segunda-feira, 30 de março de 2009

Olhares sobre os Problemas de Ecologia Urbana no Rio de Janeiro


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva
Sou morador de Paciência, um dos bairros do subúrbio da Zona Oeste desta cidade que se intitula maravilhosa. Tentei reunir aspectos que tornam uma cidade maravilhosa e tudo que consegui enxergar aqui foi passividade, descaso e problemas de gestão pública.
Passividade sim, a população se coloca sempre na condição de oprimida, mas se existem oprimidos é porque existem opressores e se existem opressores é porque alguém por uso da força se deixa oprimir. Esta força pode advir de poderes públicos e mais recentemente, também, do dito poder paralelo, que tem seus códigos e até tribunais.
Vivemos em um estado total de alienação gerado por tempos de educação alienante pautada na memorização e no registro dos saberes acumulados. Observamos passivamente, no dia 21 de janeiro, 3 horas de engarrafamento no Centro do Rio da Avenida Presidente Vargas, da frente do monumento dedicado a Duque de Caxias, na central do Brasil, a estação da Leopoldina, na avenida Francisco Bicalho, um trajeto de 5 minutos. O centro da cidade todo parado e queremos ser sede de Jogos Olímpicos...
O problema: águas pluviais, chuva, choveu forte. Entretanto, não foram chuvas torrenciais. Diante disso o que fez a população após um dia de trabalho? Buscou alternativas para retornar ao refúgio do lar. Uma reclamação aqui, outra acolá e caiu no esquecimento porque existem outros problemas.
Na segunda feira, dia 26 de janeiro foi o dia de Campo Grande e Adjacências vivenciarem o seu dilúvio em particular. Pistas totalmente alagadas, carros enguiçados, translados impedidos e horas a fio a fim do ir e vir em trajetos que demoram 15 ou 20 minutos, no máximo.
Por que o descaso? Porque incontáveis pessoas continuam sem fazer o trabalho de casa, a questão básica é educação, com a cheia do rio Cabuçu junto a rua Arthur Rios em Campo Grande, observamos expressiva camada de lixo acumulado junto as pontes e as tubulações. Quem causa o problema? A população, praticamente a mesma vitimada pelas cheias e que perdem seus pertencem quando as águas dos leitos dos rios tomam suas várzeas naturais que foram invadidas pelo homem.
Por fim, por que é um problema de gestão pública? Porque cabe ao estado e ao poder público instituído dentro das premissas da democracia gerir esta cidade, este estado e este país com dignidade. Se há problemas de ecologia social e urbana, ações de educação comunitária devem ser objeto de socialização nas escolas para os alunos e principalmente para suas famílias. Este é um aspecto.
Outro aspecto é o da manutenção da rede destinada as águas pluviais. O impacto das chuvas na Leopoldina e adjacências no dia 21 de janeiro, na Avenida Cesário de Melo e na Rua Gramado próximo ao cemitério de Campo Grande, no dia 26 de janeiro teve efeitos com elevação exponencial devido a falta de manutenção em bueiros.
A qualidade, parâmetro que deve alicerçar a produção de bens e serviços, na sociedade do conhecimento prescreve que a manutenção é estratégica para redução de custos e dos impactos causados por quebras ou defeitos. Indica-se na atualidade que as formas preventiva e preditiva de manutenção elevam a produtividade e a satisfação do cliente.
Choque de gestão? Se faz necessário. Mas, em todos os aspectos da gestão pública

OLHARES SOBRE A APRENDIZAGEM DOS EDUCADORES

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

“Não é a melhor estratégia os professores ficarem falando o tempo todo; pelo contrário, eles devem fazer a classe a contar o que sabe... É sábio educador aquele que procura desafiar a habilidade e os poderes do aluno, em vez de esforçar-se o tempo todo para dar a lição.”

