que estão no congresso nacional. O que os distancia é a esfera de atuação se estivesse lá fariam o mesmo.

A honestidade é uma magna virtude do campo profissional do educador, trata da responsabilidade para com o trabalho e com o serviço que presta a sua instituição e a sociedade. Trair este princípio é conspirar contra a sociedade, é conspirar contra si mesmo e contra a humanidade.

Pode parecer agressivo este olhar, mas, em nome da ética, tem certas coisas que precisam ser visualizadas de uma maneira mais crua e desnudada. Há muitos melindres no educador, precisamos nos despir deste falso código de ética que nos oprime. Não devemos proteger quem não mereça nossa proteção.

Os educadores, como qualquer outro ser humano que atua em outros planos profissionais, são passíveis de erros. Só não podemos permitir que se perpetue em nome de baixos salários, sob o véu das condições inadequadas para o exercício do magistério, comportamentos negligentes e irresponsáveis que denigrem nossa imagem e comprometem nossa nobre missão de educar.É ético lutar por boas condições de vida e de trabalho, isto alimenta o moral do educador. Para ter este moral devemos agir sob a luz da moral, sobre o alicerce transcendente da autonomia intelectual, no plano ético. Você crê nisto?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

OLHARES SOBRE O ABSENTEÍSMO NA ESCOLA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Escola é lugar de gente, gente que estuda, que trabalha, que se socializa. Escola se faz com gente. Gente que se compromete com a educação plena, gente que promove a difusão dos saberes construídos ao longo da história da humanidade, gente que humaniza e hominiza, que atua no plano da educação moral, que dissemina hábitos e atitudes que contribuem para as atividades sociais e laborais.

Por estarmos em uma instituição educativa em tempos de globalização econômica e de planetarização filosófica e comportamental, parâmetros advindos do toyotismo impregnam nossas práticas e a retórica da gestão escolar, dentre os quais podemos citar: o comprometimento, a postura pró-ativa, a capacidade de administrar recursos e processos ao longo do tempo.

É fato que seres humanos estão mergulhados em um mundo onde problemas em sua teia da vida biofísica, social, psíquica e espiritual podem comprometer a qualidade do serviço desenvolvido pelo profissional da educação.

Entretanto, apelo para que o compromisso profissional deva ser relevante na opção do docente em se ausentar do ambiente escolar devido aos prejuízos decorrentes da ausência de um professor.

A falta do professor ocasiona problemas operacionais e pedagógicos. Problemas operacionais porque algumas turmas terão sua rotina escolar alterada e há uma reação em cadeia, porque para suprir uma ausência outros professores são mobilizados para dar cobertura àquela falta.

Problemas pedagógicos porque o planejamento curricular se vê comprometido devido à redução de encontros com os educandos e com isso há um enxugamento do conteúdo a ser desenvolvido. Vale ressaltar que um número elevado de faltas pode comprometer a qualidade da formação oferecida pela instituição. E tal magnitude em uma escola que prima pela qualidade é um forte indício de ineficácia de seu projeto educativo.

O termo absenteísmo é empregado para designar as faltas/atrasos dos profissionais no processo de trabalho, seja por falta ou atraso, devido a algum motivo interveniente.
Ter colaboradores nem sempre significa tê-los atuando durante todos os momentos do horário de trabalho. As faltas/atrasos dos profissionais ao trabalho ocasionam distorções quando se refere ao volume e disponibilidade ou atraso de trabalho. Essas ausências são as faltas ou atrasos ao trabalho. O absenteísmo é a principal conseqüência. O oposto do absenteísmo é a assiduidade. Está relacionada com o tempo em que o profissional está desenvolvendo suas atividades laborais.

O absenteísmo ou ausentismo é a freqüência ou duração de tempo de trabalho perdido quando os colaboradores não vão ao trabalho. O absenteísmo constitui a soma dos períodos em que os colaboradores se encontram ausentes do trabalho, seja ela por falta ou algum motivo de atraso.

