quinta-feira, 17 de abril de 2008

FOLHA DIRIGIDA - COLUNA DOS COLÉGIOS



Coluna dos Colégios



17/04/2008

Alunos da Eterj promovem ação social para comunidadeSer mais do que instituição de ensino e atender também as necessidades da comunidade. Estes são os objetivos da Escola Técnica do Rio de Janeiro (Eterj/Novo Rio) com a realização de projetos destinados aos moradores de Santíssimo, bairro em que a escola se localiza.
A região apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) extremamente baixo, da ordem de 0.780, no censo IBGE em 2000. De acordo com a coordenação da escola, esse índice resulta da exclusão social e para ajudar a melhorar a situação e conscientizar os alunos de que é preciso agir, a Eterj mobilizou a comunidade escolar para realizar sua primeira ação social em 2008.
O evento atendeu 50 famílias carentes da região vizinha à escola.Cerca de 250 pessoas, entre crianças e adultos foram recebidos, no último fim de semana com um Café da Manhã Solidário. As pessoas também participaram de atividades artísticas e sociais como Oficina de Cultura e Campanha de combate a Dengue.
Para professora Célia Mirian Melo, coordenadora do evento, o envolvimento dos alunos foi a maior conquista. "Os mesmos atuaram em todas as etapas da ação, desde a obtenção dos alimentos - que foram doados às famílias - e roupas até a distribuição dos gêneros para a população atendida".
De acordo com o coordenador pedagógico da instituição, professor Jorge Ricardo Menezes da Silva, a educação tem o objetivo preparar o jovem para ser útil nas mais diversas esferas sociais. "A educação precisa assumir significado ou ficará vazia de importância".

sábado, 5 de abril de 2008

OLHARES SOBRE A EDUCAÇÃO PARA COMUNIDADE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Terminei os últimos apontamentos comentando sobre a alienação proporcionada pela tecnocracia, que no meu humilde ponto de vista não se resume à definição do dicionário, que atribui a esta o conceito de governo dos técnicos.

Atribuo a tecnocracia o conceito de gestão pelas e das tecnologias e neste sentido vivemos nós em uma sociedade impregnada de vários recursos que minha geração não conseguiu vislumbrar nos desenhos dos Jetsons e do Space Ghost.

Os Silvas, nós os silvícolas, os da região silvestre, os tupiniquins, vivemos e convivemos com grandes paradoxos. Se por um lado à inclusão social, assegurada por saúde, habitação e educação com qualidade, ainda não é uma realidade, a inclusão tecnológica é um fato, mesmo que de forma quimeroplástica, isto é, na plástica de quimera, o monstro mítico da Grécia antiga.

Nunca a sociedade brasileira e mundial teve acesso a tanta informação. Entretanto, na TV, no Ipod, no Mp3 e Mp4, no celular que filma, tira foto, grava voz, envia e recebe mensagens, na internet, e outros tantos veículos proporcionados pela telematização consegui-se traduzir informação em saber.

O que fazer diante de tanta tecnologia? Como lidar com este bombardeio de informações que tendem a banalizar questões tão sérias relativas a ecologia natural, social e humana?

Questionamentos que me inquietam. Indagações que me perturbam e que são capazes de me tirar de minha zona de conforto fazendo-me trilhar pelas relvas da sociologia da educação buscando construir caminhos.

Neste sentido ouso me aproximar de Martin Buber, que comunga da filosofia existencialista, e mergulhar no seio de suas proposições a respeito da educação que se concretiza pela pedagogia do diálogo.

O existencialismo propõe o homem, no plano individual e coletivo, como um ser único dotado de responsabilidades por seus atos e seu destino. Tal óptica nos leva a crença sedimentada de que somos frutos de nossas escolhas. Alguém duvida ou tem dúvidas disto?

A pedagogia do diálogo se nutre das relações interpessoais no sentido da construção das relações humanas e se alimenta da experiência das relações entre o cognoscente (sujeito da aprendizagem) e o cognoscível (objeto da aprendizagem).