Ellen White

Ensinar é transferir conhecimentos? Paulo Freire certamente e acertadamente já nos revelou uma resposta a esta questão em sua pedagogia da autonomia. Pois, se ensinar fosse transferir conhecimentos não precisaríamos de professores e da educação presencial. Os livros, as revistas, a internet, a TV são fortes instrumentos de socialização de conhecimentos. Contudo, não são ferramentas capazes de educar plenamente, simplesmente porque não são dialéticos e se não permitem o diálogo mais profundo não conferem de fato competência. Se resumem, apenas como fortes estímulos a memorização.
Autonomia. Autonomia? Autonomia, eis a questão. Realmente objeto Shakespeariano. É de suma importância para o educador entender e aplicar os conceitos na educação, neste sentido, o significado de autonomia é encontrado junto aos gregos onde autos significa por si só e nomós significa norma. Portanto, nossa leitura do termo composto autonomia reside em afirmar que este se traduz como sendo a capacidade da pessoa em tomar suas decisões balizada na ética e no principio da sociabilidade.
A grande questão é exercemos nossa autonomia? A nossa docência emprega no ensinar e no aprender a autonomia?
Se sua resposta for positiva, parabéns! Se sua resposta for negativa você não está contribuindo para a construção de uma sociedade democrática. Parece ser acusatória minha impressão neste momento, mas não o é. De fato minha argumentação é responsabilizatória. Como assim? Parto da premissa que é de responsabilidade docente a educação em toda sua multiplicidade: cognição, psicomotricidade e afetividade, que se resume no saber aprender, no saber fazer/agir, no saber ser e no saber conviver.
Se acaso não está agregado a cultura docente o trabalho autônomo, como poderá este educador disseminar autonomia? Se o educador não é empreendedor e proativo como despertar no educando estes valores?
Por estas e outras razões é tão importante a aprendizagem do educador. Educadores que dominam as múltiplas linguagens, que compreendem os fenômenos pedagógicos e psicológicos envolvidos na aprendizagem, que enfrentam as situações problema tais como salas superlotadas bem como a falta de valorização monetária e moral, que mesmo diante das adversidades tem uma argumentação pautada na utopia docente de que sua atuação contribui para melhoria qualitativa da pessoa possibilitando a hominização do homem, que ainda sim apresenta e realiza propostas de intervenção na realidade porque tem fé na vida, fé no homem e fé no que virá, são exemplos impares de pessoas que sabem o porque estamos e de estarmos aqui e fazem a diferença.
Vamos lá, a hora é essa! Porque o tempo urge e a Sapucaí é grande...

OLHARES SOBRE O EXERCÍCIO DOCENTE NA CONTEMPORANEIDADE


Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva
(...) o professor precisa perceber-se como um ser inacabado, durante toda sua vida profissional estará construindo sua formação. Formação que acontece no dia-a-dia com a participação de todos os componentes da escola, com o aprofundamento dos saberes científicos percebendo-se como um ser social que poderá intervir no ambiente buscando sempre ação-reflexão-ação. Sendo assim, a formação é um processo que tem início, mas nunca terá um fim, pois é inconcluso. Essa inconclusão, esse inacabamento do ser, possibilitará a formação e reformação constante(...)
Rego et all

Ser professor é uma missão de vida ou um ofício profissional escolhido? Para os utópicos é uma atividade revestida da aura da socialização de saberes construídos pela humanidade com a finalidade da construção/reconstrução da sociedade. Para aqueles que acreditam que é um ofício, se trata simplesmente do profissional capaz de transferir conhecimento para seus não iluminados, alunos-sem luz.
A educação é um aparelho social que tem como função efetuar a manutenção dos padrões e convenções sociais. Na minha humilde leitura, manutenção não se reduz simplesmente à conservação. Manutenção se reveste de ações corretivas, preventivas e preditivas com vista ao perfeito equilíbrio funcional de um sistema seja ele natural ou social.Infelizmente, a sociedade num caráter mais amplo, e a educação em nosso fórum de debates e reflexões, não se prepararam para as mudanças estruturais e conjunturais moldadas pela tecnocracia impregnada pelo capitalismo dominante moldado pela economia mundial.
Fala-se em globalização, mas a planetaridade tem sido colocada em segundo plano. A economia planetária está em ruínas, fruto do espírito corrompido de uma humanidade sem ética, sem valores, sem escolas, sem família.
Vivemos na terra de Siricy, onde cada um cuida de si e se for dente por dente, olho por olho, acabaremos banguelas e cegos.Por tudo isso, não como palmatória do mundo e muito menos como tábula de salvação, a escola surge como ambiente para reconstrução salutar da humanidade rumo a hominização.
O saber pelo saber por si só tem enterrado a humanidade, pois a cognição pela cognição tem produzido frutos podres que não servem para dieta humana, não alimentam o corpo e muito menos a alma. Estamos a beira do abismo e atônitos buscando encontrar algo ou alguém que nos sirva de ancoradouro para amarrarmos nossa embarcação.
É preciso de educadores líderes e o líder se revela pela sua autoridade, onde liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas. Ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam através delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo – a tarefa e o relacionamento(...) a chave para liderança é executar tarefas enquanto se constroem relacionamentos. Essa é a narrativa de James Hunter nos apontando rumos para sermos pessoas/educadores melhores.
A receita de Jesus Cristo é mais enfática:
Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar deve servir.

Em tempos da quaresma cristã, uma reflexão é importante: Você dedicaria sua vida para salvar a humanidade?

