sexta-feira, 30 de novembro de 2007

OLHARES SOBRE A COGNIÇÃO

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

O conhecimento é aquilo que deve ser considerado como os domínios entre as crenças e a verdade que o sujeito aprendente(cognoscente) estabelece com objeto a ser aprendido(cognoscível). O conhecimento supera as crenças porque ele é racionalmente justificado e comprovado, não se tratando de uma questão de fé. O conhecimento é crença verdadeira e justificada por meio da ciência.

O conhecimento não pode ser reduzido de forma simplista e disjuntiva a uma coletânea de informações. O conhecimento é uma construção sócio-histórica que responde às necessidades, expectativas e desejos da sociedade, não estando isolado da cultura e dos movimentos sociais de seu tempo.

A cognição explicita o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.

A atenção discrimina o processo cognitivo pelo qual a mente direciona e seleciona estímulos, estabelecendo conectividade entre eles.

A percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, obtidos pelos sentidos: visão, tato, olfato, audição, paladar, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção o ser estabelece relações entre suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. De premissas chegamos a conclusões.

Juízo é o processo que conduz ao estabelecimento das relações significativas entre conceitos, que conduzem ao pensamento lógico objetivando alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente as necessidades do momento. E julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos a fim de estabelecer uma escolha.

Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo aquelas qualidades dos mesmos que são dadas à mente através dos sentidos.

Pensamento é um processo mental que permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efetiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e idéias revela justamente a vontade deste.O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem. O pensamento é construtor e construtivo do conhecimento.

Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos humanos, e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos.

Entendidos, conceitualmente, os instrumentos que revelam a cognição é necessário compreender porque determinadas propostas didáticas não criam vínculos com os educandos. Não criam vínculos porque não tem significado e significância com seu cotidiano. Não criam vínculos porque não revelam sintonia com o momento sócio-cultural infanto-juvenil. Não criam vínculos por problemas de linguagem, que está distante, inadequada ou incongruente com sua forma de ler o mundo e, por isso, não consegue levar ao pensamento, a abstração, ao estabelecimento de juízos, ao estímulo de percepções, ao chamar e ao prender a atenção e não conecta ou estimula o registro ou a consulta à memória.

O inatismo, uma das teorias do conhecimento da educação, se revela radical e distante dos propósitos educacionais deste início de século, porque postula que as capacidades intelectuais são congênitas, podendo ser desenvolvidas pela educação. O empirismo, outra teoria, também, se revela radical e afastada das recentes postulações e estudos da psicologia da aprendizagem, pois considera o ser humano como uma tábua rasa e por isso isento de traços sociais, psicológicos, biológicos, físicos e espirituais que conformam o seu âmago.

Uma teoria com forte aceitação junto ao meio educacional brasileiro é o socioconstrutivismo ou sociointeracionismo que apresenta a somatização dos aspectos convergentes, paralelos e transversais das concepções piagetianas e Vygotskyanas valorando e explorando as perspectivas da construção do conhecimento com a amplitude óptica social e cultural dentro de uma olhar histórico, sintonizado com a realidade contextual humana local e global.

Como vai a cognição em sua aula?