Dados ao exposto, postulamos a educação para o protagonismo comunitário. Neste sentido esta educação não se permite mais ser teórica, academicista, propedêutica e bancária, se dar somente em ambientes formais por meio da memorização de fatos, de conceitos, fenômenos e procedimentos.

A educação para o protagonismo comunitário só é possível por meio do protagonismo comunitário. Para consecução deste protagonismo, a educação precisa assumir significado e ter significância, pois sem estes parâmetros fica vazia de importância e se perde como trabalho que visa transformar comportamentos.

A educação é fruto da relação educando & educador & comunidade se afirmando como desenvolvimento das capacidades com o que se convive na comunhão dos valores físicos, intelectuais, morais e espirituais por meio das relações interpessoais e intrapessoais.

A escola de ensino médio tem como função social de desenvolver no educando capacidades próprias de nosso momento histórico, tem de estar atrelada ao global e ao mesmo tempo ao local.

A complexidade curricular que dê conta destas exigências é atributo da docência, de modo a estruturar um conjunto de estratégias educativas que possibilitem um processo de ensino e de aprendizagem alinhados as conjunturas naturais, sociais, culturais e econômicas do mundo em que se vive.

Cada área curricular, cada disciplina, cada conteúdo precisa ter tratamento holístico e sistêmico de modo a dispor dos significados necessários a educação plena com forte ligação com as necessidades do educando isoladamente e em sua comunidade.

Os problemas de ecologia natural podem ser resolvidos ou pelo menos minimizados com a observância aos processos de degradação da natureza com a redução, o reaproveitamento e a reciclagem do lixo doméstico, com o uso racional da energia elétrica, com o uso racional da água, com o descarte adequado de materiais considerados não biodegradáveis tais como pilhas e baterias, e o plástico.
No campo da ecologia social as teias relacionais constituídas pela família, pela escola, pelo trabalho e pela religiosidade que tem como objeto o ser humano nas suas relações interpessoais e sua integração com o meio ambiente que se vive só vislumbrará melhorias qualitativas quando o saber conviver estimulado pela convivência permeado pela dialética forem paradigmas educacionais vivenciados ao longo da formação humana iniciada no lar e complementada pela escola.

Na área da ecologia humana há de se trabalhar a auto-estima e as relações intrapessoais, a satisfação das necessidades humanas, traduzidas por conquistas e frustrações, conduzindo ao saber ser e ao saber viver evidenciado pelo autoconhecimento das próprias potencialidades e dificuldades de modo a gerenciar suas emoções.

Neste solo que por muitas vezes revela-se como árido e desértico. Mas, há um enorme caminho a ser trilhado. Por vezes a fadiga do trabalho cotidiano nos conduz a pensarmos e até mesmo a praticarmos a educação bancária e propedêutica sem fim em si mesma. Mas, o sentimento que assola o verdadeiro educador é de realizar por meio de seu trabalho, que embora seja singular não é isolado, algo de importante na vida de seus educandos, os ensina-los a pensar e quem sabe fazer um mundo mais igualitário, com equidade e justiça social.

Os desafios impostos pelas conjunturas mundiais e locais estão aí, não adianta ter o comportamento da avestruz que diante das incertezas e das crises afunda sua cabeça como forma de proteção, mas deixa o corpo à mostra para ser devorado ou consumido pelos algozes predadores.

Há de se comportar como os gansos, que grasnam para o encorajamento do líder e se revezam na árdua tarefa de conduzir o grupo a locais mais aprazíveis quando chegado o frio e a falta de alimentos.

Há de se comportar como o beija-flor que mesmo diante do incêndio da floresta fez a sua parte no intento de apagar as chamas que consumiam o seu habitat, quando todos os outros fugiam.

Há de se comportar como a águia de modo a não se reduzir a galinha e quando necessária a renovação por mais dolorosa e sacrificante que seja ou pareça, trocar o bico, renovando suas principais ferramentas de trabalho, para conseguir sobreviver frente as adversidades da carreira.