OLHARES SOBRE O PAPEL DA ESCOLA EM TEMPOS DE BARBÁRIE

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auschwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige toda a educação. Fala-se da ameaça de uma regressão à barbárie. Mas não se trata de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a barbárie continuará existindo enquanto persistirem no que têm de fundamental as condições que geram esta regressão. E isto que apavora. Apesar da não-visibilidade atual dos infortúnios, a pressão social continua se impondo. Ela impele as pessoas em direção ao que é indescritível e que, nos termos da história mundial, culminaria em Auschwitz. Dentre os conhecimentos proporcionados por Freud, efetivamente relacionados inclusive à cultura e à sociologia, um dos mais perspicazes parece-me ser aquele de que a civilização, por seu turno, origina e fortalece progressivamente o que é anticivilizatório. Justamente no que diz respeito a Auschwitz, os seus ensaios. O mal-estar na cultura e Psicologia de massas e análise do eu mereceriam a mais ampla divulgação. Se a barbárie encontra-se no próprio principio civilizatório, então pretender se opor a isso tem algo de desesperador.

Adorno

Prezados amigos educadores, incontáveis condições sociais objetivas, dentre elas podemos destacar a ausência de políticas públicas de educação, saúde e habitação que representassem uma solução que tratasse com a devida seriedade os tumores sociais causados pela inexistência de planos de urbanização, empurraram a humanidade para a barbárie. Se faz notória em todos os recantos de nossa cidade, como uma amostra do que acontece em nosso país e em outros cantos do mundo, a emergente falta de valor a dignidade humana que tem sido a grande tônica dos noticiários na TV, nos jornais impressos, no rádio e na internet.
Infelizmente vivemos em um mundo de contradições onde condições geopolíticas comparáveis à Suécia se confrontam com outras comparáveis as ocorrências emblemáticas das experiencias sudanesas de uma guerra infindável, de valores invertidos, de interesses pessoais. Não estou falando de outro lugar do mundo, estou falando do Rio de Janeiro, da cidade que poeticamente foi apelidada de Cidade Maravilhosa.

Há dezenove carnavais atrás, o bom e velho Império Serrano cantou em prosa e verso queria novamente ver o Rio dono do samba e do grande futebol, ter um forte banco na praça e que não fosse comitê eleitoral. Os símbolos culturais que se perderam de uma cidade em que a expansão populacional se deu na forma de progressão geométrica, com problemas crônicos, os já citados anteriormente, e de transporte, atualmente dominado por transporte alternativo, onde o que poderia ser uma alternativa virou regra, atendendo interesses à moda de Harry Potter, daquele que não pode ser nomeado.

Com problemas de violência, que ficava dentro das comunidades, se avolumou e hoje as comunidades, tal quais as cidades-estado da antiguidade tem seus tribunais e conjunto de leis, que enquanto estavam no âmbito interno e não afetavam aos que vivem sob a tutela parcial ou total do estado, se fizeram de cegos. Hoje a barbárie, fecha o comércio, pára os transportes, suspendem as aulas, atacam delegacias e até invadem quartéis. O movimento social é comparável as rupturas ocorridas no advento da idade média, onde os excluídos no império romano fissuraram a estruturas da ordem política vigente, que tal como nossa sociedade massacravam minorias e os mantinham na condição marginal. Resultado disso tudo, a história nos conta. Entretanto, não aprendemos a lição.
Nós os educadores, temos que avançar para além da perplexidade, precisamos agir como corpo docente, de forma racional e sistêmica, contribuindo naquilo que nos compete, que é a educação no sentido de criar laços de afetividade. Modelos de violência moral tais como o da chantagem (se vocês não se comportarem vou fazer uma prova de arrebentar), o do desespero/desequilíbrio (vou mostrar quem manda aqui!Fora de sala. Ou Você ou eu) e o da crueldade (você é burro assim mesmo ou fez cursinho) não são mais cabíveis.

Devemos investir nas relações interpessoais, valorizando potencialidades cognitivas e afetivas, hábitos e atitudes que façam emergir a pessoa humana que habita o âmago de cada educando.
Devemos investir na compreensão do outro, na percepção das interdependências, na cooperação mútua, no exercício do falar e no ouvir, no respeito a si próprio e ao outro, na compreensão da pluralidade de idéias e concepções.

Um bom modelo a ser seguido é o da professora Erin Gruwell, narrado no filme Escritores da Liberdade, que diante de um cenário de exclusão e discriminação a adolescentes vítimas das turbulências sociais, como gangues, drogas e fragmentação da família, consegue sobrepujar incontáveis adversidades e transformar seus alunos em gente, hominizar os humanos.

Para finalizar, Gonzaguinha deixa a receita:

Ontem o menino que brincava me falou
Que hoje é semente do amanhã
Para não ter medo que esse tempo vai passar
Não se desespere não, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo
Nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será

Despeço-me no espírito de Fernando Pessoa, que nos indica que navegar é preciso, com o propósito de engrandecer a pátria e contribuir para evolução da humanidade.