sábado, 24 de novembro de 2007

MATÉRIA NA COLUNA DOS COLÉGIOS - FD


Soluções são apresentadas pelos alunos da Eterj

22/11/2007
Luciana Rosário
Buscar novas formas para resolver problemas do cotidiano, através das invenções dos estudantes. Este foi o principal objetivo da direção da Escola Técnica do Rio de Janeiro (Eterj), em Santíssimo, ao realizar a Feira de Ciências e Informação Profissional (Fecip).A abertura da Fecip foi na última quarta-feira, 21 de novembro, e contou com a presença de representantes de Furnas Centrais Elétricas, pais de estudantes e de um vereador local. Os visitantes puderam conferir os cerca de 120 projetos do ensino médio técnico e os 15 do ensino fundamental. Todos os alunos da escola técnica estão participando do evento, são cerca de 1700 jovens.O evento, que vai até sábado, 24, é aberto e a entrada é franca, mas a instituição pede que os visitantes levam uma lata de leite em pó, para ajudar na campanha "Um Natal para Todos". De acordo com o diretor da instituição, Jorge Menezes, educar pela pesquisa é uma das premissas da Eterj. "Nada melhor do que o estudante fazer a construção do seu próprio conhecimento com a mediação do professores, que vão ajudar a mostrar os caminhos. Pedimos que eles apresentem soluções para problemas do cotidiano. O interessante é vê-los buscando soluções", comentou o professor. Um dos projetos que chama atenção na Feira da escola é a "Cadeirama". Uma cadeira de rodas que pode ficar em um ângulo de até 180º para facilitar a remoção do cadeirante para a cama, ou vice-versa. "Mais uma vez, eles pensaram no problema dos acompanhantes dessas pessoas que necessitam de cadeiras de roda, como enfermeiras e familiares. Atualmente, eles precisam fazer muita força para levantar essas pessoas da cama e colocá-las nas cadeiras de roda. O projeto visa facilitar esse trabalho", afirmou o professor Jorge.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

OLHARES SOBRE O ANALFABETISMO FUNCIONAL

Por Prof Ms Jorge Ricardo Menezes da Silva

Quando estou em atuação docente me assusto com os sérios problemas de leitura, escrita e de interpretação que os jovens educandos apresentam. É claro que sou sabedor que nem todos os jovens apresentarão a desenvoltura e a maestria dos escritores e dos literatos.

Entretanto, se faz necessário o domínio das linguagens em geral, e o domínio da norma culta da lingua portuguesa em particular, pois esta é encarada como uma competência básica para o exercício da cidadania no século XXI. O que me deixa perplexo é a pobreza vocabular e a inexpressiva autonomia intelectual demonstradas nos diálogos e nos escritos de nossos jovens.

A minha maior preocupação refere-se que estes jovens estão chegando com estas dificuldades ao ensino superior. Tal fato me escandaliza por um outro, a formação em nível superior de pessoas crítico reprodutivistas de um sistema. Está cada vez mais difícil encontrar seres pensantes.

Os moldes de uma educação que se baliza na superficialidade da conceituação, que não se aprofunda na discussão, que não corrige erros de posturas comportamentais, que não ensina a viver e conviver em sociedade, está cada vez mais gerando ilhas e acentuando tribalismos.

Esta é a forma mais perversa de exclusão que se tem promovido. Estatisticamente, os índices que satisfazem os organismos internacionais e as linhas de financiamento para a escola pública brasileira se elevaram quantitativamente. Escolas têm sido dotadas de recursos materiais, Internet, recurso multimídia como se os equipamentos fossem responsáveis pela educação de nossos jovens. Como se tal ação isoladamente agregasse qualidade ao trabalho educativo.

A educação se constitui pela presença de educador e educando, onde o primeiro, não como douto ou dono do saber, mas como mediador, atua de forma a contribuir para o desenvolvimento humano nas esferas cognitivo, psicomotora e afetiva, de forma eqüilátera e harmônica. É preciso, salutar e necessário se investir no professor.

Diante dos fatos, como lidar e combater a perversidade que intitula e não garante a qualidade da formação. Mais uma vez a solução está com o educador. Somos nós que devemos promover as maiores revoluções que a sociedade urge. Não podemos mais nos calar, porque senão estaremos fadados à escravidão moral e intelectual. Bertold Brecht nos indica em poesia:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
É PRECISO AGIR

Até quando permitiremos que sejamos violentados, violados, vampirizados e ainda assim nos mantermos inertes diante de políticas públicas que aniquilam a juventude e acentuam ainda mais os abismos sociais criando uma geração de alienados que servirão apenas como serviçais cibernéticos numa sociedade que prima pelo conhecimento (saber fazer e saber agir) e não pela informação (saber).

Que país é este? Que governo é este? Que nação é esta? Que sociedade é esta? Que escola é esta? Que educador é este?

A educação é a chave da revolução e o educador é o chaveiro.
Eu acredito nisso. E você?