É nesse modelo de educação e de educador muito mais que necessários que acreditamos e esta só será possível com olhares diferenciados sobre as práticas educativas, que não podem se reduzir apenas aos belos discursos, mas se revelarem no cotidiano escolar.
Você está disposto a correr este risco? Você está disposta a correr este risco?

sexta-feira, 28 de março de 2008

OLHARES SOBRE OS PARADIGMAS E A EDUCAÇÃO

OLHARES SOBRE OS PARADIGMAS E A EDUCAÇÃO
Por prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


De acordo com a legislação educacional brasileira, a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Esta é a argumentação legal que determina os princípios e os fins da educação nacional, conforme disposições do artigo segundo da lei de diretrizes e bases da educação nacional, lei 9394/96.

Observa-se que o ideário iluminista da revolução francesa ainda ecoa no pensamento político que modela a legislação nacional que, por sua vez, apontam os caminhos das políticas públicas do estado brasileiro.

O liberalismo francês é alicerçado nos valores sociais e morais de liberdade, igualdade e fraternidade. Tal ideologia pavimenta e sedimenta os caminhos, linhas e ações da sociedade, das práticas e das políticas.

Thomas Kuhn postula em sua obra “a estrutura das revoluções científicas”:

paradigma como uma constelação de conceitos, valores, percepções e práticas, adotados por uma comunidade. Em última instância, define a maneira como uma sociedade se organiza e se relaciona com o mundo ao seu redor. A amplitude do termo nem sempre é assimilada por quem o utiliza.

Tal pensamento nos remete a indagarmos a dicotomia entre o ideário pedagógico e a práxis escolar. Se por um lado os discursos estão impregnados da psicologização de Piaget e sua epistemologia genética, estágios de desenvolvimento intelectual, de Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal, de Roger e sua aprendizagem centrada na pessoa, de Freud e o desenvolvimento humano, por outro é notório que a prática é autocrática, cartesiana, disjuntiva e fragmentadora, multidisciplinar.

Indagamos por quê? Por que uma quantidade significativa de profissionais da educação são professores, na minha concepção tarefeiros da educação que simplesmente querem seguir a cartilha e não discuti-la, transformá-la e transgredi-la? Será que, como versa Marina Colassanti, a gente se acostumou?

Será que o modelo instrucionista está dando conta das demandas educacionais, sociais e laborais de nosso tempo? Será que a administração de conteúdos tem sido feito de forma construtivista ou os conceitos, procedimentos, hábitos e atitudes têm seus significados impostos aos educandos?

Será que a pedagogia tecnicista impregnada pelo fordismo/Taylorismo, nos moldes do pós-guerra, tem dado conta das necessidades, anseios e receios deste início de século?

Será que temas obsoletos, fragmentação do saber, educação propedêutica para o vestibular não está contribuindo para a formação de uma geração de alienados?

Em face de todos os questionamentos apresentados defendemos a bandeira de que a educação deve dispor de modelos que contribuam efetivamente com o seu tempo e com sua sociedade. Uma educação que valorize o saber, o saber fazer, o saber ser e o saber conviver.
Uma educação que supere a tecnocracia e o entorpecimento causado pelas tecnologias da informação. Uma escola feita de gente, para gente. Humanização da escola e hominização do professor já!
Esta é a palavra de ordem.

terça-feira, 25 de março de 2008

OLHARES SOBRE A TRANSDISCIPLINARIDADE

POR PROF MS JORGE RICARDO MENEZES DA SILVA

Vivemos tempos de transição do mecanicismo determinista de Renée Descartes por meio do “cogito, ergo sun – penso, logo existo” para a complexidade postulada por Edgar Morin e amparada pela teia da vida de Fritjof Capra e pela autopoiese de Maturana & Varela.