Portanto, solicito ao educador que ao optar por faltar que verifique a amplitude de sua ação e a contribuição de seu ato em relação à qualidade educativa que nos comprometemos a efetivar quando escolhemos sermos professores.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

OLHARES SOBRE A DISPRAXIA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Muito se tem produzido a respeito dos aspectos cognitivos referentes ao desenvolvimento humano no que se refere à aprendizagem de fatos e conceitos, ao desenvolvimento do raciocínio lógico. Infelizmente, tem-se esquecido ou relegado ao segundo plano um parâmetro tão importante à cognição quanto a leitura, a escrita, a interpretação, o calculo e a organização do raciocínio, que é a linguagem corporal, a cinestesia, a motricidade humana.
A motricidade é uma das atividades que caracterizam os animais, permitindo-lhes tanto ajustar sua postura em função de suas necessidades de relacionamento com o mundo, como se movimentar neste mesmo mundo, buscando condições favoráveis e confortáveis para explorar o meio que o cerca. Para gerenciar estas atividades, o cérebro emprega os dados obtidos por meio de seus sistemas sensoriais. Por este motivo, existe uma íntima associação entre o desenvolvimento da motricidade e da capacidade de sensório-motora. Logo se observa uma estreita ligação entre a psique e as respostas motoras, há inteligências envolvidas, conforme postulações de Gardner.
Neste sentido, a psicomotricidade e a educação psicomotora, que é desenvolvida na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental é que é banida do segundo segmento do ensino fundamental e do próprio ensino médio, se reduzindo a atividades desportivas nas aulas de educação física, se traduz como o desenvolvimento holístico do ser humano por meio dos movimentos e conduz a redução de dificuldades e de distúrbios de aprendizagem. Assim, a educação psicomotora investe em ambientes que estimulem as vivências corporais, ou seja, buscando retirar o educando da zona de conforto, mexe com os esquemas mentais, proporciona estímulos que contribuem para a assimilação e a acomodação de novas ações motoras que são organizadas pelo uso do raciocínio.
No que se refere ao desenvolvimento de atividades laborais, uma dificuldade de aprendizagem que se revela é a dispraxia. O prefixo dis tem significado etimológico que revela a anormalidade, enquanto que a práxis tem sentido etimológico da ação, do labor, da operação. Portanto, a dispraxia é um transtorno nas aprendizagens espacial e cinestésica-corporal, pois a lateralidade, a organização do espaço, o desenvolvimento de atividades motoras finas criam habilidades e competências cognitivas.
Este fato contribui para o fracasso escolar. Há desvios no desenvolvimento humano que criam limitações para que o educando atinja a fase de operações concretas. Há uma perturbação do esquema corporal. Quando a dispraxia é no olhar, além das perturbações perceptivas, há dificuldades de postura e de equilíbrio físico.
O que fazer? Este questionamento é pertinente, pois cada reflexão que fazemos deve contribuir, também, para o saber fazer pedagógico. São em atividades de jogos cooperativos, construção de mosaicos, escultura, pintura, montagem de cartazes, recorte e colagem que constituem laboratórios de observação das dificuldades motoras dos educando de modo a encaminharmos soluções no âmbito escolar ou clínico com especialistas se necessário. O único cuidado é não banalizar.

domingo, 9 de setembro de 2007

Matéria no CREA RJ em Revista

Dando rodas
à imaginação


estudantes da escola técnica do Rio de Janeiro inventam carrinho de
bebê automatizado e ganham prêmio em exposição do CeFet/RJ