A causalidade revela-se incongruente com nosso tempo sócio-histórico, pois parte da premissa newtoniana de que a queda da maçã depende simplesmente da ação da gravidade. No cenário docente seria o mesmo que afirmar dentro de uma visão reducionista e disjuntiva que a aprendizagem do educando depende simplesmente de sua vontade em ensinar.

A complexidade é a maneira de enxergar os fenômenos naturais, sociais e humanos de forma transdisciplinar, isto é, como algo tecido em conjunto por uma série de fatores interligados que compõem a estrutura e a conjuntura da questão sob observação e análise.

No campo da educação significa que planejar e avaliar parâmetros tais como o ensino, a aprendizagem, a avaliação, o desempenho docente, o desempenho discente, o questionamento dos pais/responsáveis deve observar esta dinâmica: estrutura e conjuntura.

Capra postula a visão ecossistêmica de todos os eventos que compõem a Terra. Tal pensamento demonstra que o nobre filósofo observa a rede de relações que se estabelecem para consecução de uma ação, tanto que intitulou sua obra como teia da vida.

Seguindo esta trajetória, Maturana & Varela argumentam a autopoiese, isto é, a capacidade de criação, produção e reprodução de sistemas devido as suas características singulares e plurais. Uma sala de aula é isso, o encontro de singularidades para formação de pluralidades cognitivas, atitudinais e procedimentais.

O comportamental individual e coletivo de grupos humanos se revestem dos estímulos que o cenário proporciona. O compromisso do educando com o saber, de uma forma não determinística, revela as interações e as intervenções que os docentes, tal qual um corpo, de forma sistêmica, atuam no sentido da construção do conhecimento humano equilibrando racionalidade e afetividade com o objeto de estudo e com as componentes envolvidas ambiente, recursos didáticos e educandos.

A transdisciplinaridade, portanto, articula esta rede de relações da pós-modernidade buscando a compreensão da complexidade. A disciplinariridade curricular deve ser superada por meio da transversalidade, da contextualização e da interdisciplinaridade, na atuação individual de cada docente.

Assim sendo, a coletividade docente deve se revestir da transdisciplinaridade que une a ação educativa visando à formação humana e laboral no sentido de que nossos educandos encontrem na escola um espaço sintonizado com as demandas de nosso tempo. Educadores e educandos em teia, redes de educadores, redes de educandos. Trabalho em equipe, times de trabalho, aprender a conviver, viver em diversidade, respeito ao outro.

A perspectiva de atuação transdisciplinar exige do educador uma nova postura. Postura esta que exige comprometimento com sua própria formação e a construção de uma sociedade mais humana.

Quem tem disposição, vontade e uma forte dose de utopia que compre esta idéia. Quem não tem continue a culpar o educando, a família, a escola, a sociedade, o governo, o sistema. Ah! É mais fácil ir para outro planeta.

sexta-feira, 14 de março de 2008

OLHARES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

POR PROF MS JORGE RICARDO MENEZES DA SILVA

"Toda a nossa vida não é mais do que uma permanente tentativa de comunhão com os outros”.
Thomas Bernhard



A laboralidade docente, como já é de notório saber, não se reduz ao trabalho de sala de aula, simplesmente. A trabalho do educador deve estar revestido de conscientização, isto é, consciência somatizada à ação. A reflexão em voga se reveste da pedagogia da práxis, que encontramos definida por Gadotti:


“A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, entende-os como inerentes à existência humana, explicita-os, convive com a contradição e o conflito. Ela se inspira na dialética. O referencial maior dessa pedagogia é o conceito de práxis. Práxis, em grego, significa literalmente ação...”
“A pedagogia da práxis pretende ser uma pedagogia para educação transformadora. Ela radica numa antropologia que considera o homem um ser incompleto, inconcluso e inacabado e, por isso, um ser criador, sujeito da história, que se transforma na medida mesma em que transforma o mundo”.


Em nossa perspectiva de ação, inspirada pela dialética, conforme elocubração de Darcy Ribeiro na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, cabe ao docente participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional, pois nestes espaços de comunhão nós educadores podemos refletir e idealizarmos práticas docentes sintonizadas as demandas sociais da escola pós-moderna.

Nesta escola temos que investir na perspectiva da formação das redes de trabalho, o network pregado pelos novos paradigmas das relações humanas no trabalho. O network é nada mais nada menos que a teia de relações que estabelecemos em nossa vida, seja no campo pessoal, seja no campo profissional.

A organização do trabalho docente é assim mesmo, unindo aspectos aparentemente divergentes, cristã (amai-vos uns aos outros), comunista (regime social onde existe uma igual distribuição de riqueza e a propriedade comum de todos os bens), holística (maneira de ver o mundo, o homem e a vida em si como entidades únicas, completas e intimamente associadas) e complexa (corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação da infinidade de sistemas e fenômenos que compõem o mundo).

Com base no exposto não podemos ter nem o pensamento e muita menos a ação reducionista, fragmentada e disjuntiva. Nosso fórum de atuação é a sala de aula e esta sala de aula se cobre do manto da interação profissional e acadêmica e tal possibilidade se constrói pelo encontro de pessoas, de modo que possam efetivar a comunhão, a discussão dos aspectos convergentes e divergentes que se estabelecem no âmbito escolar.

O compromisso docente é este. Participar ativamente, opinar, ouvir, compartilhar experiências, estar receptivo. Assim se constrói uma escola de qualidade, uma sociedade melhor e um mundo mais humano.

Você é ou está comprometido com estas idéias?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

OLHARES SOBRE OS PRINCÍPIOS DA REALIDADE E DO PRAZER FREUDIANOS NA SALA DE AULA

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva


Freud dispensa apresentações, mas é claro que não posso me furtar em discorrer algumas considerações sobre ele. Considerado um expoente da psicanálise por seus estudos sobre a psique humana sua abordagem sempre provoca discussão sobre questões polêmicas do funcionamento da mente.

É justamente esta linha que me inquieta e mexe literalmente com meus esquemas de entendimento sobre a inteligência humana. Quero satisfazer minha imperante curiosidade de como o ser humano aprende, como entendemos as questões mais simples e as mais complexas, de como somos motivados a aprender.

Ora, esta é uma questão extremamente objetiva para quem quer de fato educar. É sabido que para que possamos ensinar é preciso que o educando queira aprender, ele precisa estar motivado. O simples fato de ele estar na sala de aula não garante o aprender, e isto nós já sabemos.

Também, sabemos que os conteúdos ministrados não são administrados a colheradas na forma de xarope. O cenário deve ser favorável, deve estimular. O educador deve ser ator, cenógrafo e contra-regra de modo a criar um clima afetivo ao desenvolvimento humano que quer proporcionar com os saberes que serão socializados. Isto não quer dizer que tudo tem que ser fácil.

Lembro que nós educadores somos pelo menos uma tríade. Por vezes somos o penhasco a ser escalado, em outras a corda que possibilita a escalada e em outros momentos a mão amiga que ajuda a tracionar o escalador.

Somos facilitadores e, também dificultadores, aqueles que contribuem na construção da personalidade humana, aqueles que tiram o educando da condição de coadjuvante para protagonista da edificação de sua própria existência. Esta é uma das exigências da construção da autonomia. O meu famoso DTJ – dá teu jeito, faz parte, concordam? Só não pode ser um DTJ sem orientação e mediação pedagógica, as estratégias precisam ser combinadas.

Esta postura tira o aluno da zona de conforto, da acomodação, da passividade. É justamente este desconforto que cria o desequilíbrio que conduzirá o educando ao pensar, ao agir, a mudança de comportamento, ao fazer, objetivo maior da educação.

Precisamos admitir que o desejo e a sedução fazem parte do cotidiano da sala de aula. O educador tem papel incisivo na edificação do desejo de saber do educando. Não a permissividade, não a tirania e sim a coerência e ao bom senso.