Quase nenhum pai se conforma:
ver aquele equipamento ou aquele
brinquedo tão sonhado pelo filho e
tão caro ao cofre familiar acabar completamente
desmontado ou virar uma
geringonça de "design inovador" ou
utilidade inimaginável.
Mas por trás da aparente destruição
pode estar, mesmo que inconscientemente,
a curiosidade de uma mente
que busca ir além dos efeitos do brinquedo,
procurando as causas, inventando
novas possibilidades.
Certamente essa descrição caracteriza
muitos dos alunos vencedores
da EXPOTEC, exposição organizada
pelo Centro de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca (CEFET)
e que mostra a produção em ciência
e tecnologia de alunos de cursos de
educação profissional de nível técnico
do estado.
O projeto experimental do CBAXP –
um carrinho de bebê automatizado com
rodas dispostas em triângulos para evitar
transtornos na hora de subir escadas
ou calçadas – de um grupo de dez
alunos do curso de mecânica da Escola
Técnica do Rio de Janeiro (ETERJ), é
uma demonstração de como o estímulo
à pesquisa e à prática podem ajudar a
resolver problemas do cotidiano.
Para a aluna Daniele Lucas Macieira,
participante do projeto, foi inesperada
a vitória na exposição. "Não esperávamos
ganhar. Nós pensávamos
nosso projeto como uma coisa simples,
se comparado a outros projetos
participantes. Foi realmente uma surpresa",
afirma.
Mas como no ditado "é nos menores
frascos que se encontram os
melhores perfumes", é também das
idéias simples que nascem as grandes
soluções.
Para o professor Jorge Ricardo
da Silva, Coordenador de Projetos da
ETERJ, toda boa idéia é simples. "No
caso do CBAXP, os alunos imaginaram,
inicialmente, utilizar um acionamento
eletro-eletrônico para as rodas do carrinho.
Depois, eles concluíram que não
seria necessário. Bastava um sistema
mecânico de rolamento para o funcionamento
imaginado. Nem sempre para
a melhor solução é preciso usar tecnologia
de ponta. Isto diminui o custo de
produção e, conseqüentemente, o preço
final para o consumidor", esclarece
Jorge Ricardo. F (V.M)


UNINDO A TEORIA À PRÁTICA

Situada na Zona Oeste da cidade
do Rio de Janeiro, a ETERJ aplica um
importante método educacional para
o ensino técnico: a pesquisa. A participação
nas atividades dos laboratórios
para projetar, gerenciar e fabricar é disciplina
obrigatória para todos os alunos
da escola, que possui os cursos técnicos
de mecânica, eletrônica, eletrotécnica
e informática industrial, todos devidamente
registrados no Crea-RJ.
O estímulo à procura de soluções
para os problemas do cotidiano foi
uma forma que a escola encontrou de
unir a prática à teoria e ao interesse
dos estudantes. "A educação profissional
é uma porta de ascensão para a
maioria dos alunos que procura o ensino
técnico. Com a prática, eles exercitam
a teoria aprendida e se tornam
protagonistas de seu próprio conhecimento",
define o professor.

Olhares Sobre a Politização do Educando do Ensino Médio

por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Em virtude de incontáveis escândalos que causam indignação popular, seja no cenário político local, regional ou nacional, o questionamento das posturas das lideranças instituídas deve se dar, sobretudo nas urnas e na politização de nossos jovens, eles precisam compreender o raciocínio político que rege atitudes de desgovernança, da ausência crítica de planos políticos sócio-ambientais, para progredirem em ações cidadãs, na busca incessante e persistente por melhorias estruturais no bairro, cidade, estado e país onde vivem.
Consideramos que a escola de ensino médio deve ser uma escola para jovens, e entende-se uma escola para jovens como sendo aquela em que eles tenham vez e voz, onde haja o espaço para o questionamento e a discussão, para a reformulação do pensamento, para a construção empírica e racional dos saberes, para a intervenção na realidade, para a transgressão e para a mudança, para criação coletiva e individual da consciência moral, crítica e cidadã.
No âmago desta perspectiva MORIN (2003) enfatiza que a missão da educação para a era planetária é fortalecer as condições de possibilidade de emergência de uma sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos com a construção de uma civilização planetária. Este comprometimento a que Morin se refere se constrói por meio de uma educação que supere modelos propedêuticos e que revelem forte ligação com a contemporaneidade. A politização do jovem por meio da educação visa torná-lo consciente de seus direitos e deveres políticos a fim de que intervenha com protagonismo na teia social em que está inserido.
Os problemas estruturais das comunidades são muito semelhantes, eles se revelam em função de inúmeros parâmetros formados por problemas de ecologia natural, revelados pela degradação ambiental dos recursos hídricos, por meio do lixo, da ocupação desordenada, por problemas da ecologia social ocasionadas pela desestruturação familiar, população de rua, desemprego, analfabetismo, habitação inadequada, tráfico de drogas e a violência, e por problemas de ecologia humana formados pela dependência química, abuso infantil e problemas psíquicos. Discutí-los de forma sistematizada é função social da escola, principalmente das instituições de ensino médio.
Atrelar esta discussão ao cenário político agrega o valor de que a conscientização se construirá em contexto real e não em um plano imaginário ou singular, desvinculado da realidade.Para tanto, a escola deve promover debates de modo que a dialética estabelecida entre os jovens, como representantes da comunidade local, e pessoas que ocupam aos cargos eletivos seja formador de opinião nas duas faces deste tabuleiro de xadrez, tanto nos jovens que poderão opinar, questionar e discutir idéias partidárias, quanto nos políticos que terão oportunidade de compreender os anseios juvenis e contribuir, desde que eleitos, para redução dos hiatos das políticas públicas para inclusão adolescente.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