Nossos educandos estão impregnados pelo princípio do prazer, das respostas imediatistas, da impulsividade sendo regulados pelos nossos instintos, pelo id, muitos de nós também. Isto em uma sociedade onde impera a permissividade e a banalização de direitos sem a equidade com os deveres e com a ética, fato que conduz a comportamentos nocivos sob a óptica da sociabilidade.

O principio da realidade se estrutura nas relações interpessoais, na descoberta de nossas limitações, e se parametriza na assertativa que meu direito termina onde começa o direito de outrem. É a ação do superego sobre o ego, de nossas crenças acomodadas em nossa psique sobre nossas atitudes.O desafio é esse. Entender o complexo cenário da mente humana e daí estruturarmos estratégias para dialogar com nossos jovens.
Vai encarar?

sábado, 15 de dezembro de 2007

Olhares sobre as Relações de Poder na Sala de Aula na Óptica Foucaultiana

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A relação professor & aluno é algo extremamente intrigante. O que leva uns professores serem especialistas em educação a distância mesmo estando em sala de aula? O que leva outros a serem sedutores e capazes de provocar a inquietação de modo que os jovens são mobilizados pelo discurso e não vêem a hora daquela aula?

A resposta é simples: afetividade. Aquele professor que mobiliza e seduz o jovem para aula é educador. Reveste sua prática cognitiva em esferas procedimentais e atitudinais, tempero necessário que ativa os olhos, os ouvidos, o tato, o olfato e o paladar, conduzindo ao mundo complexo do saber.

A receita de Marx é clara: “a história da sociedade é a história da luta de classes”. Educadores e educandos em sala de aula fazem deste espaço uma microfísica do poder, repetem modelos em micro escala da práxis social arraigada nas relações interpessoais de dominação com a existência de dominantes e dominados.

Freire argumenta que só existe opressor porque aquele existe que se submete a opressão e ocupa passivamente o lugar do oprimido. Aí esta a burguesia, a oprimida no feudalismo e a opressora no capitalismo. Será este um comportamento natural ou uma construção social?

Foucault nos leva a refletir sobre a soberania, tirania, autoridade e autoritarismo nas relações de sala de aula. O professor com sede e gana de poder se coloca na mítica condição de um deus, acima do bem e do mal, ele tudo pode, não pode ser questionado em suas decisões pelos pobres mortais, que são os alunos, isto mesmo a – lunos, sem – luz.

Sob esta égide, o professor (diferente do educador) submete o aluno (diferente de educando) a um processo – Contrato social empírico que se alicerça e parametriza em subversão por meio da coação e privação, de obrigações e interdições. Se algo sob o olhar do “todo-poderoso” foge ao padrão estabelecido, que sequer fora combinado, o peso do martelo de Thor (como um justo juiz) atua e o professor exclui, expulsa de sala, suspende de aula o aluno-infrator.

Ora, o que é isso? Que escola é esta? Um sistema prisional, que não recupera e muito menos educa ninguém, disfarçado? Este direito de punir se reveste sob a ética da defesa da manutenção do controle social. Mas, que controle é este se não há contrato? Se há contrato, como ele é mediado?

É claro que defendo a ordem e a disciplina. Mas defendo também a liberdade. Sou um democrata, não um tirano, onde tudo é proibido, ou um anarquista, onde tudo é permitido.
Portanto, se faz necessário avaliar de forma sistêmica e holística as ações docentes. Não se trata de uma acusação e sim de assumir posturas e responsabilidades.

O que leva um educador a encaminhar um educando a OE/Coordenação/Direção? Será que foram esgotados todos os recursos dialéticos pelo educador de modo a encaminhar um educando somente em casos necessários e onde a manutenção da ordem em sala esteja abalada? Encaminhar alunos desmedidamente não é ação prematura e uma transferência da responsabilidade da gestão da sala a outrem?
Os limites são necessários. Todavia, é uma estrada de mão dupla e não uma via de mão única.