OLHARES SOBRE O ATO DE APRENDER

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O aprender é uma das mais significativas ações humanas. Pelo aprender somos capazes de desenvolver nossas potencialidades de modo a expressá-las por meio do desenvolvimento de competências, habilidades, hábitos e atitudes.

O ato de aprender é algo intrigante e, no meu humilde ponto de vista, atividade que necessariamente precisa ser visitada pelo educador que deseja ensinar de forma a contribuir com a transformação dos comportamentos cognitivos, afetivos e psicomotores.

Faz-se importante o entendimento de diferentes ópticas que visitam a aprendizagem humana. A epistemologia genética de Piaget é um importante receituário na formatação de concepções a respeito da construção do conhecimento por parte do educando. Ela parte da premissa que a aprendizagem se constitui por meio de estímulos que causam desequilíbrio nos esquemas cognitivos de modo a provocar a acomodação e posterior assimilação dos saberes.

Um outro olhar sobre o ato de aprender, ainda, sob a óptica piagetiana refere-se à questão da maturidade bio-psicológica em função das faixas etárias. Na idade escolar do ensino fundamental, crianças entre seis e doze anos estão no estágio das operações concretas, caracterizado pela manipulação de saberes de forma palpável e observável. Os adolescentes apresentam características do estágio das operações formais fato que permite a hipotetização na construção de argumentação e elaboração de propostas.

Outra visão altamente importante no que se refere ao ato de aprender é ligada à gnose, isto é, como se dá a percepção dos saberes. Existem incontáveis teses que fundamentam este fenômeno da psique humana.

A linha observada por Dunn estuda que a percepção humana atua no estilo de leitura, na forma ou formas latentes em que o ser humano percebe o mundo, se de forma visual, auditiva ou cinestésica.

Outra linha refere-se aos estudos de sobre a dominância cerebral conforme estudos de Gregorc, da forma como se organizam as informações na mente. Se o educando tem sua percepção balizada pelo hemisfério direito (intuitivo e criativo) ou pelo hemisfério esquerdo (lógico e linear).

A leitura de Gardner a respeito da inteligência estrutura a mente como uma teia relacional entre diferentes inteligências que estabelece uma mediação entre os fatores biológicos, cognitivos, psicológicos e sócio-culturais envolvidos no ato de aprender e na construção da própria aprendizagem.

Dado ao exposto, confere-se ao ato de aprender uma leitura complexa de ser entendida. O educador como facilitador da aprendizagem deve ter consciência de seu papel na condução de um processo de ensino efetivo de forma que a aprendizagem como objeto e objetivo do ensino ocorra, de modo a agregar valor à formação humana nas perspectivas intelectual, moral, afetiva, atitudinal conduzindo ao saber, ao saber fazer, ao saber ser, ao saber viver e ao saber conviver.

Ensinar dá trabalho, isto é fato. Entretanto, o resultado é motivador e não há dinheiro que pague a satisfação pela superação do cumprimento do dever docente, simplesmente. É a sublimação do professor que de fato transformou-se em